Precisar e Querer
Há uma diferença essencial entre o querer e o precisar. O querer humano não tem limites, não tem fronteiras.
Exemplo é a riqueza. Já tem tempo ouço que quanto mais o rico tem, mais quer. Aí reside o querer. Se tem muito bens, quer o poder político, para dominar o outro, o pobre.
Quer ter poder, não importa a maneira como vai exercer esse poder. Daí surgem - e surgiram - grandes desgraças, as maiores são as guerras.
Bem, há casos raros que o poder, o dinheiro, podem ser utilizados para o bem, para ajudar os fracos, os desvalidos. Como disse, é coisa rara.
Cristo, considerado pessoa justa, de bons exemplos, não enveredou por esse caminho, de atender seu querer, sua vontade humana.
Fez bem. Se cedesse ao querer sua doutrina desmoronaria.
Precisar é se ter o que nos permite viver com humildade e dignidade: Alimentação, habitação, liberdade, paz de espírito, cidadania, saúde (física, mental e espiritual), trabalho.
Portanto sejamos felizes com o que temos e com o que somos. No entanto estamos num mundo tomado pelo consumismo. Isso é fato. O querer está bem acima do precisar. Sim.
Muitos não se satisfazem com o básico. Desejam mais. Enveredam-se a buscar o luxo, o supérfluo, vão para cá e para lá.
Se esquecem de viver, esquecem que quase sempre os bens materiais não trazem felicidade, paz interior, afetividade, amizade verdadeira, solidariedade.
Muitos não querem o sapato, a camisa, a calça comum. Não, querem as de grife, de marca.
E apenas para se manterem (assim eles imaginam) acima dos demais. Bem, isso é pura ilusão. Nem dinheiro, nem roupa, nos faz melhor que ninguém. Não, nada disso.
Viramos meros consumistas, alienados. Só que, sem perceber, o consumista termina consumido pelo sistema. Termina se transformando em mercadoria, num artigo de loja.
Pior, ele perde a personalidade, seu gosto e prazer são manipulados. Perde o senso crítico. Não consegue pensar por si mesmo. O sistema o manipula - e pensa em seu lugar.
Isso ocorre muito na política, em tempo de eleições.