TÁXI: O AUTISMO DAS LIDERANÇAS
Há mais de dois anos, acompanho e participo do empenho dos taxistas para afirmarem a profissão, que é reconhecida por lei federal desde 2013. Afirmação que se fez necessária desde a entrada ilegal no Brasil de aplicativos estrangeiros como o Uber. Existia uma lenda de que os taxistas possuíam sindicatos fortes, mas a realidade demonstrou que esses sindicatos, na maioria dos estados, são entidades de fachada, butiques de despachantes. Devido a ausência prática dos sindicatos, surgiram pequenos grupos e lideranças isoladas que levantaram a bandeira de defender toda uma classe de trabalhadores sem representatividade política. A partir disso, o que observamos foram resultados de pouca relevância e um discurso que beira a esquizofrenia.
A maior parte da liderança dos taxistas se empenhou em estreitar relacionamento com os políticos com mandato nas esferas municipal, estadual e federal. Algumas dessas lideranças promoveram a aproximação visando aos próprios interesses e projetos eleitorais. É óbvio que para conseguir proteger o ofício dos taxistas a relação com vereadores, deputados e senadores se tornou inevitável. No entanto, um detalhe relevante chama a atenção. Os líderes de movimentos em prol dos táxis se prenderam a um discurso voltado apenas para os taxistas, um discurso interno, uma narrativa corporativa que desprezava o único elemento que poderia salvar a categoria: os passageiros, que são os usuários diretos do serviço.
O Uber fala para fora, cooptou a grande imprensa, dialoga com usuários e os incita a pressionar os políticos através de e-mails e manifestações em Redes Sociais. Já as tais lideranças dos taxistas prosseguem num debate interno, conflituoso e confuso, nunca falaram com o usuário e quando quiseram dar recado imitaram os descontos abusivos em corridas praticados pelos aplicativos e que deterioram a qualidade de vida dos motoristas. Jamais tentaram cooptar jornalistas ou influenciadores de opinião. Pelo contrário, as lideranças promoveram passeatas que interrompiam o trânsito e geravam mais antipatia pública. Movido por essas lideranças, os taxistas quase nunca chegaram a lugar algum e adotaram uma postura com doses de autismo, que ainda os aliena do mundo exterior.
Desde o início da luta, como jornalista e conhecedor do sistema de táxis, caminhei na contramão dos líderes da classe. Não me envolvi com políticos, não os bajulei, não criei relações que me rendessem futuras benesses eleitorais. Através de dezenas textos na imprensa e vídeos, busquei provocar o questionamento dos passageiros de táxi sobre a fraude oferecida pelos aplicativos. Modéstia à parte, convenci muitos desses usuários a reavaliarem as falsas vantagens propagadas pelo marketing do Uber. Por muito tempo, fui uma voz clamando no deserto; mas é no deserto, muitas vezes, o lugar mais propício para confrontarmos os demônios.
O Uber demonstrou que é primordial fazer a cabeça do seu público e induzir o seu público a intimidar a cabeça da atual política acovardada. Por incrível que pareça, os taxistas continuam perdidos num labirinto narcísico, num ombro a ombro com políticos, esquecendo de seduzir a população sobre o diferencial de segurança e sobre a necessidade de não reduzir a bico indigno um trabalho que foi referência e tradição secular em muitas cidades.
Os aplicativos de transporte individual privado são, na verdade, grandes empresas de táxis cuja única diferença é a de não fornecerem as ferramentas de produção aos motoristas. Não oferecem nada: nem carro, nem seguro, nem segurança, nem manutenção, nem carteira assinada, nem qualquer vínculo empregatício, nem mesmo um copo d’água. Ficam com o lucro percentual que cobram em cima da mão de obra de um trabalhador que é sumariamente explorado. Os taxistas já estão cansados de saber disso. Cabe às lideranças convencerem o mundo ao redor que está muito além dos grupos de WhatsApp. É o que eu faço.
Há mais de dois anos, acompanho e participo do empenho dos taxistas para afirmarem a profissão, que é reconhecida por lei federal desde 2013. Afirmação que se fez necessária desde a entrada ilegal no Brasil de aplicativos estrangeiros como o Uber. Existia uma lenda de que os taxistas possuíam sindicatos fortes, mas a realidade demonstrou que esses sindicatos, na maioria dos estados, são entidades de fachada, butiques de despachantes. Devido a ausência prática dos sindicatos, surgiram pequenos grupos e lideranças isoladas que levantaram a bandeira de defender toda uma classe de trabalhadores sem representatividade política. A partir disso, o que observamos foram resultados de pouca relevância e um discurso que beira a esquizofrenia.
A maior parte da liderança dos taxistas se empenhou em estreitar relacionamento com os políticos com mandato nas esferas municipal, estadual e federal. Algumas dessas lideranças promoveram a aproximação visando aos próprios interesses e projetos eleitorais. É óbvio que para conseguir proteger o ofício dos taxistas a relação com vereadores, deputados e senadores se tornou inevitável. No entanto, um detalhe relevante chama a atenção. Os líderes de movimentos em prol dos táxis se prenderam a um discurso voltado apenas para os taxistas, um discurso interno, uma narrativa corporativa que desprezava o único elemento que poderia salvar a categoria: os passageiros, que são os usuários diretos do serviço.
O Uber fala para fora, cooptou a grande imprensa, dialoga com usuários e os incita a pressionar os políticos através de e-mails e manifestações em Redes Sociais. Já as tais lideranças dos taxistas prosseguem num debate interno, conflituoso e confuso, nunca falaram com o usuário e quando quiseram dar recado imitaram os descontos abusivos em corridas praticados pelos aplicativos e que deterioram a qualidade de vida dos motoristas. Jamais tentaram cooptar jornalistas ou influenciadores de opinião. Pelo contrário, as lideranças promoveram passeatas que interrompiam o trânsito e geravam mais antipatia pública. Movido por essas lideranças, os taxistas quase nunca chegaram a lugar algum e adotaram uma postura com doses de autismo, que ainda os aliena do mundo exterior.
Desde o início da luta, como jornalista e conhecedor do sistema de táxis, caminhei na contramão dos líderes da classe. Não me envolvi com políticos, não os bajulei, não criei relações que me rendessem futuras benesses eleitorais. Através de dezenas textos na imprensa e vídeos, busquei provocar o questionamento dos passageiros de táxi sobre a fraude oferecida pelos aplicativos. Modéstia à parte, convenci muitos desses usuários a reavaliarem as falsas vantagens propagadas pelo marketing do Uber. Por muito tempo, fui uma voz clamando no deserto; mas é no deserto, muitas vezes, o lugar mais propício para confrontarmos os demônios.
O Uber demonstrou que é primordial fazer a cabeça do seu público e induzir o seu público a intimidar a cabeça da atual política acovardada. Por incrível que pareça, os taxistas continuam perdidos num labirinto narcísico, num ombro a ombro com políticos, esquecendo de seduzir a população sobre o diferencial de segurança e sobre a necessidade de não reduzir a bico indigno um trabalho que foi referência e tradição secular em muitas cidades.
Os aplicativos de transporte individual privado são, na verdade, grandes empresas de táxis cuja única diferença é a de não fornecerem as ferramentas de produção aos motoristas. Não oferecem nada: nem carro, nem seguro, nem segurança, nem manutenção, nem carteira assinada, nem qualquer vínculo empregatício, nem mesmo um copo d’água. Ficam com o lucro percentual que cobram em cima da mão de obra de um trabalhador que é sumariamente explorado. Os taxistas já estão cansados de saber disso. Cabe às lideranças convencerem o mundo ao redor que está muito além dos grupos de WhatsApp. É o que eu faço.