REALIZAÇÃO DOLOROSA

Nós, cristão, imbuídos da tarefa de realizar as lições que Jesus nos deixou para o aperfeiçoamento espiritual e aproximação ao Pai, podemos ficar impactados com muitas situações que nos levam ao precipício do pessimismo.

Quando estamos dentro de uma obra de amor, às vezes cremos que iremos desfalecer pelo peso das desilusões. Mil tormentos podem chegar às nossas mentes e chegamos a pensar que a morte seria o alívio para todas essas dores. A estafa que pode nos atingir faz a gente considerar as sombras ao nosso redor e que anulam as nossas esperanças e aspirações.

A vitória dos maus faz nos sentir como se estivéssemos com fortes algemas, sem conseguir abrir. Pode acontecer que nossos sonhos se transformem em pesadelos, e isso nos faz recear.

Alguns autores chegam a orientar que procuremos sonhar acordados para enxergar e tentar desviar dos pesadelos que possamos encontrar pelos caminhos.

Muitas vezes a queda que nos surpreende, faz com que fiquemos no lodo da amargura, com dificuldade de ascensão.

Com tantas lutas a enfrentar podemos pensar em novo recomeço, em trilhar caminhos diferentes dos que estamos percorrendo. Uma espécie de fuga do momento que enfrentamos. Não fujamos do campo de batalha, sabendo que a melhor coisa que acontece é que tudo se transforma, tudo tem um fim, e que quando algo termina é porque algo recomeça.

Devemos seguir a orientação cristã, de não se afligir nem queixar, aprimorar o pensamento e orar com fervor. Se já temos o costume de orar, então devemos orar com mais frequência, refugiar-nos na paciência, cultivar ideias superiores. Não esqueçamos que se estamos ligados ao bem atuante pelo pensamento, o bem atuará sobre nós.

Vamos promover os pensamentos superiores em qualquer direção, pois aonde os atirarmos, como expressões vivas que arremessamos, eles se corporificarão aqui ou ali, envolvendo-nos ou envolvendo também os outros. Por isso devemos insistir nas construções mentais superiores.

Por outro lado, devemos evitar as ideias deprimentes, não consentir na associação da nossa mente com ideias negativas, mesmo quando magoado ou ofendido. Não podemos dar guarida a intercâmbios mentais nefastos, com inteligências perniciosas da Erraticidade.

Vejamos o exemplo do rio, que é escravo do leito, mas também é arquiteto do próprio leito. Invariavelmente, o mal que nos fazem é consequência do mal que fizemos. Examinemos, na aflição que agasalhamos, se não teria sido nós os primeiros a insultar. Se meditarmos, poderemos descortinar acontecimentos que não ligamos ao que acontecia, mas que foram fundamentais no desentendimento e na luta. Quase sempre somos frutos dos nossos atos impensados, de nossas reações irrefreadas.

A palavra de ordem para nosso Espírito agir sobre a carne é: policia as palavras; disciplina as atitudes. Evitemos toldar a água generosa do nosso esforço positivo com a ira da irreflexão. Aprendamos com a árvore, que responde aos açoites que recebe com novos ramos que estende cheios de frutos, com a noite tranquila que revida as ofensas das sombras com um bordado de estrelas no céu.

Vamos eleger, mesmo sofrendo, mesmo chorando, a humildade e a resignação como companheiras preciosas que não podemos prescindir. Devemos nos renovar a cada dia, perseverando a todo instante na certeza que a tempestade que devasta é igualmente benfeitora ignorada que arrasta mazelas magnéticas, insetos nocivos, micróbios danosos e descargas elétricas perniciosas, limpando o ar e vitalizando a terra.

Assim, fica o conselho: sigamos mesmo que chorando, para realizar o bem no campo do amor sem fim. Existe momentos que precisamos de grande resignação, extravagante humildade e em Deus nos aquietarmos.

O Mestre Jesus já dizia, “buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas as coisas lhe serão acrescentadas”. Quem se aplica à batalha da sublimação, perdoa e esquece as ofensas, males, dores, e sombras para pensar somente no Reino dos Céus, guarda a paz consigo e constata que tudo o mais está acrescido ao próprio coração.