SER DO BEM
Eu lamento profundamente todas as vezes que uma vida é ceifada, afinal, sou um professor, um cidadão do bem, que nunca teve coragem de matar uma galinha caipira e que até evita assistir filmes que contenham cenas violentas! Aliás, eu tenho inúmeros amigos homens que também não aceitam a missão de matar um frango! Não é medo. Se precisar eu como abelhas ao invés do mel! É apenas o lado que escolhi na vida graças a educação que os meus pais me deram e que eu compreendi que era a mais sensata. Ser do bem, honesto, trabalhador, digno de cada centavo que ganho na vida. Ser do bem significa também ser justo, e ser justo implica em defender o que é certo e automaticamente condenar o que é errado.
E o que é certo? O certo é viver sob a égide das leis que foram convencionadas com o intuito de manter a paz e a harmonia entre as pessoas. Além de cumprir cada uma das leis e regras, é minha obrigação também defendê-las. Sendo assim, eu não posso encher a cara de cachaça, dirigir e depois reclamar do rigor da lei de trânsito ou da atuação do agente pelo qual fui abordado.
A título de exemplo. Certa vez um jovem policial que era meu vizinho abordou-me numa blitz de trânsito. Deu-me um "boa tarde, Senhor" , e em seguida pediu para ver a minha Carteira de Habitação, documento do veículo e pediu-me para que desligasse o carro. Tudo certinho, agradeceu-me e liberou-me. Os meus caronas ficaram muito chateados, pois no entendimento deles aquele policial agiu de forma errada, afinal eu era o seu vizinho, professor, jornalista, cidadão conhecido pela boa índole! Eu discordei dos mesmos e saí em defesa do policial, pois achei a sua atitude ética, coerente e altamente profissional, afinal, ele estava ali para fazer a checagem de todos os veículos e não existe lei alguma que isente desta fiscalização os vizinhos ou amigos do agente de trânsito!
Não tenho como dizer que sou um cidadão se as minhas atitudes não comprovam cidadania. Uma pessoa que se negou a estudar - mesmo a escolaridade sendo obrigatória para os menores de idade -, e que optou por viver uma vida irresponsável, sem trabalhar e trapaceando os outros, jamais pode ser chamado de "cidadão", pois isso seria uma equiparação injusta contra aqueles que de fato os são.
Retomo a afirmativa inicial deste. Eu lamento profundamente quando uma vida é ceifada, mas tenho uma preferência pelos que são cidadãos. Não é admissível que ao invés de defendermos a vítima de um estupro, fiquemos inventando subterfúgios para defender a ação praticada pelo estupradores. Vejo da mesma forma os casos em que bons policiais ou agentes da área da segurança, no exercício das suas atividades, cometem a fatalidade de assassinar um transeunte que passava naquele momento durante uma troca de tiros com bandidos. Vejo tal situação como um acidente de trabalho, pois bons policiais vivem a defender a vida dos cidadãos e a enquadrar os criminosos nas leis vigentes, sem excessos e ações vingativas.
Também não é salutar que ao sermos prejudicados por um indivíduo, condenemos todo o seu gênero ou a sua categoria profissional. Não faz o menor sentido, já que todos nós temos pavor a generalizações!
Não faz sentido uma pessoa exigir justiça e paz e ao mesmo tempo fazer apologia as drogas, a irresponsabilidade, a desobediência às leis e incitar a violência contra os agentes da segurança pública. Não existe PAZ nos âmbitos da criminalidade. Não existe PAZ onde não existe disciplina, obediência e respeito às regras que foram sabiamente estabelecidas antes de a gente colocar os pés nesta terra. A Paz não está nas gírias nem nos gestos daqueles que posam para fotos, nem nos textos bem escritos ou nas palavras bem pronunciadas desconexos com a prática.