O problema das boas intenções
Todo mundo já ouviu o velho adágio de que o inferno tem boas intenções em demasia e, se considerarmos bem, é um ditado bastante correto. Quantas coisas impróprias ou mesmo nefastas e daninhas já não foram ditas e feitas com a desculpa de que se tinha a melhor das intenções? O problema de se dizer que tem boas intenções é o seguinte: muitos, dizendo que só querem o nosso bem, valem-se disso para agir de forma inconveniente, meter-se na vida dos outros ou dizer coisas que não deviam. E, se repararmos bem, muitas das maiores monstruosidades que foram feitas se deve à batida desculpa de que se tinha as melhores intenções. Basta pensarmos um pouco que a lista será imensa. Os terroristas de 11 de setembro, com certeza, não estavam mal-intencionados. Acreditavam que estavam lutando numa guerra santa em nome do seu deus Alá. Os padres do Tribunal da Santa Inquisição acreditavam que estavam cumprindo um dever divino. Com certeza, podemos até dizer que Hitler, Stalin, Mussolini e Mao-tse-tung estavam com os objetivos mais nobres em mente para realizar seus objetivos, não? Hitler não alegava que queria restaurar a grandeza da nação alemã ?
Querer o melhor nunca devia ser usado como justificativa para certos atos pois, por mais nobres que sejam nossos objetivos, agir de forma errada não trará nenhum benefício. Um bom exemplo que podemos usar é o da superproteção. Os pais podem justificar o excesso de zelo com a surrada desculpa de que querem proteger seus filhos dos perigos do mundo. Porém, querer proteger demais causará danos maiores. Os filhos que foram excessivamente podados sentirão falta das experiências que nunca viveram e se lamentarão por não terem podido andar sozinhos. Impedir alguém de se desenvolver mutila seus espíritos. Como vemos bem, mesmo que os pais ajam assim querendo o bem dos filhos, estão fazendo mal. Outro erro é o de impor caminhos. Obrigar nossos filhos a seguir uma carreira ou fazer um curso para o qual ele não tem vocação, usando o argumento das boas intenções, só produzirá um ser humano frustrado, que sentiu que viveu o sonho dos outros e não sua vida. Você, que é pai, gostaria de pensar que causou esse mal ao seu filho? Pense bem.
Está certo que temos que ser complacentes e entender quando alguém não agiu por mal, no entanto, é necessário que todos entendam que é preciso mais do que se ter boas intenções para que algo dê certo ou, pelo menos, não resulte num desastre que causará mágoas a muitas pessoas.