O Koan e a Fluoxetina

Antigamente o acesso aos Koan e todos seus benefícios era para poucos. Apenas os mais nobres chegavam a ter esse tipo de instrução, de conhecimento. Lentamente o homem foi evoluindo e cada vez mais esse acesso se tornou possível a grande maioria dos habitantes do planeta.

Até o meio século passado (relativamente não há muito tempo) tínhamos maneiras muito inteligentes e realmente criativas de lidar com problemas, mas com a intervenção de remédios receitados indevidamente por maus profissionais da área da psiquiatria nos tornamos mais dependentes, presos a muletas, sem chance alguma de nos defender. Assim o egoísmo se alastrou.

Mas, qual egoísmo? Do que se trata? O egoísmo do capital? Do poder? Não é bem por ai...

O egoísmo que surge a partir do momento que nos tornamos reféns de nós mesmos, no momento em que nos limitamos e auto sabotamos — aí sim surge o egoísmo que julgamos e que necessitamos nomear e explicar de qualquer forma.

O meio do século XX foi o grande início da crise; o começo do milênio até os dias atuais o auge; foi iniciado um ciclo vicioso e não há a quem culpar: cria-se um Koan e “resolve-se” através de medicamento e alienação — política, religiosa, esportiva.

E o que até agora não foi muito bem explicado é o que é o tal do Koan. Pois bem, trata-se de um diálogo, uma narrativa ou uma afirmação que compreende um entendimento inacessível pela razão. Criado pelos Zen-Budistas com o objetivo principal de trazer o discípulo a iluminação, ou seja, força-lo a procurar por seus próprios meios as respostas, ver por si mesmo, dissolver a ignorância que reside nele.

Hoje, apesar de vivemos imersos em Koans, nem se quer damos a atenção correta e devida que merecem e a benção inevitavelmente se tornou maldição. Todas nossas perguntas mais íntimas encontram respostas e para tudo há o Google e a fluoxetina.