MALDITA BARREIRA DA COMUNICAÇÃO

Prólogo

Não faz muito tempo que eu escrevi e puliquei no Recanto das Letras um artigo sob o tema O USO DA PALAVRA. Naquela ocasião eu expliquei, já no prólogo:

“Neologismo é um fenômeno linguístico que consiste na criação de uma palavra ou expressão nova, ou na atribuição de um novo sentido a uma palavra já existente. É uma nova palavra criada na língua, e geralmente surge quando o indivíduo quer se expressar, mas não encontra a palavra ideal.” – (Texto: O USO DA PALAVRA – Publicado no endereço: https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-sociedade/6635166).

Quando há barreiras na comunicação, fica difícil ao receptor da informação entender o que o emissor tenta transmitir, podendo-se perder partes críticas da mensagem. O emissor precisa passar confiança, não deixando seus textos e comentários levarem a plateia (receptor) a questionar sua competência funcional e autenticidade.

AS TRAPALHADAS DOS PSEUDOINTELECTUAIS CONTINUAM

Sua Excelência o Ministro da Educação do governo Bolsonaro, Abraham Weintraub, está se escaldando nas redes sociais e fornecendo assunto, para o “Zorra Total” e os comediantes de um modo geral. Não faz muito tempo (creio que aconteceu em maio deste fatídico ano) que essa mesma “autoridade” se referiu ao importante escritor Franz Kafka como “kafta” — nome de um saboroso espetinho árabe de carne moída.

Não satisfeito com o escorregão “Kafta”, ao opinar e se posicionar sobre o rumoroso caso do sargento traficante da FAB o atrapalhado Ministro da Educação publicou um trecho em seu suposto “twitter”, no qual ele usa a expressão “‘guerreiros’ do PT e de seus acepipes “.

“Tranquilizo os "guerreiros" do PT e de seus acepipes: o responsável pelos 39 kg de cocaína NADA tem a ver com o Governo Bolsonaro. Ele irá para a cadeia e ninguém de nosso lado defenderá o criminoso. Vocês continuam com a exclusividade de serem amigos de traficantes como as FARC.” – (SIC) - Abraham Weintraub.

Estaríamos nós diante de mais um criador de neologismos? Se essa modernice pegar fico a imaginar o que será dos meus netos, daqui a alguns anos, quando se submeterem a uma avaliação sobre seus conhecimentos do idioma pátrio. Eles saberão que as palavras: Jia, jerimum, jiboia, jenipapo, jiló e jeito são escritas com “J” e não com “G” porque eu lhes ensinei assim.

EXTREMAMENTE LAMENTÁVEL

O extremamente lamentável e preocupante é saber que o supracitado cidadão é o atual MINISTRO DA EDUCAÇÃO! Isso pode Arnaldo? – Pergunta o narrador esportivo Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno (Galvão Bueno).

– A regra é clara: Quem aprovou esse apedeuta para ser Ministro da Educação ou não sabia o que estava fazendo, por ter apoiado a indicação de alguém não menos ignorante, ou "é farinha do mesmo saco!" – Respondeu o ex-árbitro e ex-comentarista de arbitragem de futebol Arnaldo David Cezar Coelho, mais conhecido como Arnaldo Cezar Coelho.

Mas estou deveras preocupado não apenas com a linguagem utilizada na internet (Aff, Add, Blz, Kd, Nol, Noob, Rox, Omg, Kra, Tc, Vc, Vdd, e tantas outras sandices que estão se firmando pelo uso), mas sobretudo com essas “pérolas” dos pseudointelectuais (mestres na arte do autoengano), políticos, politiqueiros, e outros jactanciosos ou gabolas e suas palavras verbalizadas e/ou escritas com teor falso cujo conteúdo não é real e tampouco verdadeiro.

CONCLUSÃO

Basta consultar um dicionário: Ora, ACEPIPES é um guisado apetitoso (Iguaria, guloseima). Se quisermos uma definição mais completa podemos dizer que acepipes são petiscos, entrada ou tira-gostos (quentes ou frios) que se servem antes do prato principal de uma refeição, normalmente acompanhados por uma bebida.

O mote do momento, entre outras teratologias gramaticais, é a palavra “desidratação” utilizada pelos políticos quando tentam explicar as modificações propostas para a reforma da previdência. Ora, como já expliquei no escrito “O USO DA PALAVRA” desidratar é um verbo intransitivo e pronominal. Significa extrair água de alguma coisa. Essa desidratação tão em moda hoje em dia, mormente na política é a metamorfose linguística forçosamente distorcida por nós mesmos brasileiros.

Entendo, embora não concorde, que essa hoje tão propalada "desidratação" da previdência, como antes foi o "imexível" do Magri e agora esses “ACEPIPES”, “KAFTAS” e tantas outras invencionices, é como se quisessem dar um novo sentido ou definição de uma palavra já definida em dicionários sérios.

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NOTAS REFERENCIADAS

– Textos livres para consulta, da Imprensa Brasileira;

– Assertivas do autor que devem ser consideradas circunstanciais e imparciais.