O Sigilo Maçônicio
"Meus Irmãos, os trabalhos estão encerrados e a Loja fechada. Antes, porém, de nos retirarmos, recomendo o mais absoluto segredo sobre tudo quanto aqui se passou".
Esta recomendação é feita no encerramento dos trabalhos templários e deve ser rigidamente observada por todos os Irmãos, para que os "segredos" da Maçonaria não sejam revelados a profanos.
Os propósitos e finalidades da Maçonaria são de domínio público e nada impede que os maçons possam exibir a sua condição publicamente. No entanto, deve garantir o silêncio acerca de tudo quanto ouve ou vê. É preciso manter o sigilo. De acordo com o Dicionário Aurélio, sigilo significa, entre outros, segredo, reserva, cautela, precaução, confidência, enigma.
A exigência de manter o sigilo acerca dos conhecimentos adquiridos não é nova. Surgiu na Antiguidade, com o estudo esotérico, reservado aos homens selecionados (segundo o seu potencial moral e cultural) para a "Iniciação" nos mistérios praticados nas religiões orientais herméticas na China, no Egito e na Grécia, por exemplo. Essa prática foi assimilada pela Maçonaria, que a conserva até os dias atuais.
Os "mistérios" da Maçonaria são ministrados através de um processo gradual de ensinamento (o processo esotérico), absorvido das religiões antigas, o qual é dado a conhecer aos seus membros ao ao longo dos seus 33 graus. Uma das recomendações transmitidas é a do "Sigilo Maçônico", exigido do neófito já no seu primeiro contato com a Arte Real, no dia da sua Iniciação, no momento em que presta o juramento.
Durante o ritual de Iniciação o Venerável Mestre diz ao profano:
"Senhor, toda associação tem leis, princípios e objetivos peculiares, e todo associado, deveres a cumprir (...) O que vos será exposto no tocante às principais e invioláveis regras da nossa Ordem".
Em seguida. o Orador expõe ao profano a natureza desses deveres:
"Vosso primeiro dever é o de manter um absoluto silêncio acerca de tudo quanto ouvirdes e descobrirdes entre nós, bem como de tudo quanto, para o futuro, chegueis a ver, ouvir ou saber" (GOIPE. Ritual de Aprendiz, 1998, p. 57).
Após ouvi-lo, o candidato se compromete a "nunca" revelar os mistérios da Maçonaria que lhes serão confiados, sob pena de cometer perjúrio:
"Eu... na presença do Grande Arquiteto do Universo, juro e prometo, de minha livre vontade, pela minha honra e pela minha fé, e perante essa assembleia de maçons, nunca revelar qualquer dos mistérios da Maçonaria que me vão ser confiados, senão a um bom e legítimo maçom, devidamente reconhecido ou em Loja regularmente constituída. Juro e prometo não escrever, gravar, traçar, imprimir ou divulgar por quaisquer meios os segredos maçônicos que me forem revelados" (GOIPE, 1998, p. 74).
O sigilo também é exigido pelas nossas leis básicas: Landmarks e a Constituição de Anderson. O 23º Landmarck, na compilação de Mackey, refere-se ao sigilo dos mistérios e práticas maçônicas. Prescreve a conservação secreta dos conhecimentos havidos pela Iniciação, bem como os métodos de trabalho, lendas e tradições, que somente poderão ser comunicadas a outros Irmãos.
O Livros das Constituições, na parte relativa às regras de conduta que devem ser observadas diante dos não-maçons, recomenda:
"os maçons devem ser circunspectos em suas palavras e obras, a fim de que os profanos, ainda os mais observadores, não possam descobrir o que não seja oportuno que aprendam".
Portanto, o desequilíbrio da fala pode provocar transgressão. Revelar segredos da Ordem ou discutir assuntos tratados em Loja publicamente com profanos é infração maçônica grave, pois está violando o juramento prestado.
O maçom deve ser discreto, comedido nas suas palavras e lembrar que há momentos certos de (para) falar e de (para) se manter calado. Deve lutar contra as suas fraquezas e a impulsividade.
O maçom deve manter o "silêncio", meditar e tirar o máximo proveito dos conhecimentos adquiridos nas pesquisas em livros ou dos ensinamento obtidos em Loja. Deve usar a palavra com sabedoria, livre das paixões. Deve sempre lembrar que precisa dominar a exteriorização dos seus pensamentos. É preciso fiscalizar-se e, constantemente, sempre que preciso for, utilizar o Cinzel (equivalente à faculdade de pensar com retidão) e o Maço (que representa a vontade ativa e a perseverança do Aprendiz) para tirar as asperezas ainda existentes na sua pedra bruta.
Bibliografia
ASLAN, Nicola. Landmarks e outros problemas maçônicos. 2ª edição. RJ, 1972
BOUCHER, Jules. A simbólica maçônica. 12ª edição. São Paulo-SP. Ed. Pensamento. 2000
GOIPE. Ritual de Aprendiz Maçom (REAA). 2002 Recife-PE, p. 49
GOIPE. Ritual de Companheiro Maçom (REAA). 2002 Recife-PE, p. 28
GOIPE. Ritual de Mestre Maçom (REAA). 2002 Recife-PE, p. 36
SIQUEIRA, Francisco Mello. O sigilo maçônico.