CONSCIÊNCIA OU MORTE: UM GRITO PELO MEU PAÍS

Faz pouco mais de três décadas que percebo que, no exercício da cidadania (?), aos poucos e conscientemente, manifestar um respeito à Pátria mãe, por aqui, passou a ser algo politicamente discutível, quase uma saia justa ideológica.

No presente momento histórico e bem conturbado de Brasil, estamos tão perdidos, que até manifestar amor é “ideologicamente “ perigoso por aqui...é quase preciso pedir licença, então, a peço publicamente, com todo respeito pelo momento livre e dolorido de todos:

Amo meu país e o quero de volta, livre de tudo que nos apodrece.

Hoje, no entanto, comemoramos o que, um dia, me ensinaram como sendo o DIA DA PÁTRIA, historicamente data que comemoramos a dita “Independência do Brasil”, dia em que , depois do grito do Ipiranga, dizem que conseguimos caminhar com nossas próprias pernas, independentes que ficamos de Portugal, o país que nos avistou por inteiro em “Cabrália” , já em terras “americanas” batizadas em homenagem a Vespúcio.

Perguntemos a alguma criança em idade escolar que data hoje comemoramos e provavelmente ela não saberá responder.

De lá pra cá a História foi visceral, até chegarmos nos dias das nossas atuais surrealidades inacreditáveis e independentes de todo o compromisso em fazer do Brasil um País realmente livre para ser minimamente feliz .

Somos uma Nação dita “independente ” num contexto de mundo conturbadíssimo, é verdade, todavia sempre que nos chega essa data comemorativa eu me pergunto o que semanticamente carrega, entre nós, a tal palavra "liberdade".

Para que nos serve atualmente a nossa “liberdade”?

Liberdade seria utopia?

Sinto que perdemos nosso “time” livre para fugir e nos esconder do medo vigio oriundo da livre obra das nossas próprias mãos.

Sinto que detentos seguimos, num círculo vicioso de degradação socil implacável, cada vez mais algemados a nós mesmos, ao tudo que nos veda a consciência de caminharmos UNIDOS numa próspera liberdade, ao menos a de se ter uma existência digna, verdadeiramente cidadã.

A liberdade que conquistamos, hoje, se nos revela em sucatas sociais para todos os lados, liberdade de permitimos que uma pequena fração da sociedade democrática, a de pseudos representantes descompromissados com a condução da hegemonia duma Nação rica e forte, se aposse do que é do povo por meios escusos de toda sorte, a nos dilapidar em Direitos Constitucionais fundamentais a céu aberto , aonde por produto de furto social engendrado por mãos cada vez mais imundas, perdemos tudo, inclusive nossas vidas de maneira livre, epidêmica e por todas as causas.

Não soubemos cuidar de nós.

Não aprendemos ainda a efetuar aquela premissa antiga que nos ensina que “liberdade é exercida com responsabilidade”.

Pelas telas midiáticas do mundo não é difícil perceber que, em plena LIBERDADE, estamos destruídos socialmente, tanto quanto (ou mais!) os países em guerras perenes e ou acometidos por tragédias naturais e ou sanitárias.

Enquanto barcos de imigrantes, fugidios de suas mazelas malfadadas, afundam no Mediterrâneo, nós aqui afundamos a olhos vistos nos mares das corrupções, em tsunâmicas marolas das falácias, soterrados que estamos por miséria, ignorância, abandono social de toda sorte, doenças recrudescidas, enquanto afluentes dos "rios de dinheiro" correm juntas pelos meandros das corrupções lamacentas que nos irrigam com dores , medos, desrespeito humano, na drenagem final comum das nossas mortes incontáveis, esparramadas pelas estatística que crescem, as das crescentes “covas rasas” das nossas mortas vidas.

Tenho observado o cenário social das tristes reportagens internacionais, e OBSERVEM também, mesmo as nações mais sofridas pelas guerras, pela miséria, pela doença, pela fome, pelos desastres naturais, a princípio, ali têm telas de fundo social mais humanizadas, mais solidárias, bem mais dignas que as das nossas ruas atuais: pessoas muito sofridas, todavia, notoriamente com maior dignidade cidadã, mais educadas, mais aconchegadas em suas vestes, que se comunicam em alguma outra língua que não apenas a autóctone, que são socorridas nas tragédias inesperadas por aparelhos hospitalares básicos que faltam inclusive nos nossos melhores hospitais públicos.

Por aqui, até fluir na língua mãe virou privlégio questionável, mesmo sendo um direito legítimo de identidade humananística dum povo.

Muito triste o estado da nossa liberdade atual, nós, todos escravos das corrupções que nos mantêm presos através da INCONSCIÊNCIA PLANTADA PELO TEMPO.

E ainda aplaudimos, louvamos, ovacionamos as inúmeras mãos que construiram o nosso caos.

Penso que a falta da educação foi programática, já que ela amputa as percepções reais a colocar a cidadania em coma.

Então, como só se colhe o que se planta...hoje , livres na semântica HISTÓRICA, colhemos nossas prisões de dores: somos uma poetada liberdade democrática:"muda, surda e cega."-contestável na semântica real, portanto.

Nossa vida de gado hoje é literal pelos fatos que se sucedem todos os dias.

Estamos algemados, calados, paralisados, muitas vezes divididos, frente à liberdade corruptiva que, de TODOS nós, nos furta livremente à nossa "Re Pública", o sagrado patrimônio independente, construído a duras penas por todos nós, o que se acumula em montanhas de dinheiro espúrio escondido por todas as malas, dentre as quatro paredes da corrupção que também corre livre...

Empobrecemos, envelhecemose emburr...ops, vou ser educadamente eufemística: perdemos a cognição da lógica ardilosamente construída para o nosso todo social, cada vez mais preso , dilapidado e roubado.

Termino com um grito em verso de lá trás que me veio de repente:

“LIBERDADE, LIBERDADE, ABRE AS ASAS SOBRE NÓS!”(Medeiros de Albuquerque)

Quem sabe, um dia, todos juntos e conscientes dos nexos causais das nossas mazelas doloridas, possamos voar um voo livre , rumo a um horizonte de possibilidades cidadãs verdadeiramente democráticas.

Sinto que um Brasil verdadeiramente independente urge por:

-CONSCIÊNCIA JÁ!

Sem a qual continuaremos todos livres e genuinamente presos, moribundos de liberdade nessa triste e perene VIDA SEVERINA .

Essa nossa, a que João Cabral de Melo Neto jamais acreditaria...que ainda hoje segue livre e solta, poetada por todos os cantos dum Brasil de todos os brasileiros em triste detenção política e social.

Oro e grito, portanto, pela ampla consciência, única arma que liberta.