DOS PANOS QUENTES, FALSOS ELOGIOS E FALTA DE SENSO CRÍTICO.

Não queria digitar um texto aqui no Facebook onde poucas pessoas vão ler, mas preciso fazê-lo para que, depois, possa colocar num site meu e o mesmo ficar preservado. Provavelmente não serei o mais eloquente cronista neste assunto, mas não targiversiarei sobre o mesmo apenas para se ter uma maior abertura no universo gamer como um todo.

Por que eu trago este assunto à tona? Pelo simples motivo de ver que, a cada dia que passa, o mundo gamer se regozija de uma falsa moralidade onde todos são amigos de todos e que o projeto deste ou daquele precisa ser tratado como a quinta maravilha do mundo, ou um artigo, ou um jogo ou, até mesmo, uma opinião adversa sobre um produto e serviço.

No momento que a sua opinião se torna adversa para com aquela pessoa que goza com a credulidade dos outros ao redor, muito provavelmente você será tachado de hater – ou ranter -, e, por conseguinte, pode até mesmo ser execrado do meio ao seu redor, pois tudo o que você diz ou digita parece vir apenas para desqualificar todo o esforço feito pela pessoa.

Mas, até onde eu sei, o Brasil é um país democrático, onde, a Constituição Federal nos dá os seguintes direitos: Art 3º, II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; assim sendo, dentro do estabelecido pela Constituição Federal, faço sempre textos e dou as opiniões sobre os mais diversos assuntos não me importando com o criador em si, mas com as criaturas que são soltas de tempos em tempos.

Não sou juiz, tão pouco psicólogo, nem sociólogo para se fazer juízo de valor em cima de pessoas que eu não conheço, mas como amigo, posso fazê-lo e digo o que penso sem restrições para não causar mágoa, mas com tato para tanto. Conquanto que se vai um texto na internet, por exemplo, falando sobre, digamos assim, Sonic, me sinto compelido, obrigado, a participar da massa crítica, seja ela positiva ou negativa, talvez até mesmo com a possibilidade de se criar um contra-argumento válido e soberano – sem cair na má alocação de palavras e utilizá-las em baixo calão só para se sobressair ao outro.

Ter a capacidade argumentativa de ser do contra o pensamento corrente deveria ser um exercício diário para com todos os brasileiros. Ter crítica, ter senso político, social, econômico e entender o que passa ao seu redor deveria ser matéria obrigatória para aqueles que querem viver num país que poderia dar melhores condições aos seus cidadãos.

Só que o que temos atualmente – e desde há algum tempo – é uma massa jornalística que a tudo apoia – não toda, mas uma grande maioria – projetos e pessoas que são notoriamente enroladoras. Até onde eu sei não existe obrigação formal de apoiar pessoas e/ou projetos só porque eles são brasileiros, pelo contrário, eu acho que se faz necessário questionar sobre as atitudes públicas de pessoas públicas, assim tudo o que envolve elas, se possível.

Quando utilizamos a ferramenta do senso crítico, de acordo com o que temos em nossos juízos de valor, podemos questionar e, quem sabe, até melhorar o que acontece a nossa volta. A sua rua está esburacada, é melhor reclamar da prefeitura que não faz nada ou não seria mais fácil ir na mesma reclamar pessoalmente sobre a questão? Por que não mandar isto para a rádio, TV, postar na internet, sobre os problemas da sua rua? Por que é mais fácil reclamar com alguns vizinhos, amigos e ficar coçando o próprio umbigo até que alguém faça este trabalho para você.

Nós procrastinamos o nosso dever de sermos questionadores, pois, muitas vezes, nos vemos em situação “complicada” seja por conta de governo – se eu falar mal de governo X, eu não posso ganhar tal cargo público se eu for concursado -, seja por ser “jornalista” gamer – não posso dizer que tal jogo é bom ou ruim porque a empresa que assessora eles podem não me dar u futuro título de graça -, seja por outro meio e média [inserir indústria aqui], pois o mais importante é ter o almoço de graça. Mas não existe almoço grátis, o pagamento que está sendo feito é você ser leniente com pessoas, produtos e serviços, ser um verdadeiro pano quente.

Não estou dizendo que isto é errado, pois vai do julgamento moral de cada um, mas ver isto acontecendo, de uma forma de outra, num grupo, num site, num canal, numa fanpage – já até me falaram a respeito sobre questão de opinião e como é melhor não proferir para se dar bem no mercado “jornalístico” – seja aqui no Brasil, seja lá fora, é de assaz tristeza na minha humilde opinião – onde esta é tachada como monstruosa e hater.

Alguns, por não quererem ser expostos por minha opinião, já até pediram que eu fizesse estas por email ou em PM. Se não devem nada, não tem porque ter medo das poucas palavras mal elaboradas que eu tenho a dizer seja num site, seja num vídeo, seja numa fanpage do facebook.

E tão ruim quanto a falta de senso crítico ou de ser pano quente para ganhar quitutes ou indicações é fazer falsos elogios. Uma coisa é você pegar um texto, uma música, um jogo ou qualquer outra peça produzida por pessoa, X, Y ou Z e ver que ali poderia dar uma melhorada em alguns parâmetros e dizer a mesma um elogio banal e levantar uma crítica relevante sem destroçar a pessoa.

A outra é rasgar elogios onde, num outro momento, você estaria cuspindo na cara da pessoa numa tela, solitário no seu escudo da internet. Tudo o que eu faço é de forma transparente, pois é prerrogativa já posta acima - IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; -, todos os meus perfis são interligados e não uso de fake para soltar uma opinião – uma crítica – seja ela positiva ou negativa. Não existe neutralidade para mim.

Assim como já recebi várias críticas sobre este meu comportamento que, num primeiro momento, não parece ser humilde, pois muitas vezes ele é incisivo e, até mesmo, desmoralizador e que eu deveria mudar o meu “tom” de voz. Creio que se eu fizer o papel de um intermediador, de uma pessoa que não tem opinião, de alguém que merece dar falsos aplausos só para um projeto, serviço, campanha, produto, possa continuar sem melhorar, vai contra tudo aquilo que me foi ensinado e o que sou.

Ninguém, em nenhum momento, é perfeito e, certamente, o que eu faço aqui causa certas desavenças morais e de opinião ao ponto de, novamente, ser tachado de hater, extremista ou um simples babaca que sabe escrever bem. Mas sem termos pessoas que tenham um senso de autocrítica – que parece estar cada vez menos presentes por aí – prefiro seguir nesta “missão” de trazer um lado da verdade – pois não sou dono da verdade absoluta, apenas de uma opinião de minha parte –, para que assim uma zona crítica possa ser estabelecida.

Concomitante a isto, eu sei bem o quão mal isto pode fazer a minha imagem como um todo. Mas prefiro ter um senso crítico – se está certo ou errado é algo que somente o futuro dirá – pé no chão, não colocar panos quentes em assuntos que precisam ser tratados com seriedade e, tão pouco, ser um daqueles que elogiam quaisquer porcarias por aí – eu mesmo desconfio de tudo aquilo que eu produzo e mostro para você, pois eu sei que, se comparado com os profissionais das áreas, no mínimo o que eu faço pode ser tachado de medíocre.

De toda forma, poderia continuar com os meus reclames usuais aqui, mas prefiro parar neste ponto. Que se faça juízo de valor pelo que eu sou, ou simplesmente me chamem de hater.