O MUNDO NÃO VENCEU O TRABALHO INFANTIL

(*) Por Antônio Coquito

O dia 12 junho é marco da agenda de mobilização mundial pela dignidade da infância. Porém, temos o compromisso de, em todos os dias, eliminar esta realidade que está diante de nós, a nos provocar por atitudes e respostas. Um dos grandes desafios da proteção de nossas crianças é a ocorrência do problema na agricultura e pecuária.

Organizações espalhadas pelo mundo juntam suas vozes para exigir cidadania infantojuvenil. As entidades pretendem que a sociedade, os governos e empresas se conscientizem e assumam o debate e a prática favoráveis ao desenvolvimento integral das crianças.

Raymundo Mesquita, irmão salesiano e ex-conselheiro do Conselheiro Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), desabafa que “o trabalho infantil é resposta à miserabilidade com que vive e é tratada a família brasileira”. Mesquita, que também foi o idealizador e um dos primeiros coordenadores do movimento Marcha Global contra o Trabalho Infantil, faz um alerta “muitas dessas crianças não só trabalham, mas chegam a viver em condições subumanas, até escravidão”.

Para muitos pais, diante da conjuntura de negação e pobreza, as crianças nestas situações deixam de ser crianças. Elas são encaradas como produtivas; não são imaturas para o trabalho, são lucrativas. As idades da infância se diluem numa rede de necessidades da sobrevivência familiar. E conjuntamente, nos interesses imediatos do mercado e num certo silêncio da sociedade adulta.

A realidade da fragmentação da família que leva à vulnerabilidade da criança é apontada, também, pela professora e pesquisadora Rita Leal, do Curso de Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais ( PUC Minas). Vivendo num contexto de urgência diante do sobreviver, Leal explica que “essa prática é agravada pela contratação de toda a família no trabalho das grandes lavouras”.

A negação da infância

O mundo tem, conforme dados da Organização Internacional do Trabalho – OIT mais de 150 milhões de crianças e adolescentes trabalhando. No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), os números aumentaram para 3 milhões de crianças e adolescentes exploradas na área rural. Os números crescem desde 2013. O Norte e o Nordeste concentram 60% (sessenta por cento) da mão de obra infantojuvenil.

Esta infância “trabalhadora rural e economicamente ativa” aponta sinais de um quadro perverso. A realidade denuncia que, as políticas públicas ainda não os acolheram como cidadãos brasileiros em desenvolvimento - prioridade absoluta como previsto na lei 8.069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente – o E.C.A.

A ausência das políticas penaliza os meninos e a meninas brasileiros em suas expectativas e sonhos. Eles estão em situação única de desenvolvimento. Suas habilidades físicas, motoras, cognitivas e psicológicas estão em formação. Exigir deles e delas é agredi-los. A psicóloga Zlatica Sasaki alerta “o abuso e exploração causados pelo trabalho geram desequilíbrios orgânicos na criança ainda em formação”.

A psicóloga enumera as conseqüências “disfunções metabólicas, traumatismos, infindáveis moléstias e doenças de fundo emocional”. Estas refletirão de forma pontual na fase adulta. “Fobias, medos, desencontros e rompimentos abruptos ou agressivos nas relações, comportamentos compulsivos e repetidos, manias e, em casos extremos, a tentativas de autoflagelação chegando ao suicídio”, adverte Sasaki.

(*) DENÚNCIAS DE TRABALHO INFANTIL: disque 100

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(*) As denúncias são sigilosas e não precisa identificação do denunciante.

Matéria produzida por Antônio Coquito é Jornalista Profissional MG06239JP - Especialista em Marketing e Comunicação - Ênfase Temáticas Sociopolíticas, Responsabilidade Socioambiental, Gestão Pública, Políticas Públicas, Saúde e Qualidade de Vida, Segurança Alimentar e Nutricional, Desenvolvimento Sustentável , Cidadania e Direitos Humanos