A LÓGICA DA HIPOCRISIA
As intervenções do exército no Rio de Janeiro, para reprimir o tráfico de drogas, mostraram o quanto esse problema se tornou uma questão de Estado. Pois os traficantes são o que podemos chamar, hoje, de quinto poder. Esse poder está no fato de eles serem os únicos controladores dessa indústria poderosa, que movimenta trilhões de dólares no mundo todo. Com tanto dinheiro assim eles podem comprar aliados no executivo, no legislativo e no judiciário, e tornar-se um estado dentro do Estado, como acontece no Brasil, no México e na Colômbia, principalmente. Nestes países, grandes produtores e distribuidores de drogas, seus governos abdicaram do poder de controlar esse mercado, preferindo praticar uma pífia repressão, que mais se assemelha a uma guerrilha urbana, que aliás, estão perdendo de goleada.
Em tudo isso há uma lógica absurda que os nossos governantes teimam em não querer entender. Drogas, assim, como álcool, tabaco, jogo clandestino e outros prazeres socialmente condenáveis, são apenas produtos que muita gente deseja consumir. Enquanto houver mercado para eles, haverá quem os queira produzir e distribuir. E quanto mais reprimido for e tiver sua aquisição dificultada, mais valor esse produto vai ter no mercado. E quanto maior for o resultado financeiro que se obtém com esse comércio, mais pessoas haverá para arriscar a própria vida em busca dos lucros que ele proporciona.
A política de repressão ao tráfico de drogas se fundamenta na lógica hipócrita que está por trás do chamado comportamento politicamente correto. Correto para quem? Não para o povo certamente, mas para as velhas oligarquias que ainda pensam estar no século dezenove, e acham que proibir é mais eficiente que educar, reprimir é melhor que informar, criticar e condenar é melhor do que tentar entender. Foi essa moral hipócrita que carimbou o homossexualismo como doença, fechou os cassinos, que geravam renda e emprego para milhares de pessoas, impediu a reforma do nosso esdrúxulo código penal, que ainda taxa o adultério como crime, ao mesmo tempo em que facilita a vida de bandidos perigosos, pelo simples fato de terem dinheiro e poderem contratar bons advogados.
Não se trata simplesmente de defender a liberação do tráfico de entorpecentes. Mas seria de bom alvitre começar a discutir uma opção de controle social sobre esse mercado, pois ele veio para ficar, e não será a repressão pura e simples, que vai resolver o estrago que ele causa. Aliás, não entendemos qual a diferença existente entre esse mercado e o mercado do/ tabaco e do álcool.
Será que os funcionários dos fiscos, federal, estadual e municipal, com suas naturais competências para identificar sonegadores de impostos não seriam mais eficientes para controlar esse mercado do que a nossas mal equipadas forças policiais? Para o governo não seria melhor recolher impostos sobre esse tráfico do que gastar uma imensidade de recursos públicos para reprimi-lo? Um consumidor de drogas, sabendo que pode adquiri-la na farmácia, vai querer se envolver com bandidos, arriscando a vida para obtê-las? Se esse mercado fosse reguladamente livre, os vendedores estariam se matando uns aos outros para controlá-lo?
Por fim, fica a pergunta. Se todo produto está sujeito á lei da oferta e da procura, por que a nossa lei criminaliza a oferta e tolera a procura? Se é o consumidor que justifica a existência do tráfico, por que quem vende é criminoso e quem compra é tratado como doente?
Está mais que na hora de a nossa sociedade começar a discutir essa questão com um pouco mais de inteligência e menos hipocrisia. O diabo, se ele existe, com certeza será diferente da visão que dele tinham os padres da Idade Média. Foi a luz elétrica, e não a Igreja, que exorcizou os fantasmas que assustavam as nossas avós. Quem sabe o foco de uma lanterna sobre essa questão não nos traga melhores resultados do que o clarão das armas e a sombra sinistra das masmorras?
As intervenções do exército no Rio de Janeiro, para reprimir o tráfico de drogas, mostraram o quanto esse problema se tornou uma questão de Estado. Pois os traficantes são o que podemos chamar, hoje, de quinto poder. Esse poder está no fato de eles serem os únicos controladores dessa indústria poderosa, que movimenta trilhões de dólares no mundo todo. Com tanto dinheiro assim eles podem comprar aliados no executivo, no legislativo e no judiciário, e tornar-se um estado dentro do Estado, como acontece no Brasil, no México e na Colômbia, principalmente. Nestes países, grandes produtores e distribuidores de drogas, seus governos abdicaram do poder de controlar esse mercado, preferindo praticar uma pífia repressão, que mais se assemelha a uma guerrilha urbana, que aliás, estão perdendo de goleada.
Em tudo isso há uma lógica absurda que os nossos governantes teimam em não querer entender. Drogas, assim, como álcool, tabaco, jogo clandestino e outros prazeres socialmente condenáveis, são apenas produtos que muita gente deseja consumir. Enquanto houver mercado para eles, haverá quem os queira produzir e distribuir. E quanto mais reprimido for e tiver sua aquisição dificultada, mais valor esse produto vai ter no mercado. E quanto maior for o resultado financeiro que se obtém com esse comércio, mais pessoas haverá para arriscar a própria vida em busca dos lucros que ele proporciona.
A política de repressão ao tráfico de drogas se fundamenta na lógica hipócrita que está por trás do chamado comportamento politicamente correto. Correto para quem? Não para o povo certamente, mas para as velhas oligarquias que ainda pensam estar no século dezenove, e acham que proibir é mais eficiente que educar, reprimir é melhor que informar, criticar e condenar é melhor do que tentar entender. Foi essa moral hipócrita que carimbou o homossexualismo como doença, fechou os cassinos, que geravam renda e emprego para milhares de pessoas, impediu a reforma do nosso esdrúxulo código penal, que ainda taxa o adultério como crime, ao mesmo tempo em que facilita a vida de bandidos perigosos, pelo simples fato de terem dinheiro e poderem contratar bons advogados.
Não se trata simplesmente de defender a liberação do tráfico de entorpecentes. Mas seria de bom alvitre começar a discutir uma opção de controle social sobre esse mercado, pois ele veio para ficar, e não será a repressão pura e simples, que vai resolver o estrago que ele causa. Aliás, não entendemos qual a diferença existente entre esse mercado e o mercado do/ tabaco e do álcool.
Será que os funcionários dos fiscos, federal, estadual e municipal, com suas naturais competências para identificar sonegadores de impostos não seriam mais eficientes para controlar esse mercado do que a nossas mal equipadas forças policiais? Para o governo não seria melhor recolher impostos sobre esse tráfico do que gastar uma imensidade de recursos públicos para reprimi-lo? Um consumidor de drogas, sabendo que pode adquiri-la na farmácia, vai querer se envolver com bandidos, arriscando a vida para obtê-las? Se esse mercado fosse reguladamente livre, os vendedores estariam se matando uns aos outros para controlá-lo?
Por fim, fica a pergunta. Se todo produto está sujeito á lei da oferta e da procura, por que a nossa lei criminaliza a oferta e tolera a procura? Se é o consumidor que justifica a existência do tráfico, por que quem vende é criminoso e quem compra é tratado como doente?
Está mais que na hora de a nossa sociedade começar a discutir essa questão com um pouco mais de inteligência e menos hipocrisia. O diabo, se ele existe, com certeza será diferente da visão que dele tinham os padres da Idade Média. Foi a luz elétrica, e não a Igreja, que exorcizou os fantasmas que assustavam as nossas avós. Quem sabe o foco de uma lanterna sobre essa questão não nos traga melhores resultados do que o clarão das armas e a sombra sinistra das masmorras?