A Iniciação (Maçônica)
Os homens se agrupam por afinidade, por interesses e pensamentos comuns. Isso acontece em entidades de caráter social, político, religioso, desportivo, assistencial ou mercantil. E assim é, também, na Maçonaria, uma sociedade universal, cujos membros defendem e vivenciam os princípios da liberdade, igualdade e fraternidade; o aperfeiçoamento moral e intelectual.
Mas o ingresso de um profano na "Ordem dos Construtores Sociais" ocorre de forma diferente dos demais grupos. O ingresso na Maçonaria - assim como em outras sociedades iniciáticas, como a Ordem Martinista e a Antiga e Mística Ordem Rosacruz (Amorc) - se dá através da Iniciação.
A Iniciação nada mais é do que um ritual demarcatório entre o mundo profano e o maçônico. É o marco para o início da reconstrução do Ser, quando o neófito deixa o mundo profano e (re)nasce para a vida maçônica. Iniciar tem o significado de reconstruir, reconstruir-se.
Mas o rito iniciático não tem nenhum valor sacramental. Na realidade, a Maçonaria quer, através dessa cerimônia, fazer o Iniciado compreender que ele está entrando numa nova dimensão ética e comportamental. Quer mostrar que ele deve (e precisa) mudar, assumir hábitos novos e mais saudáveis; fazê-lo refletir acerca das suas responsabilidades e obrigações como ser humano, como chefe de família, trabalhador e cidadão; alertá-lo para a necessidade de ser fraterno, tornar-se mais justo e piedoso, e fazer da verdade o seu ponto de referência e de convergência.
Boucher (1999) explica que "o objetivo da Iniciação formal é conduzir o indivíduo ao conhecimento por uma iluminação interna". Por sua vez, Platão afirma que "a Iniciação é a conquista progressiva dos estados de consciência". Dessa forma, depois de Iniciado, o "novo homem", de posse das ferramentais oferecidas pela Maçonaria e a colaboração dos demais Irmãos, irá buscar essa iluminação, trabalhando para melhor dominar os seus instintos e emoções, purificar seus pensamentos, palavras e ações . Enfim: moldar a formação material da sua personalidade profana e adaptá-la à personalidade maçônica.
A partir desse conjunto de ações o maçom estará fazendo o desbaste da pedra bruta e iniciando a construção do seu templo interior. Esforcemo-nos para edificar esse templo, para que possamos ser reconhecidos não apenas por sinais, toques e palavras, mas pelo nosso comportamento e ações dignas de verdadeiros construtores sociais.
Bibliografia
BOUCHER, Jules. Simbólica Maçônica. Ed. Pensamento, 1999.
KLEIN, Ausonia. Um tratado sobre Iniciações. 2002
SILVA FILHO, José Inácio da. A Iniciação real. In: Consciência Maçônica. Fev-Mar/1997