O roubo da Empatia
O roubo da Empatia
Existe um conceito em Psicologia e Filosofia a que se dá o nome grego de Empatia, que carrega em si mesmo a capacidade de imaginar o que o outro sente, (nunca o real daquilo que foi sentido, pois este é só daquele que sente enquanto dura o sentir, já que depois é um outro sentir, um imaginar do que se sentiu...) composto de elementos cognitivos, afetivos e reguladores da emoção.
Quando somos afetados por um trauma duríssimo, de ordem pessoal, seja conosco ou com alguém muito proximo de nós, somos atingidos por uma onda de revolta pelo sofrimento causado, o que nos leva a buscar reparacoes compensatórias para o que sofremos, cobrando de nós e dos semelhantes compreensão para o nosso sofrimento, (essa é a função da empatia) como a buscar meios que nos ajudem a lidar com sequelas que se carregam pelo resto da nossa existência.
No torvelinho emocional que nos envolvemos com esta sensação eu de sofrimento, a nossa capacidade de compreensão, de praticar a empatia, ê diminuída sensivelmente, pois o envolucro de sofrimento corrói a empatia em nós, dando lugar a um comportamento que não percebemos como centrado em nós mesmos, um comportamento egoísta.
O ponto que estamos focando é que as sociedades humanas, umas mais do que outras, produzem os comportamentos e seres tóxicos, e, se não mudarem essa produção, será uma constante eliminação dos seres nocivos que ela (a sociedade) mesma produz sem alterar as estruturas de produção de toxicidade social.
O clímax do processo de sequestro da empatia vem com a propagação de discursos reducionistas, do tipo "bandido bom, é bandido morto", "matou tem que morrer" e outros do mesmo genero e teor, que tendem a ser reproduzidos por nós, numa catarse que parece não ter fim.
Em verdade, o bandido não tem de morrer, (o que não interrompe o círculo vicioso) o que precisa ser eliminado é a espiral de violencia, desigualdade, ignorância e injustiça que mantém e perpertuam as condições de degradação moral (e outras) que permitem e incentivam o nascimento de novos bandidos todos os dias.
Afinal, somos animais humanizados, e se espera de nós que um comportar-se que nos afaste das condições animalescas das quais viemos