VIDA DE PEÃO

Nos referimos a peão boiadeiro, pois existe muitos tipos de peões no palco da vida.

A vida de peão significa a se preparar para amanhã levantar as quatro da matina, e isto quer dizer deixar as arreatas, as trais preparadas, o cavalo preso no piquete perto da casa, pois as quatro da matina, mesmo na primavera não é fácil ver o cavalo no escuro, mesmo estando nesta época sem sereno/serração/fumaça.

Por que que das quatro da matina, pois mesmo levantando as quatro, até chegar no piquete, pegar o cavalo, que sem um agrado costumeiro de milho, maçã ou outro tipo de agrada que alguém acostumado no dia a dia com o animal com certeza faria com o mesmo corra até si para ser pego em troca do agrado do dia a dia na qual foi acostumado, assim se o animal não foi “cevado”, acostumado a ser pego com agrado, sempre que você se aproxima, ele se afasta e se for em um piquete/potreiro/pasto pequeno logo checará a um canto onde o anima será encurralado e cederá ao cabresto do peão, que em seguida será arreado, e montado.

Por que das quatro da matina, por que até pegar o cavalo, caminhar até as pastagens distante da serra a uns quatro ou cinco quilômetros, o gado vacum já terá despertado e já estará começando o movimento do seu dia de pastagem, mas ainda estará em sempre na parte onde costuma dormir, ou próximo dele, ou seja, na parte mais alta, longe da agua, lugar onde costuma ser menos frio na madrugada para as rezes de todos os tamanhos, de mamando a caducando.

Os caminhos do presente são bons, caminhando por estradas bem cascalhadas, com pedrisco de pedra moída, que machucaria muito os pés do cavalo, caso não estejam devidamente ferrados, mas a distância a ser percorridas depende de peão para peão e do andar macio, passeiro ou trotado dos animais, e uma distância de quatro a cinco quilômetros até as pastagens da serra em um cavalo “trotão” implica em um sofrimento descomunal mesmo a um jovem peão;

Contudo a um velho peão o sofrimento será impar e deixará por dias com dores no corpo, mas a ida é só o começo, pois saindo da estrada principal, passa-se por estradas segundarias, por trilhos por estre pastagens de diversos fazendeiros que vão sendo cortados no passo a passo macio ou trotado dos cavalos de lida e a esta altura, o frescor da manhã, quando o animal estava sendo pego, e o inicio do caminha com até alguma leve serração mesmo nesta temporada de primavera e da esperança das chuvas que poderão chegar a qualquer hora, começo mesmo através dos vãos das nuvens o sol se avolumar trazendo um início de calor, e ao começar a subir a serra para a “lida”, os cavalos pelo percurso, bem como o peão que o monta já estão aquecidos e esperançoso, que o gado seja encontrado no local esperado, bem como que na contagem não venha a ter falta o que trará busca insana por entre as pastagens que para atendem ao meio ambiente estão cheia de matas por onde algumas rezes quase sempre desgarram de outras, por medo de animas predadores, ou mesmo por prever a o maios dos predadores chegando, o peão, e sem saber o que esperar as vezes fogem para a busca da proteção que não irá impedir, pois o peão estará logo a seu incalso para juntar ao resto da manada.

Lógico que o peão não é um boiadeiro errante, que foi a busca do nada, tudo é planejado com dias de antecedência, as vezes por semanas ou meses, pode ser para atender a sanidade da vacina da aftosa programada para os meses de maio e novembro de cada ano, onde são aplicadas a mesma intramuscular em meio oleoso, ou ainda poderá ser a reunião mensal ou bimensal para a aplicação de invermectina, ou abamectina, esta só correta em animais de mais de seis meses, assim sempre haverá necessidade de invermectina para os animais até esta idade;

Poderá ainda o motivo da reunião do gado motivo outros de negócio, compradores poderão estarem esperando, para avaliação e oferta de aquisição, poderá ser para empastamento, ou para frigorifico, para frigorifico só aqueles de idade padrão de mais ou menos três anos, ou então descarte quando já está mais velhos, e já deu o que tinha que dar na procriação, mas para tal a exigência é que estejam bem gordos, não podem ser poucos gordos, tem que estar com a costa larga, que mostrar que tem gordura o suficiente, e dependendo da época, com a exigência de mercado, se estiver havendo pouca demanda a exigência é muito maior e dificilmente haverá comprador de uma gado que não esteja à altura de gordura o suficiente, e isto tudo ainda depende da raça dos bovinos, além de todo o resto a raça é uma condição importante, para a avaliação e aceitação dos Vacuns, pois se forem de características leiteiras, para o frigorifico quase sempre são recusados, mesmo que preencha todas as condições, quando estiverem havendo ofertas de animais de outras raças que sejam mais especificas para corte.

Assim podemos citar que quando se fala de vacum temos os zebuínos originários da índia:

Tendo como raças principais o nelore de cor predominantemente brancos como a neve, existindo outras cores devido a cruza, podendo serem mochos, com ausência de chifres, chifrudos como antílopes (chifres retos, semi aberto e reto para cima), ainda tem a característica de tamanho da orelha, tamanhos ou formatos dos cupins, alguns acham que são protuberância sobre o pescoço destinado a acumular gorduras para que o animal resista a estiagens dos locais desérticos de onde originaram.

Podem ser os Guzerás, acinzentados claros ou escuros, com grandes chifres aberto, curvos e para cima, com cupins, e com orelhas compridas, animais um pouco diferente dos nelores acima, que quase sempre são mais ligeiros, espertos, bravios.

Podem ainda os Zebuínos ser os Girs, também com cupins quase sempre enormes, orelhas sempre grandes, e mochos ou chifrudos de várias formas, tipo banana, abertos, pra cima, para baixo, para traz, contudo em nenhum animal os chifres são para a frente, afinal isto é característica do rinoceronte e não dos animais bovinos.

Não sendo os bovinos originários da Índia, ou seja, não sendo os Zebuínos, temos os Europeus, que são muitas raças diferentes, citandos as principais temos a raça : -

Caracu, com chifres até parecido com o Guzerá as vezes, mais menos curvo, diferente por nunca ter cupins (protuberância sobre onde divide o pescoço e o tronco, normalmente são um tipo de amarelo claro ou mais escuros tendente para avermelhado, é certo que a amarelo mais clara é chamado de “baio”.

Temos o red ford, avermelhados sempre de cara branca, são gados com poucas pernas e troncos grossos e compridos.

Temos o Limosam vermelho,

Temos o Simental a exemplo do red ford , gado mais encontrado na região da Grã-Bretanha, enquanto o limosam na França

É certo que a estas raças Europeias, chamados de TAURINOS, alguns com aptidão dupla de leite e carne como o simental, o suíço que é uma gado de dupla aptidão com origem como dito o nome da Suíça e de cor acinzentado com um traço lombar sobre as costa esbranquiçado, temos ainda nesta região da suíça o gado Jersey, de cor amarela, de estatura pequena e com aptidão leiteira, outro gado ainda com aptidão leiteira é o gado Holandês, que seu próprio nome declina sua origem, embora tenha o Canadá se especializado neste gado, bem como a Suíça. Os Taurinos quase sempre são mais grossos em seu corpo, e são mais dóceis, principalmente quando jovem, podendo se tornarem bravios quando mais velhos. Não se esquecendo que de alguns dos cruzamentos ainda vem o gado Charolês, baio (amarelo claro), gado muito encontrado do sul do Brasil.

Ainda temos os Bubalinos asiáticos, outro tipo de bovino algumas raças com dupra aptidão, outras mais para carne. Temos ainda os Bisão da América do Norte e de alguma outra região, que são mais parecidas com algumas das raças Taurinas.

Dito isto das três espécies o que a Mantiqueira e este peão levantou cedo para tangir, isto tangir(tocar) nas pastagens da serra e nos corredores e trilhos até as pastagens mais próximas, na verdade quando falamos das raças acima, falamos de gado puro, gado com pedigree, com registro, tudo o que não é registrado em associação é chamado de gado comum, sem origem, sem registro, embora possa ter uma ou outra característica, mas se não é registrado, é gado comum e o gado comum quase sempre são gado refinado, e não do sentido do cidadão refinado elegante, neste caso é refinado para pior, ou seja um ganho não registrado refinado é um gado que não se equipara aos com pedigree, que são especializado em leite e neste caso produz muito leite, ou especializado em corte e neste caso tem um corpo avantajado para produzir grandes músculos com muita carne, podendo ainda estes músculos serem mais traseiros ou mais dianteiros nestes espécies com vocação para corte.

Os gados comuns, de pouca produção de leite ou de carne, quase sempre com cores não padronizados, tem um valor de mercado muito aquém daqueles com pedigree, e a razão é que a produção seja de leite ou carne fica muito aquém dos daqueles.

O gado que o peão foi tangir, é gado comum com cores variadas e indefinida, e sem caracterizas positivas para leite ou para carne, e que com certeza valerão de 20% a 30% por centos menos por quilo, ou por arroba, sendo certo que em nossa região da Mantiqueira o gado é medido, pesado por arrouba, e isto a razão de 50% do peso bruto vivo, ou seja o pelo morto é só metade, assim sempre que falamos em preço falamos e preço de peso morto, após o descarte da cabeça, do couro, da barrigada, da gordura, isto querem gado gordo, com gordura, mas a gordura no gado gordo é grande parte da res descartada, e apesar de tudo ser descartado e não seja o fazendeiro beneficiado com qualquer valor, logicamente que os descartes sempre são aproveitados, seja na indústria de sabão ou outras, e o frigorifico quase sempre recebem quantias significantes por tais resíduos, que ajudam a engordar o lucros dos mesmos.

Dito isto, lá vai o peão rumo a serra depois de quase três horas após o início das andanças, para arrebanhar, juntar o gado e tangir para o curral da fazenda para avaliação, e oferta do comprador, e como dito, por não se tratar de gado de qualidade com depreciação de 20 a 30%, e mesmo assim o fazendeiro precisa vender, pois a criação de gado é uma atividade interessante, o gado procria, as vacas parem, os bezerros crescem, e a quantidade aumentam e os pasta que pela atividade não comportam investimento em melhorias, com adubo, conservação, aração, manutenção, apesar das terras de alta qualidade em para tal atividade, pois são terrar argilosas e em razão disto, produzem quantidade de massas muito superior as registos de campos, desérticas, e áridas dos cerrados, savanas e outras espalhadas pelo mundo afora.

Mas mesmo assim com o aumento do gado, e diminuição das massas produzidas o gado precisa ser vendido ou morrem de fome, já que é impossível alimentar gado comum com cereais, ou mesmos resíduos de cereais ou outras frutas, pois o custo é proibitivo e dá prejuízo, assim o gado ruim, sem qualificação, e não gordo, que não serve para o frigorifico, com ou sem tamanhos, ou de tamanhos diversos acabem tendo que ser vendidos ao comprador pelo preço que este julga razoável para ganhar algum no futuro, quando coloca-los em pastagem melhor ou em confinamento, e tudo isto, ou seja esta venda só é possível com prazo quilometro, ou seja, em vez de venda à vista, ou trinta dias, que seria praxe, a venda tem que ser feita com prazo de noventa dias, ou mais, se não for assim em momentos ruins e estamos passando momento ruins, este nosso tipo de gado ficará sem vender e acabará morrendo de fome.

Em fazenda de pequenos proprietários as ferramentas também não são boas, os cavalos logicamente não tem pedigree, não são quarto de milhas ou manga-larga paulistas, são cavalos comuns, e em virtude de pouco gado, com pouca pratica, uma vez que não são usados no dia a dia e sim mensalmente com a lida do gado, e como dito o gado estava longe na serra, e isto por que o pasto era arrendado, porque já não cabia no pasta, e o arrendo estava levando mais ainda parte do resultado, e o comprador iria comprar mais gado do fazendeiro, que tem outras pequenas fazendas na região do curral, sempre pastos pequenos e descontinuados, diferente das grandes fazendas organizadas, e onde os gados estão separados por tamanho, raça, e com cercas de boa qualidade, pastagem planas, com cavalos especializados onde tudo é mais fácil e mais lucrativo.

Cá nas descontinuidades dos pequenos pastos, são várias boiadas de pequenos lotes a serem movimentadas, mesmo começando cedo, mesmo fazendo um mutirão entre os pequenos proprietários, onde vários se ajudam para a reunião do gado em um local único onde o comprador fará a vistoria, isto tudo demanda a reunião de várias boiadas e hoje a reunião é de quatro boiada, e depois de reunido, separado o de vender e o de interesse do comprador, várias boiadas novamente são separadas, para serem devolvidos nos pastos pequenos e descontinuados das montanhas da Mantiqueira.

O tempo ajudou, pequena garoa que não atrapalhou, só ajudou a refrescar a lida/labuta, tudo correu bem, o gado não desgarrou, não brigou com o peão, não houve luta onde um ou outro se feriu, não houve uso do laço/corda, apesar do peão estar preparado para a luta, quando pegou o cavalo, colocou a arreata, certificou, que tinha espora, reio, corda/laço, sobre o arreio o pelego e a baldrana, o freio de qualidade, a rédea, o cabresto, muitos são os detalhes, não para “judiar” dos animais, mais para que o peão possa fazer uma luta justa, e que nesta luta justa possa se sair vitorioso, e estando bem equipado com certeza haverá facilidade na execução do árduo trabalho.

Muitos pessoas de fora da lida, até autoridades desconhecedora da labuta/lida diária dos peões, acham que as reuniões de competições ou de desfile, são reunião para judiar de animais, mal sabendo que estas reunião são para aprimoramento e troca de conhecimento e informações, e onde um peão encontra outro, encontra outros animais, encontra trais e ferramentas do uso do dia a dia; e mesmo quando parte para o “rodeio” de cavalos ou de touros são para o aprimoramento e demonstração da capacidade adquirida no dia a dia da luta, não são predadores, desordeiros, criminosos. Quando usam espora, sedem, luvas, chapéus estão utilizando as ferramentas necessárias a luta do dia a dia.

Os policiais usam armas de baixo ou grosso calibre, que são as ferramentas, juntamente com veículos e treinamento no dia para poder enfrentar a sua atividade, assim são os juízes, advogados, promotores, que buscam nos livros e nas canetas, e nas vestimentas, ferramentas necessárias a boa execução de seus trabalhos.

A vida de peão não é diferente, necessita de muito preparo, muita ferramenta, para que a execução de seu trabalho ocorra sem incidente desagradável, e com certeza da mesma forma que a polícia ostensiva bem fardada, bem armada, com as ferramentas adequada executará o confronto com muito mais segurança, o peão bem traiado também desta forma terá sucesso no seu intento do dia a dia. 09/11/17

estreladamantiqueira
Enviado por estreladamantiqueira em 09/11/2017
Reeditado em 20/03/2018
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