THAIS ARAÚJO TEM RAZÃO
A fala de Thaís Araújo é verdadeira.
Quem já não mudou de calçada de medo? Ou se escondeu na primeira porta aberta?
Se temos medo até de criança hoje em dia...
Hoje temos medo de gente.
Seja preto, branco, criança.
Dependendo da hora, basta ser gente.
Então por que se ouve falar que estamos presos dentro de casa?
Que vivemos entre grades?
Houve um tempo em que as pessoas eram julgadas pela cara, pelo jeito de vestir.
Hoje só a cara não diz nada. O que a pessoa veste tampouco.
Antigamente mulher que usava batom vermelho, decote, roupa curta grudada no corpo, era enquadrada no perfil de puta.
Gente mal vestida, com linguajar esquisito era maloqueira.
Era difícil essas pessoas serem brancas.
Negros, morenos e pardos sempre foram mais desfavorecidos, há um fator histórico para isso. São descendentes da escravidão e da marginalização indígena.
Com o tempo a marginalização chegou na infância, devido ao descaso de sucessivos governos com a justiça social.
Houve um governo preocupado com justiça social. Preocupou-se com os pobres, os indígenas, os negros e as crianças, as famílias pobres.
Preocupou-se com a Educação. Criou universidades, escolas técnicas. Cuidou dos dentes dos mais desfavorecidos. Fez programas de estudo. Fez programas de moradia.
Fez muito. Mas 12 anos é pouco para reparar 500 anos.
Dito isso, volto à fala de Thaís Araújo.
Quem foi criado com a noção de que pobre, preto (todos os morenos, pardos e descendentes de índio) e marginal tem essa condição porque são vagabundos, tem medo e tem preconceito.
Alguns são cooptados pela bandidagem. Ou por necessidade ou por índole.
Não é porque é pobre que é santo.
Como tantos brancos de olhos azuis, descendentes de estrangeiros, que também são bandidos, de maneira mais refinada, como estamos vendo os políticos, pessoal do tráfico, gente infiltrada no judiciário, na medicina, em todas as áreas tem gente de índole boa e ruim.
Mas pessoas se formaram com a noção de que bandido é pobre, feio, negro, moreno, pardo.
Como este perfil pertence ao segmento históricamente desfavorecido, a maioria de pobres são assim.
A maioria que se encaminha para o baixo escalão da delinquência também o é.
Mas nem todos os pobres, negros, morenos e pardos são bandidos.
A grande massa de trabalhadores brasileiros é desse segmento.
Basta observar os ônibus lotados nas madrugadas e de noite.
Os trens, os metrôs.
Dependendo da zona da cidade, se Leste, Oeste, Sul e Norte, as fisionomias mudam.
Se adentrarmos para o interior, também.
Se olharmos os Estados brasileiros, veremos a povoação influenciada pela presença da escravidão e os indígenas e a consequente miscigenação.
Há os Estados em que os imigrantes determinaram a fisionomia da população. Nesses Estados a presença dos negros é menor, rara, minoria.
Então o perfil dos pobres muda, consequentemente a dos trabalhadores também assim como da bandidagem.
Mas a totalidade da população do país é de negros, entendendo como negro os morenos, pardos e descendentes de índio.
Já houve antropólogo dizendo que o tipo nacional é caracterizado pelo moreno mais para o pardo. Este será o brasileiro típico.
Concluindo, a fala de Thaís Araújo está coberta de razão e motivos.
Há pessoas que trazem na sua formação o preconceito, as convicções generalizadas sobre o pobre, o negro (morenos, pardos).
Não há motivo para se oporem ao que ela falou.
É a expressão da verdade. Devemos reconhecer a verdade sobre o nosso país.
Somos sim um país muito religioso, talvez por isso muitos tenham dificuldade de reconhecer o lado pouco cristão dos corações e da alma.
Alguns guardam dentro de si até muito ódio.
Vemos isto nas redes sociais, quando desejam morte, quando não tem compaixão, quando xingam o diferente de macaco, dizem que o lugar é na cozinha, há um desrespeito escancarado à mulher, que está vindo à tona junto com outros sentimentos guardados na sombra do politicamente correto.
Estamos voltando a um tempo em que determinado tipo de gente era considerada coisa. O governo, os políticos e as instituições pós- impeachment muito contribuem para tal aberração, retrocesso e mal exemplo.