SERES DESCARTÁVEIS

Nao é necessário ser um sapiente sociólogo ou antropólogo, para perceber o dualismo que as atuais relações humanas testemunham pelo caminho. Somos fábricas de conflitos mentais — quase sempre sem reais parâmetros- que geram inquietações e insatisfações incessantes nos relacionamentos contemporâneos.

“A modernidade líquida em que vivemos traz consigo uma misteriosa fragilidade dos laços humanos.[...] A insegurança de desejos conflituantes de estreitar laços e, em simultâneo, mantê-los frouxos.[...], "afirma o sociólogo polonês Zygmunt Bauman.

Amar e "desamar", apaixonar e "desapaixonar", admirar e desestimar, tornaram- se virtudes igualmente efêmeras. Afinal, são tantas as opções que os meios tecnológicos oferecem-nos! Enquanto tu te relacionas com uma, duas ou três pessoas, mantém uma conversa com outras no WhatsApp, troca mensagens pelo Facebook com mais algumas. As pessoas estão cada vez mais acessíveis no "catálogo humano" e contam com respostas rápidas. Ah?..caso nenhuma dessas citadas corresponda-te ou agrade o suficiente, ainda tem a lista do (App) de "amizades".

O aspecto leviano das relações humanas ocasionou um conjunto de ''vínculos" e indivíduos “descartáveis”. Porque são tempos líquidos. A fila anda muito depressa, formando o que Bauman intitula de “amor líquido”.

Tu até tens admirarão pelo teu ''companheiro''de relacionamento, mas, se algo não está bom: descarta! Afinal… não consertamos mais sapatos, roupas, móveis antigos, menos ainda relacionamentos. São tantas ofertas e facilidades, mais fácil trocar por um novo.

Amor e relacionamentos tornaram-se algo que tem como paradigma, os bens de consumo. Mantenha-os enquanto eles trouxerem total satisfação e os substitua por outros que prometem ainda mais satisfação.

Mas… sobre o que raramente refletimos é que nessa selva tecnológica, somos caçadores e também caça. Lidar com pessoas, como se fossem seres descartáveis torna-nos, da mesma maneira, descartáveis e fúteis. Levando-nos a trilhar um caminho contrário ao da evolução humana. Desistimos rápido e nessa selva de ofertas, acabamos conhecendo de forma muito rasa, pessoas que podem ser altamente profundas. Mas o nosso imediatismo, não nos permite mergulhar.

É certo que estas relações são o reverbero da sociedade em que vivemos e não podemos anular ou ignorar este acontecimento. Mas, podemos — e sobretudo devemos — passar por uma espécie de sagaz ponderação para reconsiderarmos conceitos e atitudes. Se chegarmos a uma reflexão genuína, capaz de alcançar a essência humana, perceberemos que somos seres sociáveis, relacionais. Para recebermos e oferecermos o que temos de mais valioso, é preciso gerar conexões. Pois, só através delas transcendemos a nossa própria existência e a frieza do individualismo. Isso, já é o começo para fortalecermos possíveis vínculos, menos desumanos.

Referência: BAUMAN, Zygmunt. “Amor líquido”2009.

SERES DESECHABLES

No es necesario ser un sociólogo o un antropólogo avispado para percibir el dualismo que las relaciones humanas actuales presencian en el camino. Somos fábricas de conflictos mentales —casi siempre sin parámetros reales— que generan inquietudes e incesantes insatisfacciones en las relaciones contemporáneas.

“La modernidad líquida en la que vivimos trae consigo una misteriosa fragilidad de los lazos humanos.[...] La inseguridad de los anhelos contrapuestos de estrechar lazos y, al mismo tiempo, mantenerlos sueltos.[...]”, dice el sociólogo polaco Zygmunt Bauman.

Amar y “desenamorarse”, enamorarse y “desenamorarse”, admirar y desestimar, se han convertido en virtudes igualmente efímeras. Después de todo, ¡son tantas las opciones que nos ofrecen los medios tecnológicos! Mientras te relacionas con una, dos o tres personas, mantienes una conversación con otros por WhatsApp, intercambias mensajes en Facebook con unos cuantos más. Las personas son cada vez más accesibles en el "catálogo humano" y dependen de respuestas rápidas. Ah?..si ninguno de los mencionados te corresponde o te agrada lo suficiente, aún tienes la lista de "amigos" de la App.

El aspecto frívolo de las relaciones humanas ha dado lugar a un conjunto de "vínculos" e individuos "desechables". Porque son tiempos líquidos. La línea avanza muy rápido, formando lo que Bauman llama "amor líquido".

Incluso admiras a tu "compañero de relación", pero si algo no está bien: ¡descártalo! Después de todo… ya no reparamos zapatos, ropa, muebles viejos, menos relaciones. Hay tantas ofertas y facilidades, que es más fácil cambiar por uno nuevo.

El amor y las relaciones se han convertido en algo que tiene como paradigma los bienes de consumo. Manténgalos mientras le brinden una completa satisfacción y reemplácelos por otros que prometan aún más satisfacción.

Pero... en lo que rara vez reflexionamos es que en esta jungla tecnológica, somos cazadores además de juego. Tratar a las personas como si fueran seres desechables nos convierte, de la misma manera, en desechables y fútiles. Llevándonos a recorrer un camino contrario a la evolución humana. Nos dimos por vencidos rápidamente y en esta jungla de ofertas, terminamos conociendo a personas de una manera muy superficial, personas que pueden ser muy profundas. Pero nuestra inmediatez no nos permite sumergirnos.

Es cierto que estas relaciones son la reverberación de la sociedad en la que vivimos y no podemos cancelar o ignorar este evento. Pero podemos, y sobre todo debemos, pasar por una especie de ponderación sagaz para reconsiderar conceptos y actitudes. Si llegamos a una reflexión genuina, capaz de llegar a la esencia humana, nos daremos cuenta de que somos seres sociables, relacionales, para poder recibir y ofrecer lo que es más valioso para nosotros, es necesario generar conexiones. Porque sólo a través de ellos trascendemos nuestra propia existencia y la frialdad del individualismo. Esto ya es el comienzo para fortalecer posibles lazos, menos inhumanos. Referencia: BAUMAN, Zygmunt. “Amor líquido” 2009.

Rosilayne Vasconcelos
Enviado por Rosilayne Vasconcelos em 04/04/2018
Reeditado em 03/03/2023
Código do texto: T6299732
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