ESTRANHA REALIDADE
Prólogo
“A essência de uma boa educação sociocultural é aprender a saber conviver com os semelhantes, às vezes, pessoas de comportamentos, hábitos, usos e costumes diferentes.” – (Wilson Muniz Pereira).
DORMIR SÓ PARA SONHAR
Já faz algum tempo que eu não durmo para repousar, mas sim para sonhar. Embora eu saiba que devo me contentar com a realidade cinzenta, tumultuada pelo corre-corre do meu dia a dia, também sei que os sonhos coloridos mascaram a realidade cruel pela expectativa de dias melhores. Essa é a principal razão pela qual alguns (não sou exceção) preferem sonhar a vivenciar uma estranha realidade.
É claro que os sonhadores, decepcionados, ressentidos e sem ânimo não buscam um mundo autêntico. Pudera, como já escrevi a realidade é sofrida e cruel. Na vida real e nas novelas globais e noutras os atores e atrizes interpretam papéis nostálgicos. Desejando riquezas fáceis, maquinam planos criminosos contra familiares e estranhos, mas a verdade é uma só: Esses personagens estão e são envergonhados de suas realidades.
Conheço adolescentes e pessoas com menos de trinta anos que deitados e de olhos fechados reclamam da escuridão. Não têm coragem de ao menos abrirem os olhos para perceberem que vida real é luz, cor, movimento, determinação, coragem, atitude e ação.
Ah! E se à noite necessitam de alguma luminosidade, como eu quando adolescente precisava e fazia para estudar e superar minhas dificuldades, acendendo uma vela, às vezes, um candeeiro... São incapazes de se levantarem para acenderem alguma fonte de luz. E nessa mesmice preguiçosa não percebem que o tempo é inexorável, passa depressa, é o senhor da crudelíssima realidade.
O MARCO DA ASCENSÃO
Aos quinze, dezesseis e dezessete anos de idade, às 21 horas, eu recebia do meu pai ou mãe o aviso: “Wilson apague a luz porque é hora de dormir! Se quiser continuar estudando acenda a lamparina.” – Esse alerta e imposição de limite ao autodidata obsessivo era pelo fato de eu estudar todas as noites fazendo os exercícios escolares e alguns mais para o dia seguinte.
Talvez seja por isso que, ainda hoje, às 21 horas, eu entendo ser o momento de desligar o celular, o laptop, o TV e me recolher para, sob a proteção de Morfeu (Um dos deuses dos sonhos) sonhar. Essa é minha atual realidade.
Para mim essa dura vivência foi o marco de minha ascensão ou escalada profissional edificante e proficiente, mas para alguns adolescentes de minha época foi uma indesejável (para eles) estranha realidade.
Naqueles anos (1966/1968) eu podia correr e andar mais apressado do que hoje, mas eu desejava mesmo era voar. Atualmente, aos setenta anos de idade, aprecio sobremaneira volitar por entre as árvores iluminadas dos bosques encantados de minha sublimada imaginação.
LEMBRANÇAS RUINS DEVEM SER ESQUECIDAS
A sólida base e marco de minha ascensão, na musicalidade do tempo da brilhantina, assim como as bolinhas de gude, as bolas de meias; os piões ou pinhões de goiabeira ou jacarandá; a baladeira, o rói-rói e outros brinquedos da época ficaram para trás. No momento a autoestima está ótima por uma razão muito real e especial: A estranha realidade de outrora foi pertinente, oportuna e essencial!
Não gosto de lembrar os fatos ruins, mas as experiências e lições que a vida e meus pais me proporcionaram edificaram meu entendimento e sabedoria para compreender que não só eu, mas todos que desejarem e quiserem progredir devem estar sempre em movimento, estudando, se não estiver trabalhando, fazendo algo para ocupar a mente!
É preciso ler bons livros e textos, pesquisar, ouvir boas músicas, ver bons filmes... Porque assim como a água estagnada forma um pântano fétido a mente que não se exercita transforma um ser saudável num tolo irascível, preguiçoso e lamuriento. E essa foi a lição boa aprendida com meus amados pais, mas para os mandriões, ociosos, acomodados isso foi, é e sempre será uma estranha realidade.
CONCLUSÃO
Os sinais de alerta são dados por pessoas iluminadas pelo siso ou melhor razão. Amigos de fé e familiares cariciosos preocupados avisam:
“O tempo está passando! É preciso agir! Se você quiser que algo bom aconteça em sua vida é necessário parar de ficar esperando, levantar-se, estudar, qualificar-se e fazer acontecer!”.
Para os acomodados esses avisos são em vão! Essa apatia ou condição psicológica designada por um estado emocional de indiferença, tendo como algumas das suas características o desgaste físico, a inércia, a fraqueza muscular e a falta de energia, NÃO É uma catarse (limpeza ou purificação pessoal), mas uma letargia danosa, uma indolência que emerge do ser preguiçoso fazendo-o imaginar estar se blindando da estranha realidade.