O FUTURO DAS NOVAS GERAÇÕES: O RETRATO DE UMA FORMAÇÃO SEM IDENTIDADE
*Sineimar Reis
Vendo o avanço célere das hostes do obscurantismo em pessoas como Bolsonaro, Michel Temer, Sérgio Moro, Gilmar mendes e tantos outros seres nefastos, eu fico me perguntando: o que será das nossas novas gerações? O que as espera logo ali adiante? Será que os nossos sonhos de um mundo pleno de solidariedade e equidade foi sepultado definitivamente? É o momento de nos perguntarmos: qual será o futuro das Novas Gerações? As novas gerações deveriam receber como modelo básico para a atuação da espécie humana, a necessidade de se esforçar para construir um mundo melhor, com ética e responsabilidade. Seria isso demais? Nos dias de hoje, desviando o foco em que se encontra o nosso Brasil, percebemos a índole do aumento e a banalização da violência, que vem das ruas, dos jogos eletrônicos, com o aumento dos divórcios e da influência perniciosa da internet e mídias invadindo nossos lares, o que resultará de tudo isso se não sabermos utilizar?
Nunca se viu uma geração com tamanha crise de identidade como a atual. O polêmico jogo Baleia Azul, onde os participantes receberam 50 desafios, sendo o último cometer suicídio, apenas retrata esta triste realidade. Poucos anos antes estreou o filme Anjos da lei, o filme mostra dois oficiais de polícia que são forçados a reviver os tempos de escola quando são designados a ir disfarçados de estudantes do ensino médio a uma escola para evitar a eclosão de uma nova droga sintética e prender seu fornecedor. O filme foi lançado nos cinemas americanos em 16 de março de 2012, e conquistou o sucesso comercial e de crítica, no qual os policiais Schmidt e Jenko entram para a unidade secreta Jump Street e tiram proveito de suas aparências jovens disfarçando-se de estudantes colegiais. Eles trocam suas armas e crachás por mochilas e partem para desmantelar uma perigosa rede de narcóticos. Mas logo percebem que o colégio não é mais como costumava ser há alguns anos e tem mais, eles precisam enfrentar novamente o terror adolescente e a ansiedade que achavam ter deixado para trás. Se os adolescentes de hoje forem como os do filme Anjos da Lei, o que poderemos esperar do futuro? Urge oferecer às jovens motivações para que busquem um futuro melhor para o planeta. Embora em tom de comédia, o filme adentra no campo da baixaria mostrando os jovens estudantes como um bando de alienados que se permitem todos os tipos de excessos sem qualquer visão de futuro. Apesar disso a dupla consegue atrair a nossa atenção e fazer com que fiquemos na torcida para que vençam o desafio de desbaratar a gang da droga. As crianças e os jovens aprendem observando o que veem e ouvem assimilando tudo. Com raras exceções a mente das crianças tem sido entulhada de coisas inúteis e até nocivas, passando várias horas na frente da TV, partindo para os jogos eletrônicos, usando a internet para superar o vazio. As novas gerações deveriam receber como modelo básico para a atuação da espécie humana, a necessidade de se esforçar para construir um mundo melhor, com ética e responsabilidade.
Descobrir quem somos e saber nosso propósito nessa breve existência é um processo difícil que todos nós vivenciamos em diferentes fases da vida, especialmente na adolescência, onde gritamos por um senso de pertencimento e aceitação. É uma angústia que precisa ser vivenciada e superada, pois faz parte do desenvolvimento do ser humano. A forma como o adolescente é conduzido e amparado (ou não) nesse processo, é muito importante para que ele consiga atravessá-lo. Por mais que se achem crescidinhos demais, eles ainda não possuem maturidade suficiente para construir tomar boas decisões por conta própria. O apoio, orientação e, por que não, interferência dos pais é imprescindível. Sim, é preciso “se meter” na vida do seu filho adolescente, colocar limites, dizer não quantas vezes for preciso, sem medo de perdê-lo, porque se não o fizer, aí sim o perderá. Mas tudo isso com muito diálogo, respeito e amizade. Exercer autoridade sem autoritarismo. A Baleia Azul é só mais uma de tantas armadilhas que os adolescentes caem em busca de uma identidade, de pertencer a um grupo ou de simplesmente aliviar a angústia de todo esse processo que ele, sozinho, não consegue superar.
É como pertencer a uma tribo, vestir-se diferente, quebrar regras, fazer coisas ilícitas. É tudo que a juventude sempre fez em todas as gerações, mas que hoje leva milhares ao suicídio, que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é a segunda maior causa de morte entre jovens no mundo. E ganha força e velocidade por se tratar de um jogo virtual. É como um rastilho de pólvora…
No lado político, a mídia, falta de conhecimento virtual estão estimulando jovens a odiar num grau como eu aposto que você não se lembra de ter testemunhado antes, estamos perdendo uma geração para o ressentimento. Foram-se o decoro, a educação, o verniz social, até mesmo a hipocrisia. Com o enorme auxílio das redes sociais, septuagenários que poderiam estar pensando numa aposentadoria feliz se dedicam a compartilhar memes estúpidos e ofensivos. A necessidade de estar ativos, um daqueles clichês da gerontologia, se traduziu em MBL. Não era assim. Você se recorda antes da chegada triunfal do facebook aqui no Brasil em 2004. Essa barreira foi rompida coletivamente nos últimos anos. O normal é chamar Lula de “lularápio com nove dedos”, a ex-presidnta Dilma de “presidanta”, o Bolsa Família de “esmola de vagabundo”, Sérgio Moro de Herói e por aí vai. Enquanto ninguém olha, eles são intoxicados com uma dieta de rancor e desinformação desde a hora em que acordam. No rádio, Sardenberg e Míriam Leitão e os imbecis histéricos da Jovem Pan. Na TV, denúncias seletivas de corrupção. No Facebook, aquele costumeiro festival de imbecilidades.
A geração agora é outra, avós passaram a ser um perigo para seus netos. Mães ensinaram crianças tomar no cu em manifestações. Isso ganhou o status de aceitável. Como explicar a seu menino o ditado segundo o qual é preciso respeitar os mais velhos? Pessoas mais velhas entraram em contato com a internet redes sociais compartilhando imagens de ódio sem saber seu real significado, nos últimos anos o Brasil ganhou milhões de novos internautas com mais de 45 anos. Grande parte desses, são também novato nas redes sociais todos querem se manter antenados às novidades e estar em contato com familiares e parentes, isso influenciou que qualquer informação falsa seja divulgada sem fontes confiáveis, assim o número de pessoas mais velhas e idosos na internet continue a crescer a cada ano, muitos enfrentam dificuldades na hora de escrever, compartilhar algo etc. Há, por exemplo, aqueles que dependem de filhos e netos quando querem navegar, então os mais novos impõe-se donos da razão, eles se emocionam com o hino nacional, a bandeira, o superávit primário, e se revoltam quando a TV mostra que o Brasil vai mal. No fundo, são capazes de sentir por toda aquela gente pobre, fora do normal ou comunistas, a meu ver esta geração está com a mente tumultuada, hoje em dia as pessoas deixam se encarregar pela maioria, são manipulados, ou seja, só de ver artistas apoiando tais políticos, eles acreditam que o apoiado será o salvador da pátria.
No fundo, são pessoas bastante simples, mutiladas por ideologias que simplificaram a realidade ao ponto dela se tornar insuportável. E então, nas horas vagas, babam de ódio. À procura de culpados, à espera de um salvador e cheios de boas intenções, gente que acredita que o assassinato, a tortura ou o estupro de seres humanos pode ser justificável. Que tem certeza de que bandido bom é bandido morto, ideologia que aprenderam a odiar no momento, pessoas que tem certeza de serem corretas, guardiões da moral e dos costumes, conveniência, emulação, simpatia e analogia, os códigos fundamentais da semelhança. A dialética do esclarecimento para impedir que Auschwitz se repita.
Muito ainda se vai discutir, até o início da campanha presidencial de 2018, sobre qual o potencial de votos que o deputado federal Jair Bolsonaro pode alcançar, quando for conhecido por uma parcela mais considerável da população. Hoje, segundo o Ibope, mais de 40% não o conhece o suficiente. Apenas 17% do total dos eleitores pesquisados (menos de 30% do total dos que o conhece) cogita votar nele. Se os que não o conhecem, quando passarem a ter mais informações sobre ele, fizerem uma escolha na mesma proporção dos que já o conhecem, ele pode alcançar algo próximo de 28% a 30% dos votos, Os dados mostram onde estão os eleitores de Bolsonaro. No geral, ele alcança 16%, tais eleitores fazem parte da geração pós-impeachment de Collor. Nasceram entre 1993 e 2001 e, portanto, vivenciaram apenas a era petista no poder, iniciada em 2003. Mesmo os mais velhos dessa geração tinham no máximo 10 anos quando Lula assumiu o poder. Tal geração, portanto, não conheceu uma alternativa de poder na Presidência que não a esquerda desbotada representada por Lula e Dilma. Buscam na extrema-direita algo mais distante possível do que viveram. Soma-se a isso o fato de não terem vivido nem o período ditatorial, nem mesmo os ecos daqueles tempos, fortemente lembrados nas décadas de 1980 e 1990, quando o sentimento de repulsa a um período negro da história brasileira era quase unânime. Tal geração nasceu em outros tempos, quando já há gente com coragem suficiente para ir para a rua defender uma intervenção militar. Um devaneio é fruto de forte desilusão e descontentamento com governos democráticos corruptos e ineficientes. Bolsonaro, portanto, fortemente identificado com esse tipo de pensamento, beneficia-se do fato de esse eleitorado mais jovem não ter vivido as agruras de outros tempos. Além disso, ninguém melhor que um eleitor entre 16 e 24 anos para comprar um discurso radical como o do deputado federal. Jovem mede pouco as consequências, é extremista e pondera pouco. O discurso de Bolsonaro se encaixa perfeitamente em uma cabeça assim.
A experiência, a vivência de diferentes momentos da história brasileira e a percepção de que as crises são intercaladas por momento de razoável êxito jogam contra Bolsonaro. Quanto mais velho é o eleitor, menos votos tem o deputado: 21,5% entre os eleitores de 25 a 34 anos; 13,4%, entre os de 35 e 44 anos; 11,8% entre os de 45 e 59 anos; e 6,8% para quem têm 60 anos ou mais. O próprio Bolsonaro já admitiu que seu eleitorado (Bolsominions), a nova geração.