As Luzes Do Natal
 
 
Somos um ser cultural.
Nós somos tom, caráter, qualidade de vida, estilo moral e estético. Dessa base construímos nossa visão de mundo, nossos conceitos sobre a vida, a natureza, a liberdade, a verdade, a sociedade, a política, a religião e muitos outros temas. É a partir daí que concebemos nossas experiências e organizamos nossa conduta ao gerar significados reconhecidos pelo grupo.
Esses significados que nos identificam e nos diferenciam são sempre mantidos através de símbolos: a cruz lembra religião, a bandeira – instituição, o coração – o amor, o coelho – o natal, o raio de luz – a esperança...
A luz é um desses símbolos que comparecem nas expressões de engrandecimento que projetam os sinais de confiança e esperança, como  na expressão bíblica:
 
    º Eu sou a Luz do mundo, quem me segue não andará nas trevas, pelo contrário terá a luz da vida - João 8.12.
 
A ideia de luz lembra a possibilidade de reconhecimento. Sem a luz, a descrição das formas, o perfil que permite a identificação se nega ao olhar e impede que o ente se revele como espécie de natureza decifrável. Sem luz, essa contingência de objeto sensível assume uma feição transcendente ao se distanciar das possibilidades das explicaçdas possibilidades das explicaç esões racionais e abrigar-se em outros lugares, nos espaços dos mistérios, ali onde o infinito dissolve o conhecimento limitado dos homens.
Essa mesma luz que ilumina e tem a força de fazer a criatura se mostrar, é a mesma luz que inebria ao se maravilhar como nascimento, a exemplo da glorificação da criação bíblica: Que sirva de sinal para marcar as festas, os dias e os anos - Gênesis 1.14.  E Ele viu que a luz era boa.
 
Toda Terra em luz
Os sinos tocando hinos
 
Luzes e hinos, lembrados pelos sinos que tocam, celebram o encontro do infinito com o transitório, lugar de pobres homens de horizontes de mínimos saberes, e nisso se forma o traço de união que nos compromete com o incondicional, mundo que se traduz nos termos absolutos: o Bom, o Belo, o Justo que se idealiza conseguir.
 
Toda Terra em Luz
Os sinos tocando hinos
Saudando Jesus.
 
Conseguir envolve busca. É no trajeto dessa procura, então, que iluminamos e somos iluminados. No percurso dessa jornada de busca, a luz da reflexão faz o espírito auscultar a sinfonia da vida matizada na alegria da expressão que o Bom, o Belo e o Justo produzem ao se mostrarem, ainda que de relance, em forma de risos e de abraços. Nesses gestos,  testemunhamos a possibilidade da epifania, da festa em que sentimos a presença da manifestação divina no instante do congraçamento.
E a luz se faz em cada canto da Terra.
 
É Natal!!
 
Natal é luz, hino,  alegria, vezes melancolia, muito de esperança. É a presença do Infinito nos corações. A grande movimentação nas lojas a busca de presentes e as mesas abastadas de iguarias nada têm a ver com o espírito do Natal. Aliás, essa alegria e troca de presentes estão nas raízes das festividades pagãs, em honra ao deus Saturno, que eram comemoradas de 17 a 22 de dezembro. A igreja católica entendeu que devia cristianizar esse movimento e fixou 25 de dezembro como referência ao nascimento de Jesus, o que é historicamente negado. Assim, em vez de proibir as festividades pagãs, forneceu-lhes um novo significado e uma linguagem cristã.
As luzes do Natal não são os brilhos das vitrines e das praças convocando para as compras desenfreadas. As luzes do Natal são as vibrações que dominam nossas almas na busca da construção do afeto, da fraternidade, do amor que acolhe, do abraço que protege, do perdão mil vezes concedido. Este, sim, é o espírito do Natal e do Hai-Kai do amigo e colega Antonio Barreto Bomfim:
 
Natal
 
Toda Terra em Luz
Os sinos tocando hinos
Saudando Jesus.
Antonio Pereira Sousa
Enviado por Antonio Pereira Sousa em 02/08/2018
Código do texto: T6407592
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