A NATA AZEDA NO STF

Prólogo

Os noticiosos publicaram, a TV mostrou ao vivo; os anarquistas aplaudiram e eu replico o quiproquó apenas para que a matéria possa atingir um público maior e menos seletivo.

FRAGMENTOS DA BALBÚRDIA NO STF

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso protagonizaram nessa quinta-feira passada (26/Out) um ríspido bate-boca. Embora estivesse em pauta no plenário do STF a extinção de Tribunal de Contas dos municípios do Ceará, um tema longe de ser rumoroso, ambos terminaram por trocar farpas pessoais.

Barroso acusou Gilmar de ser leniente com o crime de colarinho branco, disse que o colega “não trabalha com a verdade” e afirmou que ele vive “destilando ódio”. Por outro lado, Gilmar disse que não foi advogado de “bandidos internacionais”, em alusão ao fato de Barroso já haver sido advogado do ex-ativista de esquerda italiano Cesare Battisti, condenado por quatro mortes na Itália.

DANOSA CONVENIÊNCIA

Minha vovó Josefa da Conceição (já desencarnada) dizia perguntando do alto de sua excelsa sabedoria materna: "Quem é doido para se meter em briga de cachorros raivosos, doidos e grandes?".

Ora, ora, ora... Agora entendo. Por isso, enquanto os dois ministros (Gilmar e Barroso) se digladiavam os demais colegas, em silêncio parvo e/ou por conveniência funcional, expectantes, imaginavam, talvez, até que ponto poderiam chegar os doutores considerados de notório saber jurídico.

Aliás, se em ambos sobejam saber jurídico, comprovadamente, pelos seus comportamentos, há escassez de traquejo socioprofissional.

Antes do entrevero entre Barroso e Gilmar, houve outras discussões ásperas no plenário do Supremo, que abriga a nata azeda do Judiciário brasileiro.

Alguns dos mais duros desentendimentos, assim como no bate-boca estribado no rancor e desrespeito mútuos, deram-se em julgamentos de temas modorrentos.

CONCLUSÃO

Em todas elas (discussões improfícuas), apesar do clima quente, provocações e ataques foram impecavelmente introduzidos pelo irônico, formal e respeitoso “Vossa Excelência”. Entendo, salvo outro juízo, que essa danosa conveniência funcional também foi incentivadora dos destemperos e baixarias.

Bastaria que qualquer um dos demais ministros desse um grito mais alto: "Parem com essa palhaçada! Estamos sendo gravados! Façamos jus ao que ganhamos!".

Impotente, também por conveniência, Sua Excelência Cármen Lúcia não quis desligar os microfones dos brigões togados. Inutilmente, com a voz sumida entre as ofensas, Cármen Lúcia tentava reiniciar o julgamento do "caso do Tribunal de Contas".

Enfim, todos sabemos que outros bate-bocas, cada vez mais desrespeitosos e hilários, acontecerão muito em breve.

Todos nós sabemos que isso não é novidade (bate-bocas entre autoridades). Já houve inúmeros outros embates dessa natureza com o fim de se mostrar à sociedade brasileira o porquê de no Brasil atual só existirem "Ordem e Progresso" no Pavilhão Nacional.

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NOTAS REFERENCIADAS

– Imprensa falada, escrita e televisiva;

– Assertivas do autor que devem ser consideradas circunstanciais e imparciais.