Considerações sobre a amizade virtuosa segundo a obra Ética à Nicômaco de Aristóteles

A amizade perfeita, que visa o bem, ocorre entre os bons e virtuosos, pois eles desejam bem um ao outro por causa de si mesmo. O outro se transforma em um bem para o amigo, ama-se por aquilo que ele é. Esse tipo de amizade, explica Pichler, está centrada no valor do homem e não como um artifício de obter algum benefício, como riquezas e honras (PICHLER, 2014). É o que nos apresenta Aristóteles:

A amizade perfeita é a dos homens que são bons e afins na virtude, pois esses desejam igualmente bem um ao outro enquanto bons, e são bons em si mesmos. Ora, os que desejam bem aos seus amigos por eles mesmos são os mais verdadeiramente amigos, porque o fazem em razão da sua própria natureza e não acidentalmente. (ARISTÓTELES, 1984, p. 181).

Os amigos bons são úteis e agradáveis um ao outro. Contudo esse interesse, essa utilidade não é por algo exterior, mas sim interior e inerente ao amigo. Eles querem bem por natureza e não de forma acidental. É o que nos aponta Wolf:

Amizade de pessoas boas também inclui o útil e o agradável, com efeito, é útil a ambos, aquilo que promove a vida [...]. Esse prazer é almejado pela pessoa boa e também as ações semelhantes feitas pelo amigo causam alegria, de tal modo que ambos se alegram com as ações do outro e as ações de ambos tornam-se agradáveis. (WOLF, 2013, p. 228).

Se essa amizade, só pode ser encontrada entre homens igualmente bons, então é rara, já que não se acha com frequência homens desse tipo. Exige tempo, confiança, familiaridade, que se conquista de forma gradativa. Sabe-se que por ser baseada na bondade é uma coisa muito durável, ao contrário da amizade que se baseia na bondade, pois cessando a vantagem, acaba-se.

REFERÊNCIAS

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural, 1984. (Coleção Os Pensadores – Vol. 2)

PICHLER, Antônio Nadir. As três formas de amizade na ética de Aristóteles. Revista Ágora Filosófica, Recife, n. 2, jul./dez. 2004.

WOLF, Ursula. A ética a Nicômaco de Aristóteles. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2013.

Pedro Xavier
Enviado por Pedro Xavier em 28/01/2018
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