O SER HUMANO É UM ETERNO INSATISFEITO

Prólogo

Ontem, fazendo um trabalho escolar, o meu amado neto Pedro Henrique (10 anos) escreveu que eu sou um "cara legal". Claro que nem todos pensam assim. Há quem me deseja todas as desgraças do mundo, mas esse veneno eu não bebo. Portanto, não me fará nenhum mal. Respondendo em quem ele (meu neto) se inspirava como homem de sucesso ele escreveu estribado em sua inocência infantil:

"Meu vovô materno Wilson é inteligente, rico (SIC) e vencedor porque é estudioso, dedicado e trabalhador...". – Agradecido, vi nessas palavras, depois de filtrar os excessos emocionais da criança, mais do que um incentivo para continuar a pelejar na dificílima arte da escrita nos estilos: conto, crônica, ensaio, ficção ou didática epistolar.

UM DIA ILUMINADO E PROFÍCUO

28/09/2018 (sexta-feira) - 05 h: 04 min

Hoje, apesar do calor e esplendor do astro rei sol não fui caminhar. Dormi bem, mas não quis me levantar. Ainda deitado resolvi urdir este texto teclando no “Word” instalado no ASUS Zenfone 5z – péssima experiência por conta do diminuto teclado virtual do celular. – Motivado, encarei o desafio. Sobrepondo letras e errando mais do que acertando escrevi mais para satisfação pessoal do que para quem dificilmente poderia enxergar e compreender minha real pretensão.

Chegando de uma fortíssima caminhada - (caminhei 9,6 km) no pátio do supermercado Walmart -, isso aconteceu ontem 27/09/2018 (quinta-feira)! Já no apartamento de minha adorável filha Fabianne, preparado o café com toda a ritualística necessária para consumir o apetecível pão francês, quentinho, ocorreu-me um pensamento de uma realidade triste e medonha.

A REALIDADE MEDONHA QUE ME ENTRISTECEU

Pensei nos milhões de pais de famílias desempregados, nos professores vilipendiados e outras classes de trabalhadores mal remunerados. Pensei nos animais abandonados nas casas, apartamentos e ruas; pensei nas mães sofridas com seus rostos escanifrados, nas crianças desnutridas, sujas, anêmicas, com suas costelas e vértebras de suas colunas vertebrais quase expostas sob a pele ressecada, desidratada.

Enfim, pensei nos farrapos humanos viciados pela utilização, segundo minha ótica, errada do livre-arbítrio e por suas famílias e o próprio Estado abandonados.

Pensei também nos presídios superlotados, nas mulheres agredidas, desrespeitadas por seus supostos apaixonados. Pensei nos hospitais apinhados de pessoas amontoadas como bichos sem donos, sem condições de comprarem seus medicamentos, sem ao menos terem uma refeição decente em seus casebres vetustos.

NADA MAIS FAZIA SENTIDO

Foi nesse momento que minha visão escureceu. Nada mais fazia sentido! O presunto defumado fatiado, a pasta de amendoim, a glutamina e a Nutella importados dos EUA; o pão de forma integral com grãos e chia, o iogurte com granola, o queijo fresco; os ovos estrelados ao ponto; as frutas doces e maduras... Nem mesmo o aroma forte e gostoso do café eu não mais percebia.

A minha vida e equilíbrio socioeconômico que estava tranquila, sem medos, confortável, doce em demasia, chegava a dar náuseas, escurecia e obstava minha visão. Isso, toda essa fartura, certamente eu não merecia ou naquele momento não mais a queria.

OUTROS DEVANEIOS TRISTES E AS MUDANÇAS PESSOAIS QUE DESEJAMOS

No início de um relacionamento afetivo amamos as pessoas como são. Depois que estão conosco, sob um mesmo teto, começamos a enxergar suas limitações econômicas, socioculturais, seus inúmeros defeitos. Ora, é preciso aceitar que não há ser humano perfeito!

Nesse clima de observações as animosidades crescem! Iniciam-se as críticas ácidas, as discussões aos gritos, os desrespeitos mútuos, as birras, as frustrações. Ao nosso modo tentamos "moldar do nosso jeito" nossos consortes sem sabermos que esse "nosso jeito" são nossas projeções.

Essas pessoas (familiares, amigos e amigas) que idealizamos em nossas mentes provavelmente insanas e esconsas, demasiadas certinhas, são holografias que não existem... E se existissem, enjoaríamos delas assim como enjoamos das guloseimas importadas, dos excessos provocados pela gula e outras trivialidades passageiras materiais.

CONCLUSÃO

O nosso (não sou exceção) crasso erro é que desejamos e sempre teimosamente queremos transformar as pessoas sob a nossa ótica do que entendemos ser correto para depois descartar, abandonar como uma coisa qualquer.

Isso mesmo. Tentamos a todo instante fazer isso! E quando aquela pessoa muda, muito provavelmente, esse alguém de quem gostávamos não estará mais lá, isto é, não será mais a mesma.

No encerramento deste insosso escrito quero desejar longa vida, saúde, paz, luz e bom siso aos meus familiares, amigos e amigas. Até mesmo... Por que não? Para quem desejou e/ou deseja a mim "todas as desgraças do mundo" desejo luz, muita razão, prosperidade e equilíbrio.

A partir de hoje e agora quero aceitar, não sei se tardiamente, cada qual a sua maneira e com o seu jeito de ser e pensar. Enfim, compreendi uma verdade: O SER HUMANO É UM ETERNO INSATISFEITO.