O DESEMPREGO
Qualquer pessoa de bom senso pode observar nas notícias da imprensa que, no mundo inteiro, o desemprego vem aumentando em dados assustadores. Países desenvolvidos, ou do primeiro mundo, também estão se defrontando com o mesmo fenômeno e até mesmo nos Estados Unidos, o desemprego está assustando os estudiosos do assunto.
Olhando este quadro trágico e as conseqüências que a partir dele se expandem vemos atacadas pela pobreza, pela miséria pela perplexidade e pela impotência, os lares e as famílias dos desempregados.
Mas, afinal, qual é o motivo desse desemprego tão acentuado que vem se ampliando ano após ano? Onde estão suas raízes?.
A resposta não é tão simples como possa parecer, pois é conseqüência de uma série de fatores de ordem econômica que vêm, lentamente, degradando as políticas sociais, debilitando os alicerces do Estado e colocando em nível de agonia, a ordem mundial, até então conhecida.
Um desses fatores, no entanto, se evidencia com o auxílio da História que a humanidade já escreveu e que poderemos situar entre a ambição, a ganância e a avareza.
Por volta do ano 1400, no Séc. 15, um importante movimento surgiu envolvendo inicialmente países europeus e, em seguida, se espalhando pelo mundo, com o auxílio dos Grandes Descobrimentos e que ficou registrado como “A Revolução Comercial”.
Esse movimento foi um processo econômico, originado nos interesses da realeza desejosa de ampliar seus domínios, na avidez dos judeus, burgueses, por novos mercados e na ambição da Igreja pela ampliação do poder mascarada na conversão de pagãos ao cristianismo.
Como lastro desse grande movimento estava o capital, ou seja, o dinheiro que armazenado, necessitava ser aplicado em busca de novos empreendimentos, portanto, de novos lucros, satisfazendo a todos os empreendedores envolvidos na empreitada. Banqueiros, navegantes, mercadores e armadores de navios foram os grandes beneficiários iniciais desse novo sistema.
A Revolução Comercial possibilitou, assim, uma transformação profunda nos usos, costumes, políticas e comportamento dos povos da Idade Média, preparando uma nova condição de vida, fundamentada na produção, distribuição e troca de artigos de consumo, que vieram tornar mais gratificante a vida das pessoas que a eles tivessem acesso.
A agricultura também conheceu um desenvolvimento considerável e todo esse conjunto de ações econômicas deu margem ao aparecimento de uma nova sociedade que, lentamente, passava da Idade Média para a Idade Moderna.
A Revolução Comercial gerou, posteriormente, empregos nas áreas de extração, transformação e de produção, incrementando o comércio, e o setor de serviços, aproximando povos e facilitando a vida em todos os países envolvidos.
Como decorrência do comércio ampliado, foi necessário o aumento da produção que até então era estática, artesanal, ou manual. Esse fator determinou a entrada no processo da mecanização do trabalho, com a invenção e o emprego de máquinas que ampliariam a produção em detrimento da mão de obra. Estava surgindo, assim, o período econômico seguinte, registrado na História como “A Revolução Industrial”.
A Revolução Industrial teve seu ciclo entre anos de 1700 a 1860. Produziu avanços consideráveis, tais como o aperfeiçoamento da mecanização agrícola e industrial, a criação da indústria fabril, o incremento das comunicações, a migração de povos, etc... Paralelamente, nesse período, notou-se o fortalecimento do capital sobre todas essas atividades de produção, distribuição e troca.
Nos dias de hoje, a percepção fundamentada nos pressupostos históricos nos leva a considerar, como um fato, que estamos vivenciando um novo período demarcatório da História da Humanidade quando observamos um novo elemento, dessa vez, diferente dos dois antecedentes. É possível que esse novo movimento fique registrado como uma terceira revolução econômica, ou seja a Revolução Financeira.
Nas duas revoluções anteriores, o capital, embora buscando o lucro incessante, era aplicado na produção de empregos, de serviços e de bens. No momento atual, o grande capital já não está mais sendo empregado nos mecanismos de produção, mas sim, na especulação e na ciranda das bolsas de valores, onde se lucra sem investir.
Com isso, ficam bastante reduzidos os recursos aplicados na produção e, conseqüentemente, na geração de empregos. Além disso, o capital investido está alinhado com a reengenharia empresarial, onde a palavra de ordem é a racionalização dos meios de produção, considerando-se a matéria prima, a mão-de-obra, os insumos, a energia, os compromissos empregatícios, etc... etc...
Para atingir a esse objetivo, as empresas investem em máquinas de tecnologia de ponta, capazes de substituir milhares de operários. Essas máquinas não desperdiçam matéria prima nem energia. Não ficam doentes, não recebem salários, trabalham sem descanso, não tiram férias e não implicam em taxas previdenciárias. Também não reclamam direitos, não se politizam através de sindicatos, não elegem lideranças e nem criam expectativas ligadas à justiça do trabalho, etc... etc...
Como o objetivo do capital é o lucro ilimitado, fica fácil compreendermos a economia que as máquinas trazem para os empresários, substituindo o ser humano, liberando recursos para investimento nas bolsas. Por isso, a cada dia, mais gente estará sendo desempregada, substituída pelas máquinas e os novos postos de trabalho, serão disponíveis somente a profissionais altamente qualificados, destinados à operação, supervisão e manutenção dessas máquinas e dos seus correlatos.
Nesse ritmo da economia, podemos fazer uma projeção para o futuro da juventude, hoje deliciosamente acomodada, assistindo as novelas da TV, e dançando ao som do surrealismo cromático embalado pelo funk.
Ao que se constata, o avanço da tecnologia e sua ação dramática sobre as formas com que o trabalho será desenvolvido, no futuro, permite a antevisão de sombrias nuvens se não houver tratamento rápido e paralelo. Isso em razão de que, juntamente com o disparo tecnológico que já deixa o mercado de trabalho cada vez mais comprometido, o mundo começa a ser invadido pelo novo foco tecnológico batizado com o tétrico nome de “Inteligência Artificial. Com o domínio de tal recurso inovador, que tipo de gente poderá, futuramente, ocupar cargos e funções de operação e manutenção de equipamentos emanados do novo veio tecnológico? Certamente, uma restrita elite de cérebros armados com índices de Q.I. bastante distantes dos que, hoje, já estão sendo despedidos...
Num país onde a escola é uma caricatura, quantos, da atual geração, irão ocupar os futuros postos de trabalho, se defrontando numa competição brutal, onde os contendores terão, forçosamente, que ser candidatos com níveis profissionais de alta eficiência e excelência de qualificação? Nossa atual juventude responderá...