CORAÇÃO E SOLIDÃO SEM CAUSA
Prólogo
Em Bonsucesso, subúrbio do Rio de Janeiro, vive Paloma (Grazi Massafera), uma costureira simples que criou sozinha os três filhos. A vida de Paloma está virada do avesso desde que um exame médico de rotina mostrou que ela está muito doente (doença terminal). Desde então, a costureira perdeu o emprego depois que fez loucuras (espécie de ataque de fúria quebrando a vidraça da loja e rasgando as roupas de uma cliente de sua patroa).
Momentaneamente recomposta, ainda não totalmente desequilibrada, a personagem Paloma faz uma outra consulta no Hospital de Bonsucesso mostrando os exames anteriores a um outro médico, mas isso vai deixá-la mais desesperada ao confirmar a doença. Ora, pelos exames apresentados o resultado é devastador. Ela tem seis meses de sobrevida.
CORAÇÃO E SOLIDÃO SEM CAUSA
(Para mim, ainda bem, tudo não passou de um não
desejado pesadelo numa madrugada fria e chuvosa).
Solidão. Esse nada vazio que poucos chamam de antropofobia não tem nada a ver com abandono ou ausência de pessoas. Esse abissal negrume, sem-fim, nigérrimo, danoso, pássaro negro sem asas, tal qual anum (anu-preto) que outrora foi prateado, cerca-me com garras afiadas querendo fatiar meu corpo inteiro, não apenas o coração sem causa.
Nem mesmo meu tempo ouso afirmar que o tenho sob controle. Dou provas dessa limitação sabendo que o amor é algo íntimo, mas insisto que a guardiã desse ouro-tempo saiba que é a única controladora de minha solidão ao se manter presente na mente insana, torturada, achincalhada, não protegida pela solidão sem causa.
A dor do abandono não poderá ser sentida por outrem. Haverá algo mais triste do que observar o esvoaçar místico de um véu branco, de uma noiva aos prantos, no iluminado altar? Assim será a solidão de um noivo, na alcova fria, porque a esposa recém-casada desencarnou quando sua subida alegria lhe travou o coração sem causa.
O infortúnio por causa fortuita não desejada, jamais poderá ser sentido por um observador alheio, não convidado para o missal em um idioma estranho antes da execução de um condenado à morte. Na madrugada chuvosa, insone, na indesejada misantropia, o infeliz crispará seu rosto num esgar de dor pela solidão sem causa.
CONCLUSÃO
Em choro convulso a atriz global lamenta o diagnóstico danoso. O desequilíbrio forte faz a mãe costureira de três filhos extrapolar os limites da conveniência social. Não suportando o desengano se agiganta deixando emergir de seu espírito em chamas o clamor que ninguém vê, tampouco ouve. Eis o exemplo que cito da morte de uma coração sem causa.
A novela “Bom Sucesso” trata do valor de cada minuto da vida e traz a mensagem de perseverança, fé e garra. Escrita por Rosane Svartman e Paulo Halm e com direção artística de Luiz Henrique Rios, trio que repete parceria de Malhação Sonhos e Totalmente Demais, a bem urdida trama apresenta a história de Paloma (Grazi Massafera), uma mulher determinada, sonhadora e com uma fé inabalável.
Com elenco de profissionais de primeiríssima linha a novela aborda os problemas do dia a dia (traições afetivas, desequilíbrios socioeconômicos), de gente simples ou não, de pobres e endinheirados, com suas aparências sociais refletidas pelos horrores das realidades da saúde pública (atendimento deficitário, exames de rotinas trocados, falta de vagas nos hospitais para tratamentos especiais.).
A trama "Bom Sucesso" desnuda (típico nas novelas globais) a sociedade de um país (Brasil) quase insolvente, destroçado pela cupidez insana, que desejamos com ORDEM E PROGRESSO, sem clichês (previsibilidades) imorais, com corações uníssonos e solidões com ou sem causas preenchidos por esperanças.
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NOTAS REFERENCIADAS
– Textos livres para consulta, da Imprensa Brasileira;
– Assertivas do autor que devem ser consideradas circunstanciais e imparciais.