O PREÇO DA INDIFERENÇA

Winston Churchill faz uma boa reflexão sobre o preço da indiferença de indivíduos ou nações, quando o mal se articula para dominar os pacatos na base da força. Ele dizia que Hitler, então senhor de toda a Alemanha, já tendo dado ordens, ao assumir o poder, de avançar ousadamente em escala nacional, tanto nos campos de treinamento quanto nas fábricas, sentiu-se numa posição fortalecida. Nem sequer se deu o trabalho de aceitar as ofertas quixotescas que lhes eram feitas com insistência. Com um gesto de desdém, mandou o governo alemão retirar-se da Conferência e da Liga das Nações.

É difícil encontrar um paralelo para a insensatez do governo inglês e a fraqueza do governo francês, que, não obstante, refletiram a opinião de seus parlamentos nesse período desastroso. Tampouco podem os Estados Unidos escapar à censura da história. Absortos em suas próprias questões e em todos os profusos interesses, atividades e percalços de uma comunidade livre, eles simplesmente ficaram perplexos com as vastas mudanças que estavam ocorrendo na Europa e concluíram que elas não lhes diziam respeito. O considerável corpo de oficiais americanos, profissionais altamente competentes e com amplo treinamento, formou uma opinião diferente, mas esta não produziu nenhum efeito discernível na imprevidente indiferença da política externa americana. Se a influência dos EUA se houvesse exercido, talvez tivesse animado os políticos ingleses e franceses para a ação. A Liga das Nações, apesar de debilitada, ainda era um instrumento imponente, que teria conferido a qualquer questionamento da nova ameaça de guerra hitlerista o peso das sanções do direito internacional. Em meio à tensão, os americanos simplesmente deram de ombros, de modo que, dentro de poucos anos, tiveram que derramar o sangue e os tesouros do Novo Mundo para se salvar de um perigo mortal.

Sete anos depois, ele reflete, quando testemunhou em Tours a agonia francesa, tudo isso lhe veio à mente, e foi por isso que, mesmo quando se mencionaram proposta de uma paz em separado, proferiu apenas palavras de consolo e conforto, que lhe alegrava sentir que foram confirmadas.

Esses sentimentos do Churchill nos permite uma grande reflexão para quem deseja e pode olhar as lições do passado. As vezes a coletividade dentro de um desejo saudável, positivo, de paz e desarmamento, por exemplo, esquece que o mal está ali ao lado, agindo de forma beligerante e se armando cada vez mais. Se não formos previdentes como Jesus nos ensinou, de sermos simples como as pombas e prudentes com as serpentes, podemos pagar um preço muito mais caro. Foi isso que aconteceu com a Segunda Guerra Mundial.