DIVULGAÇÃO DE NOTÍCIAS DE SUICÍDIO: UM TABU NO JORNALISMO
DIVULGAÇÃO DE NOTÍCIAS DE SUICÍDIO: UM TABU NO JORNALISMO
Se tem um tabu no jornalismo, é a veiculação de notícias de suicídio. Isso porque há uma crença de que a divulgação deste tipo de acontecimento serviria como estímulo para que pessoas que estão em depressão façam o mesmo, tirando a própria vida. De fato, todos os psiquiatras e psicólogos que pesquisei sugerem que esse tipo de notícia requer atenções redobradas.
O suicídio é um fenômeno complexo que tem atraído a atenção de filósofos, teólogos, médicos, sociólogos e artistas através dos séculos; de acordo com o filósofo francês Albert Camus, em O Mito de Sísifo, esta é a única questão filosófica séria.
Uma das primeiras associações conhecidas entre os meios de comunicação de massa e o suicídio remonta ao ano de 1774, quando o escritor alemão Goethe publicou “Os Sofrimentos do Jovem Werther”. Logo após a publicação, começaram a surgir na Europa vários relatos de jovens que cometeram suicídio usando o mesmo método por ele descrito.
Em 1982, estudo realizado pelo pesquisador americano Phillips DP e publicado pelo “American Journal of Sociology” apontou que os casos de suicídio descritos pela televisão geram um efeito em cascata que pode durar até cerca de dez dias após sua veiculação.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), recomenda que se fale a respeito e que falar é importante. Mas, falar com juízo e responsabilidade, apenas como um fato e não com estardalhaço e sensacionalismo.
Fazer afirmações simplistas do tipo "falta Deus no coração" ou insinuar as motivações que culminaram no suicídio não resolve o problema, e ainda se desrespeita e aumenta o sofrimento da família enlutada.
O assunto deve ser, no máximo, abordado dentro de uma uma perspectiva psiquiátrica e sociológica, o que exige do profissional um conhecimento mais aprofundado sobre o assunto.
Para ajudar os jornalistas, a OMS elaborou uma cartilha na qual sugere o que eles não devem fazer:
• Não publicar fotografias do falecido ou cartas suicidas.
• Não informar detalhes específicos do método utilizado.
• Não fornecer explicações simplistas.
• Não glorificar o suicídio ou fazer sensacionalismo sobre o caso.
• Não usar estereótipos religiosos ou culturais.
• Não atribuir culpas.