POVO DESCARTÁVEL - SUBSTITUTO E IMOLADO.

POVO DESCARTÁVEL, SUBSTITUTO E IMOLADO.

Por VALÉRIA GUERRA REITER

Ser ou ter: eis a questão? É o nome de um conto meu publicado no livro que concorreu ao prêmio Jabuti: Expectativas e Contos. A condição humana está sendo subvertida, a partir do momento que “coisificaram” as pessoas, e “humanizaram” as coisas.

A Revolução Industrial indubitavelmente deu ponta pé inicial neste tipo de relação fria e calculista; as pessoas não amam mais, elas apenas realizam o escambo capital. Não trocamos um feixe de cana de açúcar por um colar de esmeralda; e um simples “bom dia”, ou “boa noite” passou a ser moeda de troca.

Alcançamos um nível de refrigério social, que nos acomoda atrás de um novo deus: A internet.

Claro que tal divindade tem seu lado positivo, porém a escravização ou dependência total a este novo totem, não pode ser a diretriz de nossa jornada social. De forma equilibrada deveria ser a instrumentalização aliada à nossa criatividade com a finalidade de religação ao próximo de maneira social, educacional e humanitária: em tempo real, apenas.

Tom Greer precisa decidir quem é real, ou quem é apenas um andróide substituto; e por isto então sua humanidade é posta à prova. Bruce Willis na pele do investigador Tom encarna aquilo que vivemos nesta fase da quarta Revolução Industrial, que confunde avanço tecnológico universal com avanço tecnológico exploratório - portanto não se importando com a vida ou com a morte; mas sim com a praticidade dos altos comandos burgueses que ditam as regras de um jogo que faz do Capitalismo a mais sagrada religião do orbe.

Os seres humanos estão sendo descartados como jamais foram. A filosofia tenta há milênios explicar o comportamento do Homem, inclusive do ponto de vista político, fica evidente que a mentira sempre foi um artifício interpessoal básico do tecido humano ao longo das épocas; porém neste século ela (a mentira) ruma para uma institucionalização.

Na contemporaneidade nacional o logotipo político é fake; as conquistas são fakes, e a verdade é relativizada e isto institucionaliza a “meia culpa” como arquétipo de bem viver.

O povo brasileiro em variados níveis de escolarização já realiza e traz “juízos de valor” (historicamente pré-concebidos e entronizados) no seu intelecto e personalidade. Por exemplo, quando cursava HISTÓRIA, uma colega me sinalizou algo sobre tempo decorrido da seguinte forma: Vamos então marcar um diálogo por whatsapp após o Jornal Nacional, ok? E eu resolvi não permitir que tal alienação passasse em branco e respondi: - IH, NÃO ASSISTO AO JORNAL NACIONAL.

Na maioria das vezes estamos nos pautando por preconceitos e não conceitos, e em consequência mergulhamos em uma gravíssima crise econômica, cultural, educacional, ambiental (vide as últimas acusações feitas pelo ministro do Meio Ambiente contra o Greenpeace, na data de ontem): todo este quadro é alarmante e vem excluindo vidas e sonhos. Há saídas estruturantes para remover este pano de fundo mediocrizado que subjuga e imola o povo brasileiro, que se vê em palpos de aranha; sob uma condição colonial em solo assenhoreado por Capitães-do-mato que gastam Três milhões e meio de um dito cartão corporativo e se dizem os grandes redentores da corrupção no Brasil.Uma destas saídas é assistir a TV 247.

Valéria Guerra
Enviado por Valéria Guerra em 26/10/2019
Código do texto: T6779920
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