NAMORADOS E AMAN

Namorados e amantes

Esta crônica trata de situações reais, embora o agir dos persona-gens não seja ético ou moral. Mesmo assim, pela curiosidade das circuns-tâncias, os fatos são dignos de reflexão. As duas histórias são separadas, e contam adultérios, “puladas de cerca” de um homem e de uma mulher que não se conhecem. O personagem masculino é uma pessoa de desta-que. Gente boa, amigo de seus amigos, aparentemente vive bem com a es-posa e uma filha. É paizinho pra cá, mãezinha pra lá. A esposa, ótima pessoa, desempenha vários papéis: mãe, companheira, amiga, amante... Amante? Sei não, ele tem outra. Uma ou duas vezes por semana, ele dá uma desculpa e sai à noite; perfumado, camisa de seda, cabelo pintado... A esposa deve desconfiar. Como, aparentemente as coisas vão bem, em nome de uma pretensa segurança, ela parece se acomodar e relevar as es-capadelas do marido, em busca de um prazer que ela talvez não se ache competente ou não esteja interessada em prover. Ele tem tudo na mulher; menos a amante.

O homem, em geral, por sua indigência afetiva, precisa de uma a-mante. Se a esposa não o é, ele procura. Ela entende e abre mão do pouco para ter o todo. Poucas mulheres entendem isto... O outro caso é o inver-so. O cara é uma rica pessoa, só que atarefado e desligado. Eles também se dão bem. É florzinha para cá, pezão pra lá. Ele parece preencher todos os requisitos, menos o de namorado, criado no imaginário de muitas mu-lheres. Por essas fantasias, ela, uma executiva, gosta de arrumar uns na-morados que telefonem, mandem flores, façam versos, dêem bombons e convidem para um happy hour. Ela não sai à noite. Eventualmente vai a motéis com algum namorado, talvez não por necessidade, mas para retri-buir atenções e a satisfação de suas fantasias. A mulher sempre carece de um namorado. Se o marido não preenche esse lado fantasioso, ela, às ve-zes, procura fora. Como a esposa da outra história, o marido, que por cer-to não preenche todos os quesitos demandados, faz que não vê. Isto pou-cos homens entendem... Não é uma regra geral.

Há pessoas honestas que, mesmo diante do fracasso de uma relação ou o fraco desempenho do parceiro, mantêm-se íntegras. Como disse, os comportamentos aqui enfocados carecem de qualquer sustentação moral. Nem por isso, no entanto, deixam de ser reais e de terem, de certa forma, sua pedagogia.