Cena pungente
O terminal rodoviário intermunicipal e interestadual de Belo Horizonte é obra do início dos anos setenta relativamente moderna de aspecto, concepção e funcionalidade. Até certo ponto.
O acesso banheiros públicos, destinados aos usuários é pago, excetuados cidadãos da chamada melhor idade - naturalmente mais incontinentes... A razoabilidade de se cobrar nesse caso é, no mínimo discutível, ainda que a entidade mantenedora do locus ache que o preço seja apenas simbólico, a hum real. Certamente muito abaixo dos preços que se cobram por produtos de lanchonetes ali estabelecidas que chegam a suplantar aqueles praticados por cadeias de alimentação rápida - fast-food chains - que normalmente servem à classe média, e daí pra cima.
E de fato, se o local é público e atende essencialmente pessoas de menor poder aquisitivo, a cobrança é cruel, e vai ver até que extorsiva e inconstitucional, pois os preços das passagens de ônibus trazem embutidas taxas de utilização do espaço. Demais, que logradouro pode ser mais público do que uma rodoviária?
Uma cena a que não presenciei, mas à qual acabo de ser referido, de uma real pungência, vai aqui reproduzida:
- Uma senhora visivelmente carente, de mínimos recursos, interiorana, chega-se à atendente do banheiro feminino e lhe pergunta, candidamente:
- Ô moça, se pra uriná é um conto, cons quié pra obrá?