Dia Mundial dos Avós: reflexões sobre a longevidade o Brasil.
26 de Julho é o Dia Mundial dos Avós. Homenagem herdada de Santana e São Joaquim, pais de Maria Santíssima, avós de Jesus Cristo, nosso Deus e Senhor. Dizem que ser avô, ou avó é ser pai, ou mãe duas vezes. Também se pode dizer que depois de muitos aniversários as pessoas tornam-se avós, não sendo pai, nem mãe nenhuma vez. Em um belo dia ouviremos esse doce chamado. Vó! Vô! Palavras tão pequenas, repletas de ternura, respeito e admiração têm o dom de aproximar gerações, afastar a solidão, elevar a autoestima e despertar a alegria de viver em quem talvez já não espere nada do porvir. Mas se a longevidade no Brasil é privilégio de poucos, não tardará a ser privilégio de uma parcela expressiva da população. Segundo o IBGE, em 2050 serão 66,5 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade, contra 24 milhões atualmente. Ocorre que o país está passando por uma transição demográfica, consequência do desenvolvimento tecnocientífico, responsável pelo aumento da expectativa de vida da população. Em 1940 vivia-se, em média, 45 anos e na atualidade a expectativa de vida é de 77 anos; Também se reduziu a taxa de fecundidade que desde 2010 caiu abaixo da taxa de reposição populacional, equivalente a 2,1 filhos por mulher. Segundo especialistas, para se assegurar a reposição populacional, a taxa de fecundidade não pode ser inferior a 2,1 filhos por mulher, pois as duas crianças substituem os pais e a fração 0,1 é necessária para compensar os mortos antes da idade reprodutiva. Assim a população brasileira torna-se paulatinamente longeva. Em breve seremos um país de pessoas idosas cuidando de pessoas idosas, mas com um agravante. Ao contrário dos países desenvolvidos, que enriqueceram antes de envelhecer, no Brasil a longevidade avança em meio à pobreza, suscitando a urgência de modificações radicais nas políticas públicas de saúde, assistência social e mobilidade urbana, de modo a contemplar medidas garantidoras de robustez, independência e autonomia às pessoas idosas, para que tenham qualidade de vida e se mantenham produtivas por mais tempo. Quanto à mobilidade urbana, os desafios são eminentes. As cidades não são adequadas à nova realidade. Calçadas esburacadas, tempo nos semáforos insuficiente para uma travessia segura, transporte coletivo precário. Os Conselhos Municipais dos Direitos do Idoso têm conseguido avanços em fazer cumprir o Estatuto do Idoso no país, onde o descaso, o preconceito e a violência contra idosos (as) são uma triste realidade. Mas cuidar das pessoas idosas é uma tarefa de toda a sociedade. A Igreja Católica assumiu este compromisso criando em 2004 a Pastoral da Pessoa Idosa, a qual atende atualmente 130 mil idosos em todo o país. A metodologia da PPI baseia-se na visita domiciliar, que além de levar conforto espiritual e afetivo, também contempla uma dimensão social, orientando as pessoas idosas sobre prevenção de quedas, necessidade da ingestão diária de água, importância da vacinação e da prática semanal de exercícios físicos. A visita domiciliar também orienta as pessoas sobre a rede de atenção básica à saúde e assistência social disponível no município. Este serviço pastoral conseguiu reduzir em 30% o número de quedas das pessoas visitadas, repercutindo sobre a redução dos custos da internação hospitalar, bem como da morbidade por causa das quedas, principal causa de morte na longevidade. Assim a PPI contribui para o aumento da expectativa de vida da população. Mas nada disso seria possível sem a generosidade, a dedicação e a seriedade com que as lideranças abraçaram essa causa tão nobre.