O USO DA PALAVRA
Prólogo
Neologismo é um fenômeno linguístico que consiste na criação de uma palavra ou expressão nova, ou na atribuição de um novo sentido a uma palavra já existente. É uma nova palavra criada na língua, e geralmente surge quando o indivíduo quer se expressar, mas não encontra a palavra ideal.
Resolvi escrever o presente texto depois que li no G1:
"Relator diz ser contra desidratar a previdência, mas que comissão é soberana" - (SIC) - Reportagem no G1.
"Na Comissão de Constituição e Justiça - CCJ o governo já admite que a reforma da previdência poderá ser desidratada." - (SIC) - Reportagem no G1.
UMA EXPLICAÇÃO PERTINENTE E OPORTUNA
Ora, desidratar é um verbo intransitivo e pronominal. Significa extrair água de alguma coisa. Então podemos, depois de ler a reportagem do G1, entender que a atual proposta da reforma da previdência contém água?
Não! Claro que não! Essa desidratação tão em moda hoje em dia, mormente na política é a metamorfose linguística esconsa e/ou forçosamente distorcida por nós mesmos brasileiros.
Apesar de toda a sua riqueza, beleza e complexidade, a Língua Portuguesa não é utilizada em sua plenitude pelos brasileiros, seja pela falta de conhecimento, seja por opção ao estrangeirismo e ao neologismo.
POR QUE ISSO OCORRE?
Isso ocorre devido ao processo da globalização, em que somos submetidos a varias culturas dos mais diferentes países, a diversas novidades tecnológicas e comportamentais e a uma integração sociocultural.
Entretanto, visando manter a integridade cultural do Brasil, medidas protecionistas estão sendo propostas e discutidas cada vez mais. Essa é a boa notícia, mas não sabemos se essa proteção do idioma pátrio será enraizada nas mentes dos jovens de hoje e anciãos (Atenção! As três formas são corretas: anciãos, anciões e anciães) de amanhã.
Em uma geração que cresce com presença marcante do linguajar da internet em suas vidas, jovens tendem a utilizar diversas expressões estrangeiras como os já comuns “e-mail”, “deletar”, “mouse”, “googlar”, “online”, “site”, “link” e “enter”.
Em nosso cotidiano, também temos influências como em “happy hour”, “short”, “shampoo”, “fashion”, “drive thru”, “pink”, “jeans”, “designer”, "delivery", “marketing”, “target”, “banner” e “show”, listando apenas alguns, já que a lista poderia ser enorme.
Mas não posso deixar de escrever sobre uma palavra que vi escrita na
Rua Lino Gomes da Silva, perpendicular à Rua José do Patrocínio, vizinho à Funerária Renascer, próximo à sede da Associação Atletica do Banco do Brasil - AABB, CEP 58400-370, bairro de São José, Campina Grande - PB. Na supracitada Rua li: "Buxexa - Motos" - (SIC). Claro que se trata de uma empresa com um nome de fantasia.
A Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973 (Lei de Registros Públicos) admite isso. Todavia, na palavra "Buxexa" - (SIC), com apenas seis letras, há três erros crassos. O certo é Bochecha! Ao ver uma palavra escrita dessa forma, com letras enormes, um adolescente ou quaisquer outras pessoas imagina ser a forma certa de escrever. Para mim isso é uma verdadeira teratologia gramatical.
CONCLUSÃO
O sindicalista Antônio Rogério Magri, hoje com 72 anos, foi ministro do Trabalho e da Previdência - era uma Pasta só - durante dois anos e dois meses no governo de Fernando Collor. O cidadão Magri, é associado a um neologismo distorcido da década de 1990, quando respondeu a um repórter que questionara se o salário também seria reduzido, dizendo: "O salário do trabalhador é imexível" - (SIC).
Vocês se lembram disso? Eu me lembro! Certa ocasião Magri declarou: "... Cachorro também é ser humano..." - (SIC). Imagino que o supracitado cidadão, naquele momento, também estava pensando, mas sem coragem para verbalizar: "... e a ordem das palavras não altera o resultado". Com tal pensamento o energúmeno estaria fazendo uma analogia com a propriedade comutativa da multiplicação que diz: "a ordem dos fatores não altera o produto".
Podemos perceber que essas sandices em forma de declaração espontânea não são novas. Essas invenções descabidas, salvo outro juízo, não são neologismos. São demonstrações de ignorância latente.
Recentemente o Magri foi visto por um repórter e disse, depois de ser interpelado sobre suas frases: "Não foram frases malditas, mas benditas. Se não fossem essas minhas declarações, você não estaria falando hoje aqui comigo". E ao ser perguntado sobre o "imexível" Magri lançou outra pérola: "O que quero mesmo é ser "imorrível"" - (SIC).
MINHAS EXCELSAS LEMBRANÇAS
Lembro-me sempre da professora D. Creusa (Que o bondoso Deus a tenha sob sua sublime luz) do meu primário, na Escola Monte Carmelo, que existia no Bairro da Bela Vista – Campina Grande/PB, e também representando os demais professores do meu ensino secundário, de graduação e pós-graduação.
A todos os meus professores muito devo. Eles me ensinaram a respeitar as diferenças culturais, sobretudo as mudanças no ensino do porvir. Entendo, embora não concorde, que essa tão propalada "desidratação" da previdência, como antes foi o "imexível" do Magri e tantas outras invencionices, é como se quisessem dar um novo sentido ou definição de uma palavra já definida em dicionários sérios.