POR QUE EXISTE O SOFRIMENTO ?

"A existência precede a essência!" Jean P. Sartre

O “Ser" é o que existe de humano, básico, biológico, enquanto espécie, vivo, e existe antes que sua "essência", que é aquilo que o compõe como pensante e ativo em relação ao mundo seja realizada. A sua "essência", (o que ele será, como verá, viverá e reagirá às ações do outro) é construída pela educação, cultura, fatos e ações dos outros indivíduos, da natureza, das regras estabelecidas pelo próprio homem para que esta convivência aconteça. Cada fato, cada ação de um indivíduo, direta ou indiretamente, em relação ao outro, transformaria esse outro, e vice versa, caso fosse observada, avaliada e considerada sob o ponto de vista do todo, do crescimento coletivo, que é o pressuposto do crescimento individual. Não se cresce e desenvolve para si mesmo! As relações não podem atender a um lado, isolada e independentemente do outro, sob pena de perder total e completamente o seu sentido primário que é o próprio "relacionar-se". Para isso se busca crescer, para isso se busca aprender e mudar. O que existe e justificaria a expressão "HUMANIDADE" que não o coletivo? É entre humanos que se pode ser bom, mau, egoísta, generoso, honesto, mentiroso, justo, cruel, respeitoso, preconceituoso, teórico, prático, real, místico, responsável ou fatalista. Apenas entre humanos se pode "Ser Humano".

O detalhe é que Humanos são construídos por humanos, que foram construídos por humanos, que nem sempre se dão conta da responsabilidade, comprometimento e consequências dessa construção! O resultado não está no "inferno", não está no "paraíso", não está na "próxima vida", nem em "vidas passadas", nem no "universo", "cosmo", etc. O resultado, (e suas implicações) está no dia a dia, nas angústias, na chamada "infelicidade", nos conflitos, grandes ou pequenos, no vazio, nas desigualdades, na violência, na fome, na dor e na ilusão. Tais circunstancias não precisariam existir, bastando para isso que o homem entendesse e assumisse essa sua responsabilidade com o outro, mútua e perenemente. Se há alguma coisa que é vital para que a vida seja diferente do que ora se apresenta, seja diferente do que se repete em ciclos há milênios, é a compreensão desse processo de exteriorização, da origem no próprio homem, do que seria a "essência humana"!

Julio Miranda