O Mundo a Expressão a Arte
Deveria ser expressamente proibido coibir o direito de expressão de qualquer indivíduo. Este que certamente é o cerne de qualquer coisa viva.
Tornou-se frequente em nossa sociedade o uso de rótulos e divisões (justificando-se ser a favor do bem, do bom e da justiça). — Balela — A ferramenta certamente se apossou do artesão.
A partir do momento da concepção da cria há um cinzel que começa a talha-la. O cinzel invisível que mais tarde será capaz apenas de criar círculos perfeitos. O quase irredutível ciclo tem início quando criador toma a cria como posse e deposita nela seus sonhos, desejos, e inevitavelmente seu vazio (manifestado como medo). — É como um artista que fez sua obra de arte e aceitando essa ser sua última grande criação faz um esforço imprescindível para glorifica-la o resto de sua vida.
O mundo da cria torna-se o mundo do criador e a cria não é capaz de expressar a si mesma. Ela grita pedindo para que pare, mas seu criador apenas ignora, quando na verdade é o criador que não aceita mudar a si mesmo e quebrar a cadeia. A cria, cedo ou tarde, torna-se o rebelde e toda expressão que lhe foi negada, todo seu sofrimento vai aos poucos ser transferido para a fonte original conforme ela toma consciência do ciclo.
O cinzel começa então de fora para dentro e a vida torna-se confusa com o fora e com o dentro que, de fato, nunca existiu. E enquanto esse sentimento de posse e necessidade for alimentado e realimentado, cada vez com mais dificuldade e gerando mais atrito, o ciclo vai se renovando mais e mais forte. Enquanto o criador não abre mão da sua “obra de arte”, enquanto ele tenta impedir a expressão do sofrimento e da angústia o ciclo vai estar sempre fechado perfeitamente, mas sempre haverá algo a incomodar e que não vai cessar enquanto o circulo não projetar-se verticalmente e finalmente tornar-se uma espiral.