Tecido social
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Tecido social
Cinco corpos foram desenterrados em Iguatu, pelo Corpo de Bombeiros Militar, em apenas duas semanas. Possivelmente, mais corpos ainda serão encontrados no decorrer das investigações impetradas em razão de crimes bárbaros que mudaram a dinâmica de um povoado a 20 km do centro da cidade e têm invadido o imaginário de todos nós. Situação atípica e cheia de peculiaridades estarrecedoras? Sim. Entretanto, resultado de pequenos equívocos individuais e coletivos, todos interligados.
O corpo encontrado na quinta-feira da semana passada não tem relação aparente com os quatro anteriormente descobertos, mas a motivação para amarrar as pernas e enterrar a vítima, muito provavelmente tenha inspiração nos episódios que foram veiculados nos últimos dias. É o mal fazendo escola, inspirando novos criminosos e aterrorizando o cidadão.
Necessitamos, enquanto homens e mulheres, retomar valores e temores perdidos e/ou esquecidos ao longo das últimas décadas e entender que é na família que está a essência do bem, transcendendo para uma espiritualidade que nos fez essencialmente bons e gregários (por necessidade). Sem bons princípios e valores éticos fortalecidos, com a destruição gradual e adredemente planejada da hierarquia familiar e a sucessão de maus exemplos, construímos uma geração frágil, imediatista e insensível que se liquefaz nos vazios dos vícios, que nada preenchem, mas deixam sequelas no tecido social difíceis de serem remendadas em curto e médio prazos.
Precisamos repensar a educação dos nossos jovens, resgatar valores cristãos e entender que o temor a Deus, na efemeridade das nossas existências, impõe limites que transformam nosso agir. O mundo precisa de oração, família e de paz. Segundo Nietzsche, numa dimensão diversa da cristã, mas igualmente válida, “o medo é o pai da moralidade” – Portanto, necessário para a imposição de balizadores das condutas humanas.
Devemos cultuar o bem, difundir ideias que acrescentem; incentivar o jovem a pensar e agir em função do outro e não apenas de si mesmo. Devemos formar cidadãos e não apenas máquinas que nasceram para vencer. Precisamos permitir, junto àqueles que amamos, os fracassos e as frustrações, posto que não nascemos para vencer sempre. Suportar traumas nos torna melhores, mais tolerantes e mansos. E que prevaleça, ao final das nossas existências, o amor.
Faz-se mister que nossos jovens, no seio familiar e coletivo, esbanjem felicidade, alimentem-se de boas notícias e floresçam entre harmonias e consensos, pois divulgando e vivenciando tragédias, diária e continuamente, já tem gente demais.
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De repente, uma voz sentencia: – “Vá e mate ou morra em nome daquilo em que você não precisa acreditar. Acredite apenas em mim e nas mentiras que eu te contarei”.
Assim, jovens vão e morrem, em guerras inúteis. Racionalidade – A qualidade humana, apenas humana, que possibilita matar por prazer, ambição, desídia.
Ten Cel BM Nijair
Cmt do 4° GB – Iguatu
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Publicado no Jornal a Praça, em 09/06/2018.
Iguatu-CE
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