Celebridades
Joaquim Barbosa, Rodrigo Janot, Sérgio Moro, Deltan Dallagnol... Vamos ficar com esses nomes.
De pessoas até certo ponto desconhecidas, esses magistrados tornaram-se de repente celebridades. Não que tenham a mesma projeção – talvez o Moro, sim, pela relevância que tem o Lula – que Neymar, Sílvio Santos ou quem sabe o próprio Tiririca. Mas desfrutam de espaço considerável na mídia.
Joaquim Barbosa agora nem tanto, por ter se afastado regimentalmente da presidência do STF. Mas os nomes referidos foram (ou são) alvo de críticas grosseiras e terríveis, às vezes até achincalhes, por terem contrariado o imaginário de pessoas a respeito de lideranças políticas cuja probidade e honradez seriam inquestionáveis. Mas que foram incursas em inquéritos ou processos de apuração de ilícitos supostamente cometidos por tais lideranças, sendo os expedientes conduzidos pelos referidos magistrados.
É evidente que juízes, promotores, procuradores, etc. são seres passíveis de erros como todos os humanos. Mas seu trabalho tem como base fatos e elementos que possam demonstrar o cometimento do ato criminoso. Não podem ter sob consideração situações que não existiram ou que foram inventadas. Além disso, o julgamento deles pode a qualquer momento ser contestado, dentro das prerrogativas legais dos defensores, em respeito ao amplo direito de defesa garantido ao acusado. Não vivemos num regime de exceção.
Por outro lado, as pessoas que investem, em alguns casos até rancorosamente, contra esses juízes, promotores e procuradores não levam em conta a necessidade de que haja uma reação à incidência de atos corruptivos que se disseminaram de forma assustadora a partir do Mensalão. A necessidade de que isso tenha um basta, de que haja Justiça. Tais pessoas, decepcionadas com o inimaginável (mesmo que por suposição) envolvimento de lideranças políticas a que são fiéis, preferem crucificar os que exercem o árduo trabalho de punir os culpados e inocentar os sem culpa. Não reagiriam dessa forma, ou não seriam agressivas em relação aos magistrados, se entre os possíveis culpados não estivessem incluídos os de sua confiança.
Essa atitude parcial não deveria ser cabível nem no âmbito familiar. A mãe sempre pode e deve defender seu filho, mas não deveria se omitir ou ignorar os crimes comprovadamente por ele cometidos. É claro que ele é o mais bonito, para ela, mas essa condição não o torna imune a atos que, pelo senso comum, dele não sejam dignos. Na verdade, queiramos ou não o Brasil nada mais é que uma grande família.
Rio, 20/07/2017