DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA



Durval Carvalhal



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               É inacreditável como muita gente repete eloquentemente a enjoativa cantilena da desnecessidade de se comemorar o DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA. Parodiando Ortega Y Gasset, o homem é ele mesmo e suas circunstâncias.
               Trata-se de um simples e terno convite à reflexão coletiva em um mundo dilacerado e doentio, cuja maioria da humanidade, burramente, desconhece a beleza da variedade animal na natureza.
               Há comemorações a mancheia: dia do Solteiro, das Crianças, do Black Friday, do Carteiro, do Mágico, do Publicitário, da Amizade, do Livro Didático, do Turismo, da Oração, do Sogro... Tudo é alegremente comemorado; mas, só o histórico dia Da Consciência Negra incomoda. Por quê?
               Como pode uma pessoa de pele clara chamar uma pessoa de pele escura de macaco? É não olhar para o próprio rabo, como diz o ditado popular, posto que os primatas também são coloridos: macaco preto, marrom e branco. É ou não é uma doída demonstração de burrice?
               Pelos seus pares, um cão negro, um gato negro, um boi negro, um macaco negro, uma cobra preta não são descriminados e humilhados pela cor da pele. Só o tosco ser humano é capaz de uma barbaridade desse quilate. Isso é burrice geográfica e biológica.
               Esse argumento de que "não precisamos de um dia da consciência negra" é de uma tolice medonha. Dá vontade de chorar. Sabe-se que o fenômeno da escravidão é antiquíssimo. Tribos vencedores tinham, como hábito, escravizar tribos perdedoras. Mas, em pleno século XXI...
               Pratique-se a alteridade e ver-se-á que quem não luta por seus direitos é indigno deles. Quem bate esquece; quem apanha lembra. É preciso ser desprovido de sensibilidade e humanidade para não se contrapor a esse comportamento doentio do ser dito humano.
               No mundo democrático, todos têm o direito de protestar, de se manifestar, de gritar, de aplaudir, de vaiar; mas, o negro, não! Não é piada de mau gosto?
Negar a grande importância histórica de se refletir no dia da Consciência Negra, não deixa de ser uma forma recôndita, sutil, imperceptível e covarde de racismo? Penso que sim! Pessoas dignas e responsáveis tem coisas mais sérias para se preocupar, não?
Durval Carvalhal
Enviado por Durval Carvalhal em 19/11/2019
Reeditado em 19/11/2019
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