A DANOSA OMISSÃO POR CONVENIÊNCIA FUNCIONAL
Prólogo
“Quem cala consente” – (Sabedoria popular).
Todo ser humano é diferente! Uns falam ou escrevem demais, outros são lacônicos e/ou escrevem de menos. Às vezes dizemos o que não queremos, mas, às vezes, escrevemos o que podemos e sabemos com o respaldo da livre liberdade de expressão. Conheci e conheço homens de bem, excelentes pais de família, briosos profissionais e funcionários do governo que se declaram manietados e amordaçados pela danosa conveniência funcional. Não devia ser assim!
Liberdade de expressão é o direito de qualquer indivíduo manifestar, livremente, opiniões, ideias e pensamentos pessoais sem medo de retaliação ou censura por parte do governo ou de outros membros da sociedade. É um conceito fundamental nas democracias modernas nas quais a censura não tem respaldo moral. A liberdade de expressão, sobretudo sobre política e questões públicas é o suporte vital de qualquer democracia.
ATITUDES INCOMPREENDIDAS E, POR ISSO, DISTORCIDAS
Desde os primórdios de minha adolescência escrevo e falo talvez o que não devia. Durante o meu tempo de serviço ativo, servindo à Pátria incorporado ao glorioso Exército Brasileiro, eu era considerado por muitos superiores hierárquicos como sendo atrevido e imediatista.
Ora, o “atrevido”, quando não concordava com uma sandice ou boçalidade extremada e gritante, fazia uso da liberdade de expressão para discordar com palavras respeitosas e sempre na "posição de sentido" (de pé, com os pés juntos e as mãos coladas lateralmente ao corpo). Já o “imediatista” nada mais era do que um pragmático racional que ia de encontro à burocracia inútil, enganosa e improficiente. Nunca fui e jamais serei omisso por conveniência funcional!
UM EXEMPLO A SER SEGUIDO
Michael King Jr., apelidado Martin Luther King, foi um líder político e religioso que deixou frases célebres. Vou citar apenas duas dessas frases que entendo muitos dos meus excelentes amigos poderiam aproveitar para refletir sobre suas conveniências funcionais:
“O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.” (SIC) – (Martin Luther King).
“Se soubesse que o mundo se acaba amanhã, eu ainda hoje plantaria uma árvore.” (SIC) – (Martin Luther King).
CONCLUSÃO
Existe uma sabedoria popular que merece uma reflexão: “Quem cala consente”. Significa que aquele que não toma uma posição diante de uma atitude concorda com a mesma. A expressão “Quien calla, otorga” foi cunhada pelo 193º papa, Bonifácio VIII, (aquele que conflitou com Dante Alighieri retratado por ele no inferno, em sua “Divina Comédia”), no século 13, entre 1294 e 1303, através de uma de suas decretais ou bulas, em que respondia às consultas populares.
No início do texto escrevi: “Todo ser humano é diferente!”. No âmbito psicológico, cada ser humano tem um tipo de tolerância para verbalizar ideias, sentimentos e opiniões. E o calar tem várias facetas. Muitas vezes, quem cala é porque concorda, mas pode ser também por falta de argumentos para contrapor.
Outras vezes o calado está amordaçado ou teve sua língua arrancada ou ameaçada de extirpação por um local surreal e apenas imaginado. Outras vezes, quando os fatos são óbvios e transparentes, não há necessidade de respostas nem explicações. Contudo, na maioria das vezes grita mais alto A DANOSA OMISSÃO POR CONVENIÊNCIA FUNCIONAL. Lembram-se da teoria heliocêntrica de Nicolau Copérnico?
Julgado pelo Tribunal da Inquisição Romana Galileu Galilei que apoiava a teoria de Nicolau Copérnico, após um julgamento longo e atribulado foi condenado a abjurar publicamente as suas ideias e à prisão por tempo indefinido. O “abjurar” de Galileu Galilei é o melhor exemplo de que se tem notícia, no âmbito jurídico, do silencio por conveniência funcional, medo ou ameaça.
Nos dias de hoje, diversas vezes somos chamados ou induzidos a abraçar uma causa, uma campanha, seja ela política, social, jurídica, moral, religiosa ou outra qualquer. Não é certo evitar o erro e se opor a ele, denunciando e combatendo-o ativamente? Ora, do outro lado da ponte quem permanece calado torna-se conivente com tal erro ou injustiça e ajuda o mal a triunfar. Esse é o meu entendimento!
Há quem diga, mas, eu não concordo e sei que há outros discordantes: “Quem cala consente”! Quem cala é conivente, é covarde (acusação fortíssima. Não gosto dessa palavra). Eu entendo que quem cala é passivo, é medroso; ou quem cala não necessariamente consente, pode estar em pânico ou amordaçado. Quem cala pode estar sem língua e por isso não desmente, não se manifesta, não se envolve, não se compromete.
A decisão, o livre-arbítrio, é de cada um, de acordo com a maneira como enxerga a vida. Eu não me calo! Enquanto não for amordaçado ou não perder a língua... NÃO DEIXAREI DE FALAR E/OU ESCREVER! Jamais ficarei em cima do muro! Não me omito por conveniência funcional!
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NOTAS REFERENCIADAS
– Imprensa falada, escrita e televisiva;
– Revista Aventuras na História – Abril Cultural
Catholic Encyclopedia – New Advent – Erica 1913.
– Assertivas do autor que devem ser consideradas circunstanciais e imparciais.