COLABORAÇÃO DE AA
Hoje, as 10h, no Hospital Psiquiátrico Severino Lopes, participei de uma reunião para iniciar um serviço de orientação a pacientes alcoólicos com a ajuda de membros de Alcoólicos Anônimos.
Fiz a abertura da reunião reforçando a ajuda voluntária, gratuita, da irmandade de Alcoólicos Anônimos em todo o mundo. Lembrei que a UFRN iniciou há cerca de 20 anos um projeto para cuidar de pacientes alcoólicos. Foi solicitado a ajuda de Alcoólicos Anônimos e o serviço foi iniciado. Muitas vidas foram salvas, bem recuperadas, e o exemplo disso é que hoje está conosco nesta reunião, representando o AA, um desses funcionários e que hoje dirige um segmento da irmandade.
Os pacientes alcoólicos diferem dos demais pacientes da clinica geral e da psiquiatria. Da clínica geral, pois não se consideram doentes, que bebem porque querem e param quando quiserem; diferem dos pacientes psiquiátricos, pois os alcoólicos mantem a sua lucidez, quando não estão intoxicados e isso reforça neles a ideia que não são doentes, que estão internados em hospital psiquiátrico por engano ou má vontade.
O alcoolismo é considerado a patologia da vontade, a pessoa tem o desejo de beber de forma compulsiva, pois gerou uma necessidade no seu organismo, e mesmo não querendo, volta a usar a droga. Sua vontade fica subjugada pelo desejo e dessa forma a vida vai se consumindo em constantes tragos de bebidas alcoólicas.
Alguns desses pacientes chegam a se internar em hospitais psiquiátricos contra a sua vontade, trazidos pela família e algumas vezes pela polícia. Ficam internados de forma involuntária, são medicados para conter os sintomas de abstinência e outros como ansiedade, depressão, insônia. Porém nenhum remédio é capaz de anular o desejo que volta a surgir na mente do paciente. Ele pode passar até um ano internado, e ao sair de alta geralmente voltam a fazer uso do álcool, alguns na primeira semana, logo que saem do hospital.
Este serviço que iremos iniciar neste hospital tem o objetivo de conscientizar o paciente e seus familiares da existência da doença e que sua vontade pode ser fortalecida quando o alcoólico conversa com outro alcoólico e divide com ele suas preocupações e confessa como foi a sua vida.
O serviço será feito na forma de reunião semanal que contará com os pacientes internados que tenham o diagnóstico de alcoolismo. Os familiares dos pacientes alcoólicos internados também poderão participar das reuniões, mesmo que o seu parente que está internado não queira vir. Os técnicos do hospital também podem participar e os membros de AA e Al-Anon também estarão presentes para dar os seus depoimentos e distribuir literatura, inclusive o mapa de onde existe grupos de AA em todo o Estado.
Após receber alta o paciente é orientado para continuar o tratamento médico e psicológico, frequentar a igreja de sua preferência e permanecer indo ao grupo de AA mais próximo de sua residência.