EM TEMPOS DE SUBORNO
"Dario achou por bem nomear cento e vinte sátrapas para governarem todo o reino; e colocou três supervisores sobre eles, um dos quais era Daniel. Os sátrapas tinham que prestar contas a eles para que o rei não sofresse nenhuma perda. Ora, Daniel se destacou tanto entre os supervisores e os sátrapas por suas grandes qualidades, que o rei planejava colocá-lo à frente do governo de todo o império. Diante disso, os supervisores e os sátrapas procuraram motivos para acusar Daniel em sua administração governamental, mas nada conseguiram. Não puderam achar falta alguma nele, pois ele era fiel; não era desonesto nem negligente. Finalmente esses homens disseram: "Jamais encontraremos algum motivo para acusar esse Daniel, a menos que seja algo relacionado com a lei do Deus dele".
(Daniel 6:1-5 - NVI)
Você já imaginou a situação de Daniel? Ele estava entre os poderosos do império desde os tempos de escravo, ainda era um adolescente junto com os amigos Mizael, Hananias e Azarias, quando foi levado como um escravo por Nabucodonosor, tornou-se um homem importante ainda durante o reinado deste, depois serviu no palácio no reino seu filho e após a queda do Império Babilônico, serviu aos Medos e Persas. Tornou-se um homem de grande responsabilidade, foi fiel em tudo, quando jovem e escravo e depois de maduro como o principal superintende de Dario. Fiel na juventude e na maturidade, fiel na escravidão e na liberdade, fiel na pobreza e na riqueza. Nada alterava seu caráter, sua fidelidade foi sempre incircuntancial.
Jean Jacques Rousseau afirmava que o o Homem é naturalmente bom, a sociedade que o corrompe. Rousseau foi o maior influenciador do Iluminismo, é considerado o seu filósofo principal.
Quando olhamos para Daniel e para Rousseau percebemos uma enorme discrepância, um contraste gigantesco e irreconciliável.
Vivemos em um país livre, graças a Deus. Por isso, você pode seguir qualquer linha de pensamento, você pode aceitar e adotar a linha iluminista de Rousseau. Eu prefiro ficar com a Palavra de Deus.
Em meu parco conhecimento vejo este contraste: Rousseau exalta a Humanidade, para ele a sociedade que corrompe o "bom" Homem, a educação visa livrá-lo dos males da sociedade; ao contrário, a Bíblia claramente humilha-nos mostrando claramente nossas mazelas, a educação visa tornar-nos boa influência para a sociedade.
O Homem que corrompe a sociedade e não o contrário. Pelo menos é isso que nos ensina, claramente, a Palavra de Deus.
É compreensível, portanto, que os valores iluministas de Rousseau sejam muitíssimo mais populares que os valores bíblicos, pois estes não exaltam, nem nunca exaltarão o Homem, como faz o iluminismo rousseauliano.
O Homem é corrupto por natureza, aceitem ou não, contudo, Daniel traz-nos um grande exemplo de que é possível contrariar ao ditado: "todo homem tem seu preço". Daniel não teve, José não teve, muitos na história tiveram coragem com a graça de Deus, de não aceitarem o suborno, a propina. O texto acima nos mostra que o rei Dario tinha uma grande preocupação em não sofrer perda, isso, por uma razão óbvia, onde há humanos há risco de perdas com a corrupção, ou você acha que só nós brasileiros temos este "privilégio"? Não importa se é progressista ou tradicional, direita ou esquerda, monarquia ou democracia, onde há humanos, há corrupção.
Daniel destacou-se acima dos superintendentes, por isso, Dario a desejou colocá-lo acima de todos, o que levou aos outros a sentirem grande inveja. Reunidos 120 sátrapas e dois superintendentes decidiram fazer uma investigação a fundo na vida do servo de Deus. A polícia federal da época fez uma devassa, "operação zelotes", nada, "operação lava-a-jato", nada, "operação sátrapas" nada. "Não é possível, nem uma conta na Suíça, nenhuma propina, nenhuma amante secreta, o que faremos?" O jeito foi enganar com bajulação o rei Dario, iriam se livrar do justo que os incomodava e não permitia a safadeza se alastrar no império, e ainda sairiam sem culpa, pois a lei que o condenaria por causa de sua fé religiosa. Daniel seguiu fiel a Deus, apesar da armadilha. O resultado é conhecido, a fidelidade triunfou e o Deus de Daniel foi exaltado.
Muito se comemora pelo fato de termos hoje 40 milhões de evangélicos no Brasil, contudo, o nome de Deus não recebe louvor, o nome de Jesus é, na maioria das vezes, zombado. O que faltam são Danieis, um só fez grande diferença em um reino repleto de corrupção. Hoje, somos milhões que não conseguimos exaltar o nome do Senhor como deveríamos.
Dizer que é culpa da sociedade corrupta é uma desculpa esfarrapada e mentirosa, nós transformados pela renovação diária da nossa mente (Rm.12:2) devemos influenciá-la e não o contrário, tal qual o pensamento rousseauliano.
Daniel é um exemplo de que é possível ser integro no meio político sem aceitar se vender, é claro, que não podemos ignorar que ele sofreu as consequências de ser justo, mas, Deus o livrou da cova dos leões. Ainda que não houvesse esta promessa ele seguiu fiel.
Será que estamos prontos a seguir seu exemplo?