OS JULGADORES DE NORDESTINOS CONTINUAM OS MESMOS?...

Encontrei, hoje, na biblioteca de um amigo, um livro publicado em 2008 pelo escritor recifense Paulo Fernando de Moura Bezerra Cavalcanti, intitulado "Quando leres esta carta...".  Folheando-o encontrei, do autor, o artigo "Acusações", publicado na seção Cartas do Jornal do Commercio, em 30.03.2007, que se segue.  Considero a sua leitura, ou releitura, de grande valia para este momento de crise moral em nosso país, em que o preconceito racial predomina, se exacerba e julga:

"Quem se aventurar a entrar em sala de bate-papo pela Internet e conversar com alguém das regiões Sul e Sudeste, encontrará boa vontade apenas enquanto a outra pessoa não descobrir que está conversando com um nordestino.  A partir da descoberta, a conversa simplesmente morre por inanição.  É que nossos irmãos do "Sul Maravilha" não acreditam na existência de vida inteligente por estas bandas. 
O jornal "O Estado de São Paulo" publicou carta da leitora Maria Helena F. Sampaio nos chamando de "...gente de costumes estranhos, vingativos, traiçoeiros e ladrões." (sic).  E a Câmara Municipal do Recife aprovou voto de repúdio ao "jornalista" Alex Gutemberg, colunista do Estado do Paraná, que nos descreve como "imundos, ladrões, miseráveis e moradores de um mundo à parte, fruto de contínuas gerações de mamelucos e cafuzos, resultado de miscigenação desenfreada." (sic).  Para arrematar, ainda nos acusa de eleger Inocêncio de Oliveira, Antônio Carlos Magalhães e José Sarney...
Assusta constatar que os ideais da suástica nazista não morreram, e que, a depender de gente assim, teríamos no Sul-Sudeste campos de refugiados nordestinos ou, quem sabe, até espertos fornos crematórios".
 

Triste época a nossa, ainda.  Segundo Albert Einstein:

"...é mais fácil quebrar uma pedra de átomo do que romper o preconceito".

  Sinceramente, não acredito nas mudanças que vêm acontecendo no meu país nos últimos anos, especialmente a mudança comportamental.  Acredito, sim, que os preconceituosos capazes dos tão disparatados julgamentos acima explicitados, ocupam hoje, entre outras, as funções de DEPUTADOS, SENADORES, DELEGADOS, PROMOTORES, JUÍZES, MINISTROS, DESEMBARGADORES ..., todos, de há muito, experimentados "julgadores".

Quem julga um indivíduo com ÓDIO RACIAL, com certeza não está julgando um RÉU, mas um INIMIGO preconcebido.  O chicote não é para todos.

Até quando esta cisão em meu país: CASA GRANDE e SENZALA?
Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 01/11/2017
Reeditado em 04/11/2017
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