Não sou um intelectual, passo longe disso. Talvez, eu esteja mais para um imbecil moderado, próximo àqueles que causavam a revolta de Umberto Eco por terem conquistado voz através da Internet, a ponto de afetar o coletivo. No entanto, onde uma parcela considerável dos ditos intelectuais parecem onanistas com fetiche por espelhos, respiro aliviado por ser uma mente vulgar que apenas se esforça por interpretar o mundo.
Com todos os problemas e limitações, viver no Brasil despertava um desejo de utopia. Agora, tudo padece de um mal-estar, de uma vontade incessante de vingança. Fomos conduzidos a essa sanha pelo encarceramento, num país onde as prisões já se tornaram indústrias claustrofóbicas que reciclam criminosos em bárbaros incontroláveis. Viramos a terra dos processos, dos procuradores, dos juízes. Apesar da realidade opressiva, temos um Judiciário desmoralizado aos olhos de grande parte dos cidadãos. Provavelmente, a overdose jurídica não está nos fazendo bem. Não há certeza se o novo humor do brasileiro surgiu da influência americana, nação da qual importamos as piores práticas, ou se foi um empobrecimento espontâneo do nosso modo de vida. O que se mostra óbvio é que a nova ordem, que nos resume à dicotomia de carrasco e condenado, está decompondo nossa sociedade em ritmo acelerado. É tão absurda a situação, que a lei que contempla o tema de abuso de autoridade, que restringe o estado policial, esbarrou na resistência agressiva daqueles que seriam afetados, inclusive com a contratação de publicidade que manipulasse a opinião pública.
O interessante é que a Justiça, conceito que deveria ser um exercício de sensatez, nos levou ao absoluto caos social, ao descontrole das instituições, da economia, da violência e colaborou para tolher as nossas escolhas diante das ameaças à democracia. Contraditoriamente, a prevalência jurídica mudou o país para algo pior, nos entristeceu, nos acuou, nos fez rancorosos e irracionais. Viver no Brasil vem se tornando insuportável, uma resistência diária contra pensamentos doentios, contaminados por ódios partidários e pessoais. Sempre houve miséria, desigualdade, corruptos, mas persistia alguma alegria que movia a luta e a mobilização. Perdemos a alegria. A ignorância nos enterrou à direita e à esquerda. Raramente, vemos um debate sério e construtivo sobre temas extremos, a inteligência limitou-se aos grunhidos ranzinzas.
Hoje, o sol pode raiar num céu límpido e claro, mas continuaremos envoltos por nuvens opacas e escuras, aprisionados na longa noite do espírito, animais solitários em manada.
Com todos os problemas e limitações, viver no Brasil despertava um desejo de utopia. Agora, tudo padece de um mal-estar, de uma vontade incessante de vingança. Fomos conduzidos a essa sanha pelo encarceramento, num país onde as prisões já se tornaram indústrias claustrofóbicas que reciclam criminosos em bárbaros incontroláveis. Viramos a terra dos processos, dos procuradores, dos juízes. Apesar da realidade opressiva, temos um Judiciário desmoralizado aos olhos de grande parte dos cidadãos. Provavelmente, a overdose jurídica não está nos fazendo bem. Não há certeza se o novo humor do brasileiro surgiu da influência americana, nação da qual importamos as piores práticas, ou se foi um empobrecimento espontâneo do nosso modo de vida. O que se mostra óbvio é que a nova ordem, que nos resume à dicotomia de carrasco e condenado, está decompondo nossa sociedade em ritmo acelerado. É tão absurda a situação, que a lei que contempla o tema de abuso de autoridade, que restringe o estado policial, esbarrou na resistência agressiva daqueles que seriam afetados, inclusive com a contratação de publicidade que manipulasse a opinião pública.
O interessante é que a Justiça, conceito que deveria ser um exercício de sensatez, nos levou ao absoluto caos social, ao descontrole das instituições, da economia, da violência e colaborou para tolher as nossas escolhas diante das ameaças à democracia. Contraditoriamente, a prevalência jurídica mudou o país para algo pior, nos entristeceu, nos acuou, nos fez rancorosos e irracionais. Viver no Brasil vem se tornando insuportável, uma resistência diária contra pensamentos doentios, contaminados por ódios partidários e pessoais. Sempre houve miséria, desigualdade, corruptos, mas persistia alguma alegria que movia a luta e a mobilização. Perdemos a alegria. A ignorância nos enterrou à direita e à esquerda. Raramente, vemos um debate sério e construtivo sobre temas extremos, a inteligência limitou-se aos grunhidos ranzinzas.
Hoje, o sol pode raiar num céu límpido e claro, mas continuaremos envoltos por nuvens opacas e escuras, aprisionados na longa noite do espírito, animais solitários em manada.