AMOR AO PRÓXIMO É COMUNISMO?
Um texto pretensamente assinado pelo Pastor Sílvio Meincke, pastor da IECLB em Santa Catarina e São Leopoldo, que mora atualmente na Alemanha, serve bem para nossas reflexões;
Primeira constatação: o Povo Brasileiro é muito religioso. Cada segunda rua tem nome de santo. Em cada esquina ouvimos aleluias. Jogadores entram em campo com o sinal da cruz. E o nosso linguajar invoca Deus a cada instante: Meu Deus! Graças a Deus! Por amor de Deus! Deus é grande! Deus te abençoe! Deus no comando! Portanto, não falta religião no Brasil e nem falta fé em Deus.
Segunda constatação: todos e todas concordamos que a Fé em Deus tem uma consequência ética. Para cristãos e cristãs a consequência ética máxima da fé em Deus é o AMOR AO PRÓXIMO. “Amarás o Senhor teu Deus... e o teu próximo como a ti mesmo” quem é membro de uma comunidade cristã conhece esse grande mandamento (Mateus 22: 36-40) e com ele concorda.
Penso que não há dúvidas em relação a essas duas constatações:
Quando o Rio Grande do Sul contava com 70% de analfabetos, e Brizola mandou erguer milhares de pequenas escolas primárias, por amor às crianças analfabetas, ele logo foi insultado como comunista, especialmente pelas pessoas piedosas e “fortes na fé”. Quando João Goulart queria fazer as Reformas de Base, com o fim de melhorar a vida de milhões de brasileiros/as, ele foi derrubado com um golpe e teve de fugir, apontado como comunista. E muitos cristãos aplaudiram o golpe. O Projeto Mais Médicos (uma prática de amor que beneficia 50.000.000 de pessoas) é apontado como uma coisa de comunistas.
Uma Reforma Agrária, com acesso à terra para famílias pobres (antes expulsas do campo, aos milhões, através da concentração das terras), é odiada como coisa de comunista.
Matar em média dez jovens negros, todas as noites, isso pode! “Bem feito. Vagabundos. Bandido bom é bandido morto. A culpa é deles” – dizem muitos cristãos e muitas cristãs.
Intermediar o amor ao próximo, na forma de cotas, para jovens negros, excluídos durante séculos, para que encontrem finalmente uma chance de vida? “Nunca! Coisa de comunistas” – dizem pessoas que invocam Deus e pregam o amor!
Crianças que morrem de fome? “A culpa é dos pais! São pobres porque não têm fé – proclamam cristãos, especialmente os bem piedosos.
Matar um milhão de indígenas a cada século, sem nunca parar, até os dias de hoje, em disputas pelas terras? (Coisa normal, graças a Deus, Deus no comando, em nome de Deus, Deus sabe o que faz, Deus te abençoe, o amor é que vale, o amor é tudo, Deus é fiel). Devolver aos indígenas um milésimo das terras que lhes foram roubadas, para que possam viver? Jamais! Coisa de comunistas!
O fato de 6 famílias possuírem riqueza igual a 50% da população parece não irritar muita gente.
Mas qualquer projeto de socializar as fantásticas riquezas da natureza brasileira é vista como coisa condenável, coisa de comunistas.
Eu não vou concluir que nós cristãos e cristãs somos pessoas especialmente más. Não! Não somos nem melhores nem piores que outras pessoas. Queremos praticar a nossa fé e viver a ética do amor ao próximo. Há muitos exemplos elogiáveis de amor e solidariedade, de pessoa para pessoa, de indivíduo para indivíduo, de apoio à instituições filantrópicas.
O problema começa quando se trata de INTERMEDIAR O AMOR ATRAVÉS DA POLÍTICA. É aí que a porca torce o rabo e a vaca vai pro brejo, com corda e tudo. É aí que tudo se confunde e o ódio toma conta.
Onde está o problema? O problema é nossa resistência a duas análises: 1) Não queremos analisar e compreender a realidade social em que vivemos; 2) Não queremos analisar o perfil do Partido Político em que votamos. Não me refiro às promessas dos candidatos que sempre prometem trabalhar para os pobres. Refiro-me ao perfil dos seus PARTIDOS.
Preferimos dividir as pessoas em boas e más, colocar-nos do lado dos bons, condenar os pobres e classificar de comunistas quem faz projetos políticos para integrá-los. Mas só conhecendo o partido, e qual a classe social que representa, qual o modelo político que quer implantar, somente então saberemos como melhor viver nossa fé na nossa prática política e como viver a ética cristã do amor ao próximo dentro da nossa realidade.
Só faz boa colheita o colono que conhece sua roça. Só conseguiremos praticar a INTERMEDIAÇÃO POLÍTICA DO AMOR quando conhecemos a história do nosso País, a realidade social em que vivemos, a classe social que cada partido representa e o programa de governo que vai implantar. Então, sim, poderemos engajar-nos na prática de um amor ao próximo corajoso, amplo, transformador, com resultados sociais positivos e que melhora a qualidade de vida das pessoas que foram empurradas para a margem.
Caso contrário perigamos pregar amor, mas praticar desamor, com a melhor das intenções. E seremos cristãos piedosos, mas seremos maus cidadãos.
Já dizia minha mãe: “Quem não conhece o lugar onde bota os pés vai derrubar com a bunda o que tenta construir com as mãos”. Que grande sabedoria!
Quando nos negamos estudar a realidade social em que vivemos, quando nos negamos estudar o perfil dos partidos políticos que votamos, podemos tornar-nos cruéis negadores da fé que proclamamos; podemos tornar-nos violentos destruidores do amor que tanto exaltamos.
Além disso, podemos tornar-nos ridículos, porque denunciaremos como comunistas aqueles que realizam corajosamente o que nós pregamos, mas que não queremos realizar. Não porque somos maus, não porque cremos pouco, não por falta de fé e de religião, não porque não queremos amar, mas porque não fazemos análise da realidade em que vivemos.
Muito bom esse trabalho que termina na orientação de FAZER A ANÁLISE DA REALIDADE EM QUE VIVEMOS. Seguindo essa orientação, lembro que votei no PT que assumiria o poder em 2002, com o meu voto. Vi o programa do partido e o discurso que quem queria chegar à Presidência da República. Logo soube do escândalo do MENSALÃO onde o governo que eu acreditei passava a corromper deputados e senadores para atingir os seus objetivos que ainda estavam bem escondidos. Mesmo assim a minha consciência não permitia mais eu ficar aliado desse governo que passou a se pautar pela mentira e a empestar todas as repartições publicas e corromper entidades jurídicas das mais diversas especialidades, beneficiando além da capacidade gerencial, amigos dentro e fora do País. Hoje tenho firme convicção que os projetos que estão escritos nas plataformas políticas desses partidos que se locupletaram no governo, são formas de praticar o estelionato eleitoral como já aconteceu.
Hoje defendo um candidato, que parece o João Batista, o precursor de Jesus, que bradava no deserto com voz dura e áspera os pecados da plebe e dos governantes, sendo por causa disso decapitado, silenciado por arma branca. Este meu candidato, pela defesa dura da Verdade e da Justiça, foi também tentado silenciá-lo com arma branca, para sempre, como aconteceu com a “voz que bradava sozinho no deserto contra as iniquidades de sua raça”.
Um texto pretensamente assinado pelo Pastor Sílvio Meincke, pastor da IECLB em Santa Catarina e São Leopoldo, que mora atualmente na Alemanha, serve bem para nossas reflexões;
Primeira constatação: o Povo Brasileiro é muito religioso. Cada segunda rua tem nome de santo. Em cada esquina ouvimos aleluias. Jogadores entram em campo com o sinal da cruz. E o nosso linguajar invoca Deus a cada instante: Meu Deus! Graças a Deus! Por amor de Deus! Deus é grande! Deus te abençoe! Deus no comando! Portanto, não falta religião no Brasil e nem falta fé em Deus.
Segunda constatação: todos e todas concordamos que a Fé em Deus tem uma consequência ética. Para cristãos e cristãs a consequência ética máxima da fé em Deus é o AMOR AO PRÓXIMO. “Amarás o Senhor teu Deus... e o teu próximo como a ti mesmo” quem é membro de uma comunidade cristã conhece esse grande mandamento (Mateus 22: 36-40) e com ele concorda.
Penso que não há dúvidas em relação a essas duas constatações:
- Cremos em Deus.
Queremos praticar o amor ao próximo.
Quando o Rio Grande do Sul contava com 70% de analfabetos, e Brizola mandou erguer milhares de pequenas escolas primárias, por amor às crianças analfabetas, ele logo foi insultado como comunista, especialmente pelas pessoas piedosas e “fortes na fé”. Quando João Goulart queria fazer as Reformas de Base, com o fim de melhorar a vida de milhões de brasileiros/as, ele foi derrubado com um golpe e teve de fugir, apontado como comunista. E muitos cristãos aplaudiram o golpe. O Projeto Mais Médicos (uma prática de amor que beneficia 50.000.000 de pessoas) é apontado como uma coisa de comunistas.
Uma Reforma Agrária, com acesso à terra para famílias pobres (antes expulsas do campo, aos milhões, através da concentração das terras), é odiada como coisa de comunista.
Matar em média dez jovens negros, todas as noites, isso pode! “Bem feito. Vagabundos. Bandido bom é bandido morto. A culpa é deles” – dizem muitos cristãos e muitas cristãs.
Intermediar o amor ao próximo, na forma de cotas, para jovens negros, excluídos durante séculos, para que encontrem finalmente uma chance de vida? “Nunca! Coisa de comunistas” – dizem pessoas que invocam Deus e pregam o amor!
Crianças que morrem de fome? “A culpa é dos pais! São pobres porque não têm fé – proclamam cristãos, especialmente os bem piedosos.
Matar um milhão de indígenas a cada século, sem nunca parar, até os dias de hoje, em disputas pelas terras? (Coisa normal, graças a Deus, Deus no comando, em nome de Deus, Deus sabe o que faz, Deus te abençoe, o amor é que vale, o amor é tudo, Deus é fiel). Devolver aos indígenas um milésimo das terras que lhes foram roubadas, para que possam viver? Jamais! Coisa de comunistas!
O fato de 6 famílias possuírem riqueza igual a 50% da população parece não irritar muita gente.
Mas qualquer projeto de socializar as fantásticas riquezas da natureza brasileira é vista como coisa condenável, coisa de comunistas.
Eu não vou concluir que nós cristãos e cristãs somos pessoas especialmente más. Não! Não somos nem melhores nem piores que outras pessoas. Queremos praticar a nossa fé e viver a ética do amor ao próximo. Há muitos exemplos elogiáveis de amor e solidariedade, de pessoa para pessoa, de indivíduo para indivíduo, de apoio à instituições filantrópicas.
O problema começa quando se trata de INTERMEDIAR O AMOR ATRAVÉS DA POLÍTICA. É aí que a porca torce o rabo e a vaca vai pro brejo, com corda e tudo. É aí que tudo se confunde e o ódio toma conta.
Onde está o problema? O problema é nossa resistência a duas análises: 1) Não queremos analisar e compreender a realidade social em que vivemos; 2) Não queremos analisar o perfil do Partido Político em que votamos. Não me refiro às promessas dos candidatos que sempre prometem trabalhar para os pobres. Refiro-me ao perfil dos seus PARTIDOS.
Preferimos dividir as pessoas em boas e más, colocar-nos do lado dos bons, condenar os pobres e classificar de comunistas quem faz projetos políticos para integrá-los. Mas só conhecendo o partido, e qual a classe social que representa, qual o modelo político que quer implantar, somente então saberemos como melhor viver nossa fé na nossa prática política e como viver a ética cristã do amor ao próximo dentro da nossa realidade.
Só faz boa colheita o colono que conhece sua roça. Só conseguiremos praticar a INTERMEDIAÇÃO POLÍTICA DO AMOR quando conhecemos a história do nosso País, a realidade social em que vivemos, a classe social que cada partido representa e o programa de governo que vai implantar. Então, sim, poderemos engajar-nos na prática de um amor ao próximo corajoso, amplo, transformador, com resultados sociais positivos e que melhora a qualidade de vida das pessoas que foram empurradas para a margem.
Caso contrário perigamos pregar amor, mas praticar desamor, com a melhor das intenções. E seremos cristãos piedosos, mas seremos maus cidadãos.
Já dizia minha mãe: “Quem não conhece o lugar onde bota os pés vai derrubar com a bunda o que tenta construir com as mãos”. Que grande sabedoria!
Quando nos negamos estudar a realidade social em que vivemos, quando nos negamos estudar o perfil dos partidos políticos que votamos, podemos tornar-nos cruéis negadores da fé que proclamamos; podemos tornar-nos violentos destruidores do amor que tanto exaltamos.
Além disso, podemos tornar-nos ridículos, porque denunciaremos como comunistas aqueles que realizam corajosamente o que nós pregamos, mas que não queremos realizar. Não porque somos maus, não porque cremos pouco, não por falta de fé e de religião, não porque não queremos amar, mas porque não fazemos análise da realidade em que vivemos.
Muito bom esse trabalho que termina na orientação de FAZER A ANÁLISE DA REALIDADE EM QUE VIVEMOS. Seguindo essa orientação, lembro que votei no PT que assumiria o poder em 2002, com o meu voto. Vi o programa do partido e o discurso que quem queria chegar à Presidência da República. Logo soube do escândalo do MENSALÃO onde o governo que eu acreditei passava a corromper deputados e senadores para atingir os seus objetivos que ainda estavam bem escondidos. Mesmo assim a minha consciência não permitia mais eu ficar aliado desse governo que passou a se pautar pela mentira e a empestar todas as repartições publicas e corromper entidades jurídicas das mais diversas especialidades, beneficiando além da capacidade gerencial, amigos dentro e fora do País. Hoje tenho firme convicção que os projetos que estão escritos nas plataformas políticas desses partidos que se locupletaram no governo, são formas de praticar o estelionato eleitoral como já aconteceu.
Hoje defendo um candidato, que parece o João Batista, o precursor de Jesus, que bradava no deserto com voz dura e áspera os pecados da plebe e dos governantes, sendo por causa disso decapitado, silenciado por arma branca. Este meu candidato, pela defesa dura da Verdade e da Justiça, foi também tentado silenciá-lo com arma branca, para sempre, como aconteceu com a “voz que bradava sozinho no deserto contra as iniquidades de sua raça”.