Influência da Maçonaria na Abolição da Escravatura

O dia 13 de maio de 1888 marcou (oficialmente) o fim de um período de mais de 40 anos de lutas da sociedade brasileira pelo fim da escravidão no Brasil. Nesse processo, a Maçonaria, presente na história brasileira desde o Antigo sistema Colonial, no final do século XVIII, teve papel importante.

Na segunda metade do século XIX, o Grande Oriente do Brasil (GOB), que agregava em suas Lojas profissionais liberais das mais diversas classes e militares, principalmente do Exército, teve atuação destacada em inúmeras campanhas de cunho social e cívico, a exemplo da Revolução Pernambucana (1817), da Independência (1822), da Confederação do Equador (1824), da Revolução Liberal (1842) e nas campanhas pela extinção da escravatura de negros africanos no Brasil (1850-1888) e na Proclamação da República (1889).

Na época, com uma posição de vanguarda e representando um núcleo importante de difusão dos ideais do liberalismo anticolonialista, a Maçonaria, através dos seus obreiros atuou fortemente para abolir a escravidão. A maioria dos maçons batiam de frente com a aristocracia escravagista – formada por grandes fazendeiros, também maçons.

Todo o processo se deu por um intenso e sistemático trabalho de ações pontuais, a elaboração e aprovação de leis que “abatiam” o escravagismo. Os resultados foram as assinaturas da Lei Euzébio de Queiroz (1850), que acabou com o tráfico de escravos; Lei Visconde de Rio Branco, mais conhecida como “Lei do Ventre Livre” (1871), que declarou livres as crianças nascidas de escravas a partir daquela data; e a Lei do Sexagenário, que alforriou os escravos com mais de 60 anos.

Interessante é que muitos abolicionistas “não passaram para a história” e não são citados nos livros escolares. O advogado Odálio Botelho cita como exemplos, o baiano, escritor, advogado, negro e filho de “escrava livre”, Luiz Gonzaga Pinto da Gama; o cearense Adolfo Bezerra de Menezes, conhecido como “médico dos pobres” e que notabilizou-se mais pelo trabalho de divulgação da Doutrina Espírita; o juiz de Direito e ex-promotor público Antônio Bento de Souza e Castro; e o médico e advogado negro Francisco Barbosa Gê Acayaba Montezuma.

De acordo com João Alberto de Carvalho, membro da Academia Mineira Maçônica de Letras, a partir de 1875, as ideias abolicionistas empolgaram a opinião pública do Ceará, onde foram criadas diversas associações, entre elas o Centro Abolicionista (de tendência moderada) e a Sociedade Cearense Libertadora, formada majoritariamente por maçons republicanos e abolicionistas. Esta, por sinal, agitou o Estado quando o seu presidente, João Cordeiro, durante uma reunião na chamada “Sala do Aço”, em 30 de janeiro de 1881, exigiu dos presentes o juramento de matar ou morrer pela abolição da escravatura.

A Sociedade Cearense Libertadora, seguindo a mesma linha de atuação das Lojas Maçônicas América (de Luiz Gama) e Piratininga (de Antônio Bento), de São Paulo, utilizava todos os meios possíveis para libertar escravos. Fazia raptos em fazendas, escondia escravos fugidos e, quando havia escravos à venda, os membros da entidade e seus familiares faziam doações de relógios e joias de ouro para um fundo que tinha o objetivo de resgatá-los e dar-lhes a liberdade.

O auge da luta dos maçons cearenses ocorreu em 25 de março de 1884, quando a escravidão foi abolida naquele Estado. No mesmo ano, em julho, o exemplo foi seguido pelo Amazonas.

Em diversos outros Estados do País, a exemplo do Rio de Janeiro e São Paulo, a campanha abolicionista continuou com grande força e poder de influência, sempre tendo à frente um grupo de maçons, qu só descansaram com a oficialização da Abolição da Escravatura, quatro anos depois, em 13 de maio de 1888.

A assinatura da Lei Áurea, pela princesa Izabel, foi o auge do intenso trabalho da Maçonaria e da sociedade brasileira pelo fim da escravidão e da luta pela igualdade, fraternidade e liberdade para todos os cidadãos, sejam eles negros ou brancos, ricos ou pobres, eruditos ou ignorantes.

Bibliografia

BOTELHO, Odálio - https://www.dm.com.br/opiniao/2017/05/a-abolicao-da-escravatura-e-os-macons.html

SILVA, Tiago Cesar da & Silva, Vanessa Faria e. O outro lado da Abolição

FILHO, Rubens Pantano. Escravatura, Abolição e Maçonaria. O Malhete - http://omalhete.blogspot.com.br/2015/09/escravatura-abolicao-e-maconaria.html

ASLAN, Nicola. Pequenas biografias de grandes maçons brasileiros.

ALEXANDRE ACIOLI
Enviado por ALEXANDRE ACIOLI em 04/01/2018
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