COMO VIVIAMOS ANTES DO CELULAR?
Com certeza nossos netos e muitos dos nossos filhos não saberão responder a essa pergunta. Para eles é inimaginável entender como poderíamos ficar sem essa comunicação em tempo real que a internet nos proporciona através dos aparelhos celulares. Devem concluir que estávmos num atraso grande, sem a possibilidade de acompanharmos as notícias na hora em que elas aconteciam, passando dias ou meses para receber uma comunicação de quem estava distante, tendo dificuldades em tirar dúvidas já que não havia o “google.
No meu tempo a única forma de se comunicar com outra pessoa com rapidez era através do telefone fixo e mais tarde pelo “orelhão”, telefones públicos colocados ao dispor da população. Para saber o numero do telefone de um amigo era preciso consultar o catálogo que as empresas de telefonia imprimiam a cada ano ou guardá-los na memória.
Os celulares substituiram as máquinas fotográficas. A revelação de fotos que hoje é instantânea nos aparelhos móveis, demorava em torno de cinco a oito dias. Os filmes que usávamos estavam limitados a trinta e seis fotos. Imagine o custo que essa operação exigia.
Não tinhamos como curtir, salvar ou copiar imagens ou arquivos que nos interessavam. Éramos obrigados a conservá-los em pastas físicas, correndo o risco de serem deteriorados com o passar do tempo. Quando desejávamos consultar sobre os serviços que necessitávamos utilizar (táxi, hotéis, restaurantes, clínicas médicas, etc) era necessário folhear as listas telefônicas fornecidas pelas empresas de telefonia.
Os trabalhos que envolviam a necessidade de pesquisa nos obrigava a buscar respostas para nossas dúvidas em enciclopédias impressas, como a Delta Larrouse, Britânica, Barsa, etc. ou nos deslocarmos até uma biblioteca. Estudar se tornava, portanto, uma tarefa mais trabalhosa.
Acompanhar o que acontecia pelo mundo, só pelos noticiários de rádio e TV, ou pela mídia impressa. Isso vale dizer, que não eram informações em tempo real.
Complexa era a atividade de gravar músicas que gostaríamos de ouvir a qualquer instante. As canções eram selecionadas e gravadas uma a uma em fita cassete. Anos mais tarde já poderíamnos fazer isso usando um programa de computador e transferindo as músicas escolhidas para um CD.
Essas são apenas algumas das dificuldades que tínhamos antes do advento do telefone móvel. O avanço da tecnologia nos proporcionou importantes benefícios. No entanto, da mesma forma como gerou facilidades, vantagens para a nossa vida, vem acarretando perigosamente alguns malefícios, em razão do que se convencionou chamar “monofobia: síndrome da dependência do celular ou da internet.
A doença se revela quando a pessoa passa a sofrer um alto grau de ansiedade quando o celular não está por perto, fica quase em estado de pânico. O uso intensivo do celular pode causar tumores cerebrais, agredir as células sanguíneas, lesar o DNA, danificar nervos, dar origens a lesões oculares, alterações do sono, fadiga, dor de cabeça e pode acelerar autismo e mal de Alzheimer.
Embora feitos para facilitar as comunicações, em muitos casos têm tido efeitos contrários, fazendo com que não se dê atenção a pessoas físicamente presentes. Facilmente observamos que ele tem atrapalhado os relacionamentos. Pessoas engajadas nas redes sociais, terminam se isolando, vivendo no mundo virtual muito mais do que na vida real. É comum verificarmos que em restaurantes, quando famílias decidem fazer refeições juntas, ninguém se comunica um com o outro, estão todos (ou quase todos) atentos à comunicação pelo celular.
Esse ambicionado objeto de consumo, até mesmo por crianças, tem trazido também danos à saúde física e mental. Sua importância como ferramenta de distração e aprendizagem tem que ser utilizada com moderação, o que não está sendo fácil no mundo atual. Eu sou um dos que vivem tentado pelas facilidades que o celular nos oferece, sem avaliar os riscos a que estou incorrendo. Ao tornar-se vício, nos escraviza. Acostumamos nosso cérebro a depender das informações que ele nos fornece instataneamente.
Necessitamos vencer a compulsão para a hiperconectividade, sob pena de transformar aquilo que pode funcioinar como diversão ou algo útil no nosso dia-a-dia, em um promotor de angústias e ansiedades. Se as gerações contemporâneas se vangloriam das vantagens que o celular nos tem oferecido, as que viveram no passado sem ele, se gabam de não terem vivenciado os perigos de saúde a que ele nos impõe. A modernidade, pois, ao trazer serventias interessantes, produz, também, nocividade, perniciosidade, ao nosso viver.