Maçonaria e Proclamação da República

No Brasil, além da Independência (1822) e da Abolição da Escravatura (1888), a Proclamação da República, em 1889, também foi obra articulada e orientada pela Maçonaria Brasileira, que teve como líderes o Marechal Manuel Deodoro da Fonseca e o também militar Benjamin Constant Botelho de Magalhães (idealizador da expressão "Ordem e Progresso" na Bandeira brasileira, inspirado nas ideias positivistas de Augusto Comte). Diferentemente da Revolução Francesa (1789-1799), a mudança do regime se deu sem o derramamento de sangue.

A República, ideal do jornalista e político Joaquim Gonçalves Ledo, que sonhava com o regime republicano mesmo antes de o Brasil ser declarado independente de Portugal, foi consequência da crise institucional ocorrida durante o Período Imperial. A crise é resultado da mudança, transformações na sociedade, principalmente a partir de 1870, com o término do maior conflito armado internacional ocorrido na América do Sul: a Guerra do Paraguai.

As questões militares, religiosa e de cunho libertário (Abolição dos Escravos) foram as causas que levaram à queda do Império e a Proclamação da República, uma vez que o poder imperial sustentava-se no tripé "Escravidão-Exército-Igreja" (*).

Em 1868, uma cisão no Partido Liberal (que defendia os interesses dos senhores rurais e a classe média urbana) deu origem ao Partido Radical, em 1869. No ano seguinte, o partido publicou um manifesto criticando o fato de o Brasil ser a única Monarquia em todo o continente americano. O manifesto, assinado por Quintino Bocaiúva, Rangel Pestana, Saldanha Marinho e Salvador de Mendonça, fundadores do Clube Republicado (embrião do partido Republicano), apresentava uma proposta de descentralização política, típica de uma Federação.

Fundado em 1873, o Partido Republicano realiza uma grande convenção, dando a largada para uma campanha nacional de criação de clubes e jornais com ideário republicano. Nos seus quadros o Partido abrigava duas fortes correntes de pensamento: os evolucionistas e os revolucionários. Os primeiros, representados por Quintino Bocaiúva, acreditavam na não-violência e que a República aconteceria naturalmente, sem lutas. Já os revolucionários, representados pelo advogado e jornalista Antônio da Silva Jardim, defendiam a luta armada para derrubar o Império.

As reuniões e encontros para articular a derrubada do Império eram feitas às claras e os seus líderes agiam abertamente. A Imprensa atacava com violência a Monarquia. Uma reunião, de caráter maçônico, foi realizada em 11de novembro, na residência do Marechal Deodoro da Fonseca, quando Benjamin Constant o convenceu de que deveria chefiar a 'revolução'.

Na tarde do dia 14 de novembro de 1889, o major Solón Ribeiro lança o boato de que o Governo havia mandado prender Deodoro da Fonseca, Benjamin Constant e inúmeros oficiais do Exército. A notícia circulou rápido pelos quartéis e provocou o levante de dois Regimentos sediados em São Cristóvão (RJ), desencadeando a ação militar do dia seguinte, já sob o comando de Deodoro da Fonseca, que proclamou a República.

Primeiro presidente do Brasil, o Marechal Manuel Deodoro da Fonseca e o Ministério por ele nomeado foi formado por maçons, a exemplo de Campos sales (Justiça), Floriano Peixoto (Guerra), Eduardo Nandenjkolk (Marinha), Rui Barbosa (Fazenda), Benjamin Constant (Instrução Pública), Francisco Glicéreo (Agricultura), Aristides Lobo (Interior) e Quintino Bocaiúva (Exterior). O primeiro governo republicano brasileiro implantou importantes transformações econômicas, sociais e políticas, que modernizaram o país.

*O Exército se contrapôs ao Governo (apesar de ter saído vitorioso e fortalecido da Guerra do Paraguai) por conta da manutenção do processo de marginalização da classe média pela aristocracia, detentora do poder. Por outro lado, a Igreja, também submetida ao domínio imperial, queria a sua liberdade (**). E a sanção de diversas leis que culminaram com o fim do regime escravista (Lei do Ventre Livre, do Sexagenário e Áurea) foi fator decisivo para o enfraquecimento do Império, contribuindo para acelerar o processo que culminou na Proclamação da República.

(**) Em 1864, a Bula Papal "Syllabus" proibiu os padres de fazerem parte da Maçonaria. Em 1874, por mandarem fechar irmandades religiosas de Pernambuco e do Pará, da qual faziam parte padres maçons que não haviam abandonado a organização, o primeiro-ministro do Governo Imperial e Grão-Mestre da Maçonaria, Visconde do Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos), que não aceitou a proibição contida na "Syllabus", mandou prender os bispos de Olinda (PE) e de Belém (PA). No ano seguinte, foram postos em liberdade pelo então primeiro-ministro, Duque de Caxias, também membro da Maçonaria.

BIBLIOGRAFIA

COSTA, Frederico Guilherme. Participação da Maçonaria na Proclamação da República - http://www.atrolha.com.br/asptrabalhos.asp?id=172. Pesquisa em: 02.10.2002

NASCIMENTO, Guilherme. Proclamação da República - http://leoserra.tty0.org/uniao/demolay/textos.php?exto=republica. Pesquisa em: 30.09.2002

TRAUTWEIN, Breno. A Face Oculta da República- www.atrolha.com.br/asp/trabalhos.asp?id=173. Pesquisa em: 04.10.2002

VILELA, Nirlei Junqueira. A Maçonaria e a Proclamação da República - http://members.tripod.com.br/triumpho/tbmaconariaeproclamacao.htm. Pesquisa em: 09.10.2002.