Proibido teclar
Vivemos dias tecnológicos e conectados. Ficamos sabendo sobre o mundo. Coisas reais, ou não, que ocorrem através do globo, chegam até nós com velocidade assustadora.
Mas, o que chega até nós? Aquilo que outros olhos viram, que outros ouvidos ouviram, em idiomas diferentes do nosso.
Lembra daquele ditado: quem conta um conto aumenta um ponto? Do telefone sem fio?
Pois as vezes me pergunto se tudo o que chega até nós é realmente o que aconteceu de fato.
E penso que estamos tão conectados, sabemos tanto do mundo, do país, do nosso estado. E muitas vezes não sabemos o que se passa ao nosso lado.
Mas, pensando bem, como saberíamos? Vivemos tempos conectados, mas limitados. Nossos olhos passam corridos pelas ruas, pois são muitas as coisas para fazer. Trabalho, escola, filhos, pais. Irmãos, amigos…
E quando sentamos ao lado uns dos outros muitas vezes é para ficarmos olhando o celular, conversando à distância, e ignorando quem está ao lado.
Mas, é tão difícil, não é? Conversar, olhar nos olhos, sentir autenticidade, é tão desconfortavelmente revelador… E quem está disposto a se revelar por demais nos nossos dias?
É…
Sabe aquelas pessoas que admiramos (eu admiro pelo menos), as pessoas francas, com aquele sorriso estampado no rosto? Elas estão se tornando raras.
A tecnologia é boa, com certeza. Porém acho que deveriam existir lugares em que fosse proibido o celular.
Ora, nos lugares fechados não é proibido fumar? Então, por que não proibir o “teclar”?
Lugares nos quais as pessoas pudessem conversar e rir com satisfação.
Lugares nos quais não ficássemos escutando musiquinhas eletrônicas da mensagem que chegou, do “like” que alguém deu, do toque insistente de um celular perdido dentro de uma bolsa.
Ninguém vai morrer se ficar algumas horas separado do seu aparelhinho de estimação. Dar um descanso para os ouvidos, mente, dedos…
Quem sabe assim não resgatássemos alguns sentimentos, momentos, convivência pura sem a tecnologia para nos lembrar, a todo o momento, que existe um mundo grande e globalizado ao nosso redor.
Olho no olho, ouvir somente o riso...
Na minha visão de futuro, vejo um mundo que usa a tecnologia a seu favor.
Que preserva os bons momentos da humanidade. Preserva os passeios ao sol, a convivência entre pessoas, preserva a natureza, pois precisa muito dela.
Momentos vividos entre pessoas, ao vivo e a cores…
Tecnologia para ser bem usada. Não para nos tornar escravos.
Pensem nisso...
Outubro de 2018