PENSAMENTOS, PALAVRAS E ESCRITOS INAPROPRIADOS
Prólogo
Todos os seres humanos (não sou exceção), às vezes, pensam bobagens, falam tolices e escrevem o que não deveriam escrever.
Confesso que eu não ia me manifestar sobre as palavras de Sua Excelência Jair Messias Bolsonaro durante um evento da cúpula do G20, em Osaka, no Japão. Naquela ocasião o presidente do Brasil disse ser uma "pena" que o segundo sargento Manoel Silva Rodrigues não haja sido preso na Indonésia.
Estou escrevendo sobre essas infelizes e inapropriadas (assim entendo) palavras do nosso presidente Bolsonaro porque um amigo a quem muito admiro e considero por sua conduta civil e profissional ilibadas perguntou-me:
“E aí Wilson vai escrever algo sobre as palavras de Bolsonaro no episódio do sargento da FAB?”. – Decisão: Resolvi escrever!
PALAVRAS INAPROPRIADAS DO PRESIDENTE
Bolsonaro citou o país asiático (Indonésia) como exemplo de tratamento rigoroso para o tráfico de drogas. Sabemos que naquele país o traficante pode ser punido com a pena de morte. "Aquele elemento ali traiu a confiança dos demais. Traiu a confiança, sim. Olha, pena que não foi na Indonésia. Eu queria que tivesse sido na Indonésia, tá ok? Ele ia ter o destino que o Archer teve no passado", afirmou o presidente da República.
Enquanto em 2015 a ex-presidente Dilma Rousseff se declarava, em nota oficial, consternada e indignada com a execução do traficante Archer na Indonésia o atual presidente Bolsonaro desejou que o sargento da FAB Manoel Silva Rodrigues fosse preso naquele paraíso asiático. Ora, Tudo muda! Os pensamentos, palavras e obras se transformam. O mundo dá muitas voltas.
Debalde a ex-presidente Dilma Rousseff esperneou, outros países, em defesa de seus cidadãos traficantes também, mas eu entendo que todos os países têm leis próprias, são soberanos, e por isso devem ser respeitados.
A anistia internacional condenou a Indonésia pela execução e considerou a pena de morte uma regressão para os direitos humanos, a ex-presidente brasileira, à época, mandou voltar ao Brasil o embaixador do país e outras nações também fizeram isso, mas há mais de cinquenta países que mantêm a pena de morte no planeta!
Se vão ou não resolver o problema da criminalidade é outro assunto a ser discutido, mas a verdade é que criminosos pensarão duas ou mais vezes antes de tentar cometer um crime nos países onde há: 1. Proteção às famílias, 2. Educação escolar refinada, 3. Saúde pública exemplar e 4. Leis fortes e proficientes.
OBSERVAÇÃO OPORTUNA E PERTINENTE
“O Archer” a que se referiu o presidente Bolsonaro é o rumoroso caso ocorrido em 2015. É um acontecimento referente à execução do brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, condenado à pena de morte por tráfico de drogas na Indonésia em 2004, depois de ter sido preso ao tentar entrar no país com 13,4 kg de cocaína dentro dos tubos de uma asa-delta. Na ocasião, ocorreram pedidos de autoridades brasileiras para que a pena de morte não fosse aplicada ao caso.
O MEU ENTENDIMENTO SEM A PRETENSÃO DA VERDADE
Entendo que Sua Excelência, o presidente Bolsonaro, haja se emocionado e nesse afã de falar algo sobre o triste episódio pensou, salvo outro juízo, bobagem e disse uma tolice. Por que tolice? Ora, bastava ter dito algo semelhante a: “O militar responderá em Inquérito Policial Militar – (IPM) sobre o deslize ou crime cometido.”.
Certamente, há outras pessoas, militares e/ou civis, envolvidas com essa reprovável conduta do sargento-traficante. É óbvio que há cúmplices e que estamos falando de tráfico internacional de drogas. É claro que, certamente o militar flagrado com as drogas terá muito a dizer sobre o fato.
Não vou citar nem tampouco transcrever, mas muitas são as frases polêmicas de Bolsonaro em sua carreira pública que considerou e ainda hoje ele considera brincadeira. Sejam as palavras de Sua Excelência brincadeiras, gafes ou crimes entendo o quanto é complicada a função de um presidente ultrapressionado pela mídia, assessorado por pessoas com pensamentos e níveis culturais diferentes, envolto por puxa-sacos inconsequentes.
E para espalhar mais ainda o pó de mico lançado de encontro ao ventilador... Os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Weverton Rocha (PDT-MA) apresentaram requerimento para convidar o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, para prestar esclarecimentos à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado sobre o sargento-traficante da FAB. Ora, é claro que o ocorrido nada tem a ver com a autoridade chefe do GSI.
CONCLUSÃO
SERÁ QUE ERRAR É, DE FATO, HUMANO?
Até os meus dezessete ou dezoito anos de idade eu ouvia sempre a mesma ladainha: “Errar é humano!”. Ora, todos nós, uma vez ou outra, já ouvimos a expressão: “Errar é humano” ou “Errar é humano, mas permanecer no erro é burrice”. Há outras variações dessa frase que é considerada sabedoria popular. Não sou exceção e inúmeras vezes ouvi essa tolice.
Escrevo que o esconso aprendizado “Errar é humano” foi (é) improficiente porque desde que incorporei ao Exército Brasileiro para cumprir o Serviço Militar inicial, no ano de 1968, aprendi que errar é coisa de desidioso, relaxado, desatento, preguiçoso, incompetente, desqualificado, babaca, leviano, anarquista e ato de irresponsável! Atenção! Há certos erros que são considerados crimes!
O poema “Águas de Março” – Composição de Tom Jobim inicia dizendo:
“É pau, é pedra, é o fim do caminho...” – Atualmente, em face dos acontecimentos tão controversos, creio que o notável e saudoso falecido poeta talvez resolvesse iniciar sua excelente canção escrevendo:
É pó, é pedra, é o fim do caminho…
É o povo perdido, iludido sem saber a verdade...
Sem acreditar que o sargento-traficante esteja sozinho.
Sofrerá o traficante e sua família por quem não merece. Passará pelos horrores, humilhações e crivo de um rigoroso IPM para ser punido como um “bode expiatório” por quem jurou fidelidade, lealdade e disciplina fingindo que não merece o látego forte e impiedoso da justiça cega.
Assim são as águas do inverno depois do outono. É a promessa de vida na primavera de um povo desesperançado e ansioso por um verão mais ameno. Isso é bom para passar o Brasil a limpo e mostrar ao mundo que sabemos (sabemos?), queremos (queremos?) e podemos (os componentes do Congresso Nacional permitirão?) cortar a mão e arrancar os olhos que nos escandaliza.
Todavia, é triste e inútil ver e ouvir bobagens, escrever o que poucos vão ler e compreender; julgar, fazer ilações e acusações sem ou com vinculação. É péssimo alimentar algo sem nexo (harmonia lógica), ser leviano, alimentar emocionados e desabridos PENSAMENTOS, PALAVRAS E ESCRITOS INAPROPRIADOS.
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NOTAS REFERENCIADAS
– Textos livres para consulta, da Imprensa Brasileira;
– Assertivas do autor que devem ser consideradas circunstanciais e imparciais.