Dessegregação

Um bate papo informal de pai e filha de famílias tradicionais brasileiras é mais ou menos assim:

- Pai, posso ir no show de rap que vai acontecer no final da semana?

- Não filha isso não é pra nossa cultura...

Talvez nós já vivemos ou ouvimos notícias de casos idênticos a esse.

Em um país que as diferenças são evidenciadas, não é muito difícil as pessoas tentarem impor suas preferências ou costumes.

Mas como fazer isso mudar?

Acredito que a palavra mais oportuna e adequada é dessegregação.

A evolução ao contrário do que se falam não está sendo tão acelerada. Na teoria é muito avançada, entretanto na prática ainda caminha a passos curtos pelo menos no que diz respeito a inclusão sociocultural, que continua bastante discriminada e com inúmeros vícios e preconceitos no Brasil em minha modesta opinião.

A tecnologia e a inovação em alguns setores é visível, porém a absorção desse conteúdo que pode proporcionar esses avanços através também dessa modernidade inclusiva ainda engatinham.

As diferenças sociais, raciais, religiosas, políticas, entre outras continuam estagnadas na percepção de muitas pessoas. Isso faz com que o desenvolvimento de uma sociedade se limite. É claro que cultura e tradição devem ser levadas em consideração, afinal sem passado não teríamos origem, só que vejo necessidade de ampliar o diálogo para se chegar numa equilíbrada ascensão e a partir daí fazer que os indivíduos não sejam pressionados para opções que muitas vezes acontece quando uma grande maioria demonstra algumas tendências nos tornando massa de manobra ou como diz um ditado antigo "Maria vai com as outras".

Um país que tem em seu cerne o espírito republicano e democrático, que quer se tornar desenvolvido precisa expandir essa autonomia social, contudo sem extrapolar. Respeitar opiniões, sabendo não constranger e humilhar. Essa regra é fundamental, assim como opinar é também ter coerência e sensatez nos diálogos. Tenho como princípio que saber se comunicar é o fato mais virtuoso que podemos praticar. Há um tempo atrás tive a felicidade de conhecer o que significa comunicação não violenta e aprendi que se praticado promove resultados e consequências relevantes. Ignorar pessoas, suas preferências, visões e desejos fazem de nós egoístas, intransigentes e inconsequentes. Mas sobre isso eu escrevo numa outra oportunidade.

Todo esforço para incorporar cada vez mais diversificação a sociedade dentro de um espírito pacífico, legal, harmônico e fundamentado, tornaria mais descomplicado a interatividade de diferentes culturas e a colheita de frutos mais abrangente e instantâneo. Creio ser esse o melhor caminho.

Das inúmeras coisas que sou fã, duas de que me orgulho muito é o lema da bandeira de Minas Gerais e um trecho da letra da música Alucinação do inesquecível Belchior. Elas traduzem aquilo que sonho para o Brasil.

Então que tenhamos sempre os princípios de igualdade, liberdade e fraternidade, lembrando que amar e mudar as coisas interessam mais.