A liquidez "nossa" na pós-modernidade

 
 
Ficou para trás o tempo em que os conceitos eram sólidos: as ideias, ideologias, blocos de pensamentos moldando a realidade, as interações e relacões interpessoais. Vivemos em tempos de liquidez. As mudanças ocorrem tão rapidamente, nos fazendo crer que nada foi/é feito para durar. O cenário mundial é de incertezas. É o tempo do "cada um por si."
Para os nossos pais e avós, que viveram em tempos mais seguros, progresso era sinônimo de dias melhores. Para nós, progresso significa ser prisioneiro dentro da própria casa... ou ser assaltado e, sem esboçar qualquer reação, nem proferir palavra alguma, ser assassinado.

Segundo o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, o século 20, com suas conquistas e inovações tecnológicas, embates políticos e guerras assistiu a derrocada desse mundo sólido. E a fluidez do líquido veio junto com a pós- modernidade, ignorando divisões e barreiras, assumindo formas diversas, preenchendo os espaços e dissolvendo crenças, certezas e práticas.
O mundo sólido e o mundo líquido se opõem. E, é nesta oposição que se baseia o pensamento de Zygmunt Bauman.
Os tempos são "líquidos" porque tudo está mudando constantemente. Nada é feito para durar, para se solidificar.
É impressionante como as pessoas mudam de ideia ou de opinião o tempo todo. A palavra já não possui o mesmo valor, deixou de ter significado, deixou de ser "questão ou palavra de honra". De repente o que foi dito passa a "não dito" ou a não valer mais... É bastante comum ouvirmos alguém dizer com naturalidade: "Ah, esquece o que eu falei! Já não está mais aqui quem falou."
Ainda segundo Zygmunt,  dessa liquidez pós-moderna também resultaria, entre outras questões, a obsessão pelo corpo perfeito, o culto às celebridades, o endividamento geral, a paranóia com segurança e, inclusive a instabilidade dos relacionamentos amorosos.


"Quanto mais envelheço, mais amplio a perspectiva na qual baseio minha avaliação da situação. Primeiro eu me concentrei em alguns excessos da modernidade, depois passei a analisar a lógica ou a falta de lógica da modernidade líquida. Foram estudos limitados pela perspectiva histórica, mas sou pessimista em relação ao curto prazo e otimista em relação ao longo prazo. Quando analisamos a história da humanidade, apesar da nossa tendência de esquecer a história, da crise da memória histórica, apesar disso, a história da humanidade é animadora. Ela era muito mais cruel e sórdida antes. É muito menos cruel e sórdida agora, apesar de tudo de terrível e ultrajante que acontece. Houve muitas crises na história da humanidade, muitos períodos de interregno, nos quais as pessoas não sabiam o que fazer, mas elas sempre acharam um caminho. A minha única preocupação é o tempo que levarão para achar o caminho agora. Quantas pessoas se tornarão vítimas até que a solução seja encontrada?"

"Estamos cada vez mais aparelhados com iPhones, tablets, notebooks, etc. Tudo para disfarçar o antigo medo da solidão. O contato via rede social tomou o lugar de boa parte das pessoas, cuja marca principal é a ausência de comprometimento. Este texto tem como base a ideia do "ser líquido", característica presente nas relações humanas atuais. Inspirado na obra "Amor Líquido" - sobre a fragilidade dos laços humanos, de Zigmunt Bauman. As relações se misturam e se condensam com laços momentâneos, frágeis e volúveis. Num mundo cada vez mais dinâmico, fluído e veloz. Seja real ou virtual."
Zygmunt Bauman
Sociólogo e filósofo polonês.

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Fonte de pesquisa:
https://www.fronteiras.com/entrevistas/a-fluidez-do-mundo-liquido-de-zygmunt-bauman
http://lounge.obviousmag.org/de_dentro_da_cartola/2013/11/zygmunt-bauman-vivemos-tempos-liquidos-nada-e-para-durar.html
Que as nossas amizades e demais sentimentos e ideias (em comum)
que nos aproximam e nos unem
não se dissolvam ao sabor dos ventos
ou pior: dos líquidos!
Um beijo com amor e afeto:
Aparecida Ramos
(autora de: "Palavras da Alma"
Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 11/09/2018
Reeditado em 11/09/2018
Código do texto: T6445114
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